Reprodução/Paramount
Terceira série live-action da franquia espacial completa 30 anos de seu lançamento nesta terça-feira; conheça um de seus ícones improváveis
Lançada há exatos 30 anos, em 3 de janeiro de 1993, a série Star Trek: Deep Space Nine (1993-1999) entrou para a história por vários fatores –inclusive por ter o primeiro protagonista negro da franquia, o comandante Benjamin Sisko (Avery Brooks), e por contar com Louise Fletcher (1934-2022), atriz vencedora do Oscar, em seu elenco recorrente. Mas um dos atrativos do drama espacial era Morn (Mark Allen Shepherd), um alien que nunca falou uma palavra ao longo das sete temporadas, mas que era tão querido pela equipe e pelos fãs que a produção se recusou a matá-lo.
Ao contrário de outras séries do universo Star Trek, Deep Space Nine se passava em uma estação espacial. Assim, era necessário contar com cenários que tornariam a vida no espaço mais agradável para os milhares de moradores do local. A começar pelo bar de Quark (Armin Shimerman), frequentado por vários clientes –inclusive Morn, que apareceu em 93 dos 176 episódios da atração.
As curiosidades sobre Morn já começam em seu nome: é uma brincadeira com Norm (George Wendt), cliente frequente do bar mais famoso do mundo da TV, o da comédia Cheers (1982-1993). Tanto Morn quanto Norm eram presença constante nos estabelecimentos, sempre prontos para afogarem suas mágoas no balcão. A diferença é que, ao contrário do personagem de Wendt, o alienígena nunca falou uma palavra.
E ele até poderia falar: Michael Westmore, responsável pelo departamento de maquiagem de Deep Space Nine, trabalhou bastante nos prostéticos do personagem para se certificar de que ele conseguia abrir a boca caso fosse necessário. E, no roteiro do primeiro episódio da série, Morn até tinha uma fala, que acabou cortada para que o capítulo ficasse dentro do tempo estipulado para sua exibição. Assim, iniciou-se uma piada interna entre a equipe.
Assim como na novela Torre de Babel (1998), em que Bina (Claudia Jimenez) sempre mandava a amiga Luzineide (Eliane Costa) calar a boca, apesar de a jovem nunca soltar um pio, Morn também era apontado como um personagem que falava demais –o público é que não o via fazer isso. Segundo os outros clientes do bar, ele também conhecia a piada mais engraçada do mundo –que os fãs, é claro, não tiveram a sorte de ouvir.
Morn ficou tão popular entre o público e a equipe de Star Trek: Deep Space Nine que, em 1998, foi exibido o episódio Quem Chora por Morn?. Nele, Quark é pego de surpresa com a notícia de que seu cliente mais fiel morreu e deixou todos os seus pertences para ele. De luto, o dono do bar coloca uma imagem holográfica de Morn sentado no banco de sempre –e os outros personagens demoram a perceber que não se trata do alien verdadeiro. No fim das contas, vem à tona que o caladão forjou a própria morte, mas continua bem vivo.
Segundo o site oficial de Star Trek, as vésperas da gravação de Quem Chora por Morn? deixaram a equipe tensa. Ninguém sabia se o personagem ia morrer ou não. E, como ele era muito querido, todos temiam por como uma possível morte afetaria a visão dos fãs sobre a série. Os roteiristas chegaram a considerar mesmo a ideia de eliminá-lo, mas a coordenadora de arte Penny Smartt-Juday apontou que seria como matar o mascote de um time. Assim, ele sobreviveu –mas continuou de boca fechada.
As sete temporadas de Star Trek: Deep Space Nine estão disponíveis na Netflix.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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