Foto: Reprodução/HBO
Saiba como ela está hoje em dia
Em 1992, a HBO lançou o documentário A Ira de um Anjo, narrando sessões de terapia de Elizabeth Thomas, uma criança que começou a mostrar sintomas de psicopatia antes dos seis anos de idade.
Beth e seu irmão mais novo, Jonathan, foram adotados após serem resgatados dos maus-tratos e abusos sexuais do pai biológico; a mãe havia morrido pouco tempo depois do parto do caçula. Mas em sua nova família, a garota passou a ter acessos de raiva e comportamentos problemáticos, como molestar e tentar matar o irmão, atacar os pais adotivos com facas e se masturbar em público. E tudo isso sem sentir qualquer tipo de culpa.
Os pais, então, passaram a trancá-la dentro do quarto durante a noite, com medo de que ela machucasse ele ou o irmão gravemente —ou até os matasse. Ela também chegou a ser internada em hospital psiquiátrico, onde passou a receber tratamento e ser avaliada por profissionais como psiquiatras e psicólogos.
Após muitas sessões de terapia, foi entendido que, por causa dos abusos que sofreu nas mãos do pai biológico, ela desenvolveu aversão por seres humanos e foi diagnosticada com Transtorno de Apego Reativo (RAD). Os pais adotivos não foram avisados sobre o histórico das crianças. O documentário tem duração de 94 minutos e está disponível na íntegra no YouTube.
Depois de receber o diagnóstico, a pequena Beth Thomas passou a receber o tratamento considerado adequado para esse tipo de quadro nos anos 1990. Após anos de terapia intensiva, ela começou, finalmente, a se sentir culpada e arrependida principalmente das maldades que fazia contra o irmão mais novo —que passou pelos mesmos abusos que ela.
Durante o tratamento, Elizabeth foi submetida a um rigoroso conjunto de regras formulado por um especialista em RAD; ele ainda a criou longe dos pais. Ela não voltou para sua família adotiva; em vez disso, foi novamente adotada, desta vez por Nancy Thomas. Com o passar do tempo, ela passou a criar relações sociais na escola, onde teve também um ótimo desempenho acadêmico.
Beth Thomas nos dias de hoje. Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Beth ingressou na Universidade do Colorado, onde se formou em enfermagem. Em 2005, ela conseguiu um emprego como enfermeira registrada no Flagstaff Medical Center, onde cuidava de bebês. Ela também se tornou voluntária no programa Families By Design, criado pela segunda mãe adotiva com o intuito de ajudar famílias com crianças adotadas ou lares temporários.
Hoje em dia, o método usado para tratar Beth Thomas é considerado controverso, pois é baseado em isolamento, privação e falta de comunicação com a criança. Apesar disso, hoje ela viaja o mundo dando palestras sobre a própria história e sobre como esse tipo de tratamento foi eficaz para ela.
Paola Zanon
Jornalista formada pela Cásper Líbero, repórter e redatora com passagens pelo Notícias da TV, R7, UOL Esporte, Lakers Brasil e UmDois Esportes. Apaixonada por cobertura esportiva e cultura pop em geral. E-mail: paola@tangerina.news
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