Divulgação/Netflix
A nova sensação do streaming sofre por falta de tempo; entenda o padrão dessa falha
Sereias assumiu o posto de série mais vista da Netflix neste momento. Com um elenco repleto de estrelas e uma trama instigante, a produção rapidamente conquistou o público. Meghann Fahy, revelação de The White Lotus, Milly Alcock, nova intérprete da Supergirl, e Kevin Bacon, veterano de Footloose (1984), entregam atuações carismáticas e envolventes.
Apesar do trio roubar a cena em muitos momentos, é Julianne Moore quem eleva o nível da série. A atriz domina cada aparição com intensidade e sofisticação, oferecendo interpretações que se destacam mesmo entre colegas experientes. Seu desempenho sustenta emocionalmente os momentos mais complexos da história.
A trama entrega mistério, tensão e reviravoltas com competência. Ainda assim, peca em um dos erros mais recorrentes das séries atuais: a pressa para concluir a história. Com apenas cinco episódios, a narrativa acelera drasticamente na reta final, sacrificando desenvolvimento e impacto emocional.
O desfecho, embora surpreendente, sofre por falta de tempo. As revelações chegam em ritmo acelerado, sem permitir que o público absorva plenamente os eventos que se desenrolam. A conclusão perde força porque não há espaço para digestão — tudo acontece de maneira abrupta.
Esse tipo de encurtamento virou tendência com a ascensão do streaming. Modelos tradicionais com mais de 20 episódios por temporada caíram em desuso, mas a solução encontrada nem sempre funciona. Ao condensar demais a trama, Sereias compromete o envolvimento do espectador com os personagens e suas jornadas.
Séries como Sereias demonstram que menos nem sempre é mais. Ao optar por uma estrutura tão enxuta, a produção ignora o tempo necessário para amadurecer conflitos e emoções. O resultado é um final que, apesar de promissor, soa raso e apressado.
Mesmo assim, o sucesso da atração indica que o público continua ávido por boas histórias. Com elenco de peso e um bom ponto de partida, Sereias tinha todos os ingredientes para se tornar um fenômeno duradouro — mas tropeça ao repetir um vício do mercado atual.
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É o foca da equipe e cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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