The Last of Us: Série supera game e encerra temporada com perfeição

Aposta da HBO para o início de 2023, The Last of Us encerra a sua primeira temporada neste domingo (12) com perfeição. Adaptação do game homônimo criado por Neil Druckmann, a série superou a obra original ao expandir seu universo e injetar camadas em seus personagens.

The Last of Us praticamente dominou as discussões na cultura pop desde a estreia de seu primeiro episódio. Com a audiência subindo semanalmente, a atração adaptada para as telinhas por Craig Mazin (Chernobyl) tornou-se o mais novo evento dos domingos da HBO, assumindo o posto deixado por House of the Dragon no ano passado. A boa performance logo convenceu os executivos do canal premium a confirmarem uma segunda temporada, ainda sem previsão de estreia.

Levar The Last of Us dos consoles para a TV não era uma tarefa fácil. São várias as produções que falharam ao tentar adaptar jogos para outras mídias, e o game criado por Druckmann carregava o rótulo de fenômeno mundial desde o seu lançamento, no já longínquo 2013. Do anúncio oficial da série pela HBO às confirmações de Pedro Pascal e Bella Ramsey como protagonistas, parte dos fãs ainda temiam a possibilidade de o projeto dar errado. Para a felicidade de (quase) todos, a produção vingou.

Desde o início da temporada, Mazin e Druckmann mostraram que sabiam exatamente o que estavam fazendo. The Last of Us chamou a atenção pela fidelidade à obra original, com direito a quadros e sequências que pareciam arrancados diretamente do jogo, e pela ousadia em explorar lados da história que não seria possível fazer de outra maneira, em virtude do formato das tramas em videogames.

Como resultado disso, vieram os elogiadíssimos episódios focados em personagens como Bill (Nick Offerman), Frank (Murray Bartlett), Henry (Lamar Johnson) e Sam (Keivonn Woodard). Druckmann comentou em mais de uma oportunidade que, apesar da narrativa elogiadíssima, o jogo mostrava o universo de The Last of Us apenas pelos olhos dos protagonistas Joel (Pascal) e Ellie (Bella). Com a série, seria possível mudar o foco temporariamente para examinar como o apocalipse afetou outros personagens importantes para trama.

Pedro Pascal e Bella Ramsey em The Last of Us

Divulgação/HBO

O grande trunfo da série, no entanto, continua sendo o mesmo da obra original. Na pele dos protagonistas, Pedro Pascal e Bella Ramsey se provaram uma força da natureza cuja química certamente renderá indicações aos principais prêmios da TV. A dupla captou com extrema perfeição as nuances e as imperfeições de Joel e Ellie, um retrato que muitas adaptações de games falharam ao tentar levar a essência dos consoles para outras mídias. Com talento de sobra, os dois construíram algo tão bom que torna dificílimo não se afeiçoar às suas jornadas.

Tantos acertos no desenvolvimento da primeira temporada ajudam a diminuir pequenas falhas de percurso. Com uma clara intenção de adaptar as principais fases do jogo em um ou dois episódios, The Last of Us acaba sofrendo com a perda de ritmo em sua reta final. Isso acontece porque alguns dos eventos do jogo acabaram sendo adaptados de maneira um tanto econômica, tirando parte da dramaticidade destes acontecimentos para a evolução de Joel e Ellie. Com exceção do derradeiro, alguns capítulos parecem não abordar as consequências do evento anterior.

A forma apressada para chegar ao ápice da história da dupla também afeta a sua conclusão, embora o jogo, como todos os gamers que tiveram o prazer de conhecer sabem, também encerre a narrativa de maneira agridoce. Em um mundo quebrado como o de The Last of Us, seria impossível imaginar um final feliz, mas fica a impressão de que o impacto em seu ato final poderia ser ainda maior caso fosse melhor trabalhado.

Mesmo imperfeita, a primeira temporada de The Last of Us é extremamente competente em criar um mundo apocalíptico onde os mortos-vivos não são a grande ameaça a ser combatida. A série da HBO se provou uma alternativa muito interessante para o gênero, que parecia perder força após os últimos anos do ex-fenômeno de zumbis The Walking Dead (2010-2022). Caso a segunda temporada mantenha o nível da leva inicial, o canal premium terá em mãos mais um grande produto devorador de prêmios da TV.