(Foto: Divulgação/Disney)
Colocar os filmes em cartaz antes da estreia no streaming cria conversas, atrai críticas especializadas e fortalece o impacto das produções
James Cameron reacendeu uma das discussões mais sensíveis de Hollywood ao defender que filmes da Netflix só deveriam concorrer ao Oscar se fossem lançados de forma ampla nos cinemas. A fala chega justamente no momento em que a gigante do streaming tenta encontrar um modelo equilibrado entre telonas e plataforma, depois de anos evitando janelas exclusivas.
Durante a entrevista ao podcast The Town with Matthew Belloni, Cameron foi direto ao ponto e reforçou que o Oscar só mantém seu valor quando celebra obras pensadas para a experiência cinematográfica. Ele afirmou que “os Oscars não significam nada para mim se não significarem cinema” e defendeu que a Netflix deveria concorrer apenas se colocasse seus filmes em um lançamento “significativo em 2.000 salas por um mês”. Para ele, esse seria o padrão mínimo para qualquer produção entrar na disputa.
A fala do diretor não veio em um vácuo. No fim de 2025, a Netflix passa por uma transformação real na sua estratégia de lançamentos. Frankenstein e Jay Kelly chegaram aos cinemas antes do streaming, marcando uma guinada em comparação à política anterior da empresa. Esses títulos mostraram que a plataforma entendeu a importância de gerar impacto cultural nas telonas antes de aterrissar no catálogo.
George Clooney em cena de Jay Kelly
(Foto: Divulgação/Netflix)
Essa mudança se torna ainda mais evidente nesta quinta-feira (27) com a estreia de Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out, que chega primeiro aos cinemas antes do lançamento em 12 de dezembro na Netflix. É um movimento que aproxima a empresa exatamente do modelo que Cameron descreveu, mesmo que a plataforma ainda não adote a janela extensa que o cineasta considera ideal.
Para Hollywood, a fala do diretor funciona como alerta e provocação. Cameron traduz uma preocupação antiga do setor: o Oscar perderia força caso obras feitas para a experiência individual do streaming ocupassem o mesmo espaço que filmes concebidos para as salas de cinema. Em sua visão, equalizar essa disputa significa estabelecer regras claras para todos os competidores.
A Netflix, por sua vez, parece enxergar nessa aproximação com o circuito tradicional uma chance de ampliar seu prestígio. Colocar seus filmes em cartaz antes da estreia no streaming cria conversas, atrai críticas especializadas e fortalece o impacto das produções no calendário de premiações. Mesmo sem assumir publicamente, a plataforma está testando justamente o caminho apontado por Cameron.
Com o fim de 2025 se aproximando, a declaração do diretor amplia uma discussão inevitável: para competir no Oscar em pé de igualdade, o streaming precisa abraçar o cinema. E, ainda que indireta, a regra proposta por James Cameron pode ser o empurrão que faltava para a Netflix consolidar esse novo modelo de lançamentos.
O próximo grande projeto do diretor estreia em menos de um mês. Avatar: Fogo e Cinzas chega aos cinemas em 18 de dezembro. Assista abaixo ao teaser do filme de James Cameron:
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?