Por que Rachel Sennott é a atriz mais interessante da comédia atual

Rachel Sennott emergiu nos últimos anos como um dos nomes mais instigantes da nova comédia, e I Love LA, que estreia neste domingo (2) na HBO Max, reforça exatamente esse momento. Sem depender de caricaturas ou fórmulas prontas, ela constrói personagens marcadas pela vulnerabilidade, pela ansiedade e pelo caos afetivo; sempre com um humor que expõe o desconforto e o ridículo das relações contemporâneas. Não é sobre fazer piada para aliviar; é sobre rir reconhecendo a ferida.

Em I Love LA, um grupo de amigos que seguiu caminhos diferentes ao longo dos anos volta a se reunir em Los Angeles. Agora adultos, eles precisam lidar com ambições pessoais, afetos complicados e a passagem do tempo, numa cidade onde tudo parece sempre acelerado demais. No centro da história está Mia (Rachel Sennott), determinada a conquistar seu espaço em um ambiente que mistura glamour, competição e expectativas irreais.

Criada e estrelada pela própria Rachel Sennott, a série combina humor ácido e observações afiadas sobre sucesso, amizade e autoimagem na era das mídias sociais. Mia tenta equilibrar carreira, relacionamentos e a vida noturna intensa de LA, enquanto se reinventa diante de situações que expõem inseguranças e desejos que ela nem sempre está pronta para encarar; tudo com o desconforto cômico que se tornou marca registrada de Sennott.

Rachel Sennott ganhou atenção com Shiva Baby, interpretando uma jovem sufocada por expectativas externas e escolhas erráticas. Depois, em Morte Morte Morte e Bottoms, ela refinou a persona da protagonista caótica, sempre entre o desespero e a autoparódia. Seu trabalho não se limita a provocar risadas: ele captura uma experiência muito específica de uma geração que vive entre a performance social e o medo constante de fracassar.

Rachel Sennott conversa com as novas gerações

Seu estilo é marcado pela fisicalidade intensa, gestos acelerados, pausas abruptas e uma voz carregada daquela exaustão tão familiar a quem tenta se provar o tempo todo. Rachel Sennott não suaviza sua imagem. Ela expõe o desconforto. E é justamente isso que cria identificação: ela transforma ansiedade — algo comum demais — em observação cômica precisa, afiada e absolutamente contemporânea.

Em I Love LA, esse talento encontra um terreno ainda mais propício. A série parte de um espaço onde ambição, autoestima e convivência se confundem, criando conflitos tão íntimos quanto engraçados. Ao invés de idealizar relações, a narrativa encara a fragilidade de pessoas que cresceram sendo observadas e que agora precisam observar a si mesmas.

O elenco, que ainda reúne Odessa A’zion, Leighton Meester, Moses Ingram, Lauren Holt, Elijah Wood, Quenlin Blackwell, Josh Brener, Froy Gutierrez, Colin Woodell e Tim Baltz, reforça a proposta de humor afiado e autoconsciente. Os episódios serão lançados semanalmente até 21 de dezembro, construindo esse retrato de amizade, ambição e autoimagem de forma gradual.

No fim, o que faz Rachel Sennott ser a atriz mais interessante da comédia atual não é apenas o riso. É o incômodo e a sinceridade. É a vulnerabilidade ruidosa que ela não teme colocar em cena. Ela representa, com precisão impressionante, a experiência de uma geração que se sente sempre observada e que tenta rir para não quebrar por completo.