(Foto: Divulgação/Sony Pictures)
Reexibir grandes filmes nos cinemas não é apenas uma decisão comercial, mas uma forma de manter viva a experiência
Nos últimos anos, o streaming se consolidou como o formato dominante para assistir filmes em casa. Plataformas como Netflix, Prime Video, HBO Max e Disney+ oferecem catálogos imensos, com opções que vão de lançamentos recentes a produções de décadas atrás. A qualquer momento, o público pode revisitar um clássico ou conferir um filme que perdeu no cinema. No entanto, mesmo com todo esse acesso, existe uma experiência que o streaming ainda não substitui: as salas de cinemas.
Muitos filmes foram concebidos para serem vistos na tela grande. Isso não é discurso nostálgico, mas parte da própria linguagem do cinema. Diretores pensaram enquadramentos, iluminação e ritmo para envolver o público com escala, som e imersão. Quando essas obras são reduzidas à tela de uma televisão, laptop ou celular, parte desse impacto se perde. A imagem perde peso, o som perde força e o envolvimento se torna mais disperso.
O momento atual do cinema também apresenta uma oportunidade. Em anos com meses mais fracos de lançamentos, as salas sofrem com sessões vazias e pouca atração para o grande público. Enquanto isso, existe enorme demanda por revisitas a filmes recentes e clássicos cultuados. Oppenheimer, por exemplo, se tornou um fenômeno que muita gente gostaria de rever no cinema. Tenet é outro caso: um filme de Christopher Nolan que se transforma completamente quando experimentado na tela grande, principalmente pelo trabalho de som.
Esse movimento não precisa se limitar a sucessos recentes. 2001 – Uma Odisseia no Espaço, Mad Max e Titanic são filmes que ganham outra dimensão quando vistos em IMAX ou com som de sala. Já títulos como Homem-Aranha 2 e O Iluminado mostraram em suas reexibições recentes que o público está disposto a voltar e preencher salas inteiras para reviver essas experiências. Há uma memória afetiva e cultural envolvida que o streaming não replica.
O próprio crescimento das sessões especiais em cinemas de nicho, cineclubes e festivais indica que existe um público fiel pronto para prestigiar reexibições. A diferença é que essas sessões ainda são pontuais, enquanto um calendário oficial, rotativo e contínuo poderia revitalizar por completo semanas de baixa movimentação na programação comercial. Há modelos bem-sucedidos lá fora, nos quais cinemas mantêm ciclos permanentes de clássicos.
Além disso, esse tipo de retorno ajudaria a formar um novo público. Muitas pessoas nunca viram O Iluminado ou 2001 – Uma Odisseia no Espaço no cinema. Para pessoas mais jovens, essas obras só existem como itens de catálogo. A experiência de assistir na sala pode gerar uma conexão totalmente diferente, criando novas discussões, novos fãs e até reavivando o interesse por franquias que voltam a estar em circulação.
Se o streaming oferece acesso, o cinema oferece presença. A combinação dos dois não precisa ser uma disputa, e sim uma convivência estratégica. Reexibir grandes filmes em tela grande não é apenas uma decisão comercial, mas uma forma de manter viva a experiência que torna o cinema o cinema. A solução para revitalizar o hábito de ir às salas pode estar justamente em olhar para trás.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
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