Divulgação/Paramount Pictures
Pela primeira vez sem Neve Campbell, sexto longa da franquia estreia nos cinemas nesta quinta-feira (9); confira a opinião da Tangerina
Ressuscitada no ano passado, a franquia Pânico sempre foi capaz de se reinventar. Mesmo que a fórmula original da série –assassino mascarado empilha corpos por onde passa– seja a mesma desde o primeiro filme, cada sequência se aproveita das regras do gênero slasher para introduzir novos elementos, mas sempre com a fidelidade necessária para não perder a sua essência.
Em Pânico 5 (2022), os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett assumiram a missão de revigorar a franquia que ficou eternizada na cultura pop pelas mãos de Wes Craven (1939-2015) e do roteirista Kevin Williamson. Nos quatro títulos anteriores, a dupla original subverteu as regras do gênero e mesclou violência e humor para cativar o público. Se no longa do ano passado os novos chefões cumpriram a missão com êxito, em Pânico 6 eles repetem a dose com uma injeção (muito) bem-vinda de violência.
Situado um ano após dos eventos do quinto longa, Pânico 6 traz os sobreviventes Sam (Melissa Barrera), Tara (Jenna Ortega), Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding) tentando reconstruir suas vidas longe de Woodsboro, sede de todas as aparições das várias versões do assassino Ghostface. O quarteto se muda para Nova York em busca de paz, mas novos ataques os colocam em pé de guerra com um novo vilão mascarado.
Assim como o longa original aproveitou clássicos como Halloween (1978) e A Hora do Pesadelo (1984) como parte de sua influência para estabelecer as regras que perduram até hoje, Pânico 6 também usa a própria história da franquia como parte dos jogos de Ghostface. Cada sequência sempre se referiu às anteriores, de personagens do passado à maneira como os assassinos atacaram, mas com o novo longa eleva este elemento à última potência.
Melissa Barrera, Jenna Ortega, Jasmin Savoy Brown e Mason Gooding
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Desde a sua sequência de abertura, Pânico 6 mostra que surpresas fazem parte de sua essência. Se o quinto filme foi capaz de matar um de seus principais astros, as novas regras estabelecidas por uma era de Hollywood tomada por remakes e reboots mostram que ninguém está a salvo, nem mesmo os nomes que carregam o legado de uma franquia. Isto faz com que cada ataque de Ghostface seja impactante, já que o fã pode estar vendo o seu personagem favorito lutar contra o assassino pela última vez.
Mais violento do que os anteriores, o novo longa se espelha em Pânico 2 (1997) para mostrar como uma sequência é feita nos novos tempos. Até mesmo citações à maneira como o segundo Ghostface eliminava suas vítimas são usadas para pirar não apenas a cabeça de seus personagens, como também a dos espectadores. A franquia Pânico sabe que os fãs conhecem suas regras e se diverte com esse fato, sendo capaz de surpreender mesmo após quase 30 anos e seis filmes lançados para o cinema.
O fato de levar a história para Nova York e mudar o cenário dos personagens também é aproveitado por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett. Embora algumas sequências do longa se tornam pouco críveis –para não dizer absurdas– por se passarem em uma cidade povoada por milhões de habitantes, é na violência e nas cenas de combate que Pânico 6 se sustenta. O novo Ghostface é o mais implacável de todos, mas também é mais incapaz de finalizar suas vítimas.
Tantos acertos ajudam a minimizar alguns exageros do roteiro, que tropeça ao tentar convencer o espectador de que certas sequências são aceitáveis –como um ataque no metrô lotado com facadas sem que ninguém perceba. Raciocinar demais sobre um filme da franquia sempre atrapalhou a experiência de assisti-lo, e com Pânico 6 isso não é diferente.
Courteney Cox é a única a retornar do elenco original
Divulgação/Paramount Pictures
O bom trabalho do novo elenco também ajuda a suprir a ausência de Sidney Prescott (Neve Campbell), protagonista dos quatro primeiros filmes e parte importante do quinto longa. A dupla Melissa Barrera e Jenna Ortega já havia provado talento para carregar a franquia, e o desenvolvimento das irmãs Carpenter, principalmente o de Sam, indica que a série de terror pode continuar mais viva do que nunca.
Com Dewey (David Arquette) agora morto e Sidney ausente, Gale (Courteney Cox), assim como Kirby (Hayden Panettiere), surgem como coadjuvantes do novo elenco. Em Pânico 5, colocar esse os novatos à frente deu a sensação de que os fãs estavam apenas esperando que os antigos protagonistas voltassem, mas com o sexto longa, a passagem de bastão é finalizada com esmero.
Pânico 6 é uma ótima sequência à franquia e inicia o caminho para o que pode ser um futuro surpreendente. A combinação entre violência e nostalgia se mostra um sucesso que pode ganhar novos capítulos caso a bilheteria seja tão polpuda quanto a anterior.
Assista abaixo ao trailer oficial de Pânico 6:
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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