FILMES E SÉRIES

Millie Bobby Brown em cena de Stranger Things

(Foto: Divulgação/Netflix)

Análise

Stranger Things parece infantil, mas é uma série de terror

Quem assistiu sabe: a produção da Netflix sempre foi terror disfarçado de nostalgia

Victor Cierro
Victor Cierro

Stranger Things sempre carregou uma imagem de série “para toda a família”. A estética dos anos 1980, o grupo de adolescentes como protagonistas e o foco em amizade e aventura ajudaram a construir essa percepção desde a primeira temporada. Mas, com a estreia de IT: Bem-vindo a Derry neste domingo (26) na HBO Max, esse debate volta com força: até que ponto Stranger Things é de fato uma série leve?

A comparação acontece porque IT chega apostando sem disfarce no terror adulto, mais violento e direto. E, quando colocadas lado a lado, as duas produções deixam evidente algo que muita gente esquece: Stranger Things sempre foi muito mais sombria do que aparenta. Há tortura, experimentos científicos, sequestros, mortes brutais e criaturas grotescas que não combinam com a imagem de “aventura juvenil”.

A proximidade do lançamento da última temporada, marcada para 27 de novembro, ajuda a reforçar essa discussão. Com a história se encaminhando para o desfecho, a série deve intensificar ainda mais o clima pesado que já vem aumentando desde a quarta temporada. O cenário emocional dos personagens também é mais adulto: perdas, traumas, responsabilidade e medo real de não sobreviver.

Esse contraste só parece mais nítido agora porque IT aposta abertamente no horror. Ao fazer isso, a série da HBO Max acaba servindo como um espelho para Stranger Things. Se Bem-vindo a Derry é assumidamente violenta, por que tanta gente ainda descreve Stranger Things como uma série “fofa”, “leve” ou “para introduzir adolescentes ao terror”?

Jamie Campbell Bower em Stranger Things

Jamie Campbell Bower em Stranger Things

(Foto: Divulgação/Netflix)

Stranger Things foge de rótulos

Um dos motivos é o marketing. Stranger Things sempre se vendeu pelo carisma do elenco, pela nostalgia pop e pelo senso de aventura. Só que, na prática, várias cenas ao longo das temporadas são explícitas e pesadas — algo que, se não tivesse a embalagem do “adolescente dos anos 1980”, provavelmente seria lembrado com outra classificação.

Com a chegada de IT neste domingo e a quinta temporada de Stranger Things no fim de novembro, esse contraste deve voltar a dominar redes e fóruns. As duas séries lidam com o medo, mas uma assume o horror como ponto de partida, enquanto a outra o esconde atrás da estética da memória afetiva.

No fim, Stranger Things pode até parecer infantil à primeira vista. Mas quem assistiu sabe: a série sempre foi terror disfarçado de nostalgia — e agora isso está mais evidente do que nunca.

Informar Erro
Falar com a equipe
QUEM FEZ
Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

Ver mais conteúdos de Victor Cierro

0 comentário

Tangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.

Acesse sua conta para comentar

Ainda não tem uma conta?