Divulgação/AMC
Drama de zumbi exibe o seu último episódio em 20 de novembro e levanta questionamentos sobre a necessidade de novas séries
Restam apenas dois episódios para o fim de The Walking Dead, mas a falta de surpresas na trama da 11ª e última temporada tornou-se um problema para a franquia. Ao antecipar o anúncio de que seus principais personagens retornarão em séries derivadas, o drama de zumbi destruiu o seu arco final e virou refém de spin-offs caça-níqueis.
A decisão dos produtores de anunciar novas séries centradas em Daryl (Norman Reedus), Maggie (Lauren Cohan) e Negan (Jeffrey Dean Morgan) pode ser vista como um tiro no pé. Se até Morgan e a showrunner Angela Kang veem erros na estratégia, poucas coisas justificariam entregar o destino de seus principais personagens antes do lançamento dos últimos episódios.
O efeito negativo causado na série pela decisão é notório. Na trama da 11ª temporada, os sobreviventes de Alexandria se preparam para a guerra final contra os soldados da Commonwealth, combate que poderia resultar na morte de vários personagens importantes de The Walking Dead. Poderia, mas não vai.
Se é sabido que Daryl, Maggie e Negan vão sobreviver à batalha final, episódios como Faith (Fé, em português), o 22º da última temporada, perdem qualquer poder de impacto sobre o público. Na trama, o personagem de Morgan se entrega para ser executado e servir de exemplo àqueles que pensam em se rebelar contra a Commonwealth. Mesmo que bem escrito e dirigido, o fato de o espectador já saber que o ex-vilão não iria morrer nesta sequência derrubou qualquer clima de tensão no episódio.
O mesmo aplica-se à construção dos personagens. Em vários momentos do novo ano, protagonistas como Carol (Melissa McBride), Maggie e até Negan afirmaram mais de uma vez que a missão no apocalipse zumbi é criar um mundo no qual seus filhos e entes queridos possam viver tranquilamente. No caso dos dois últimos, por mais empolgante que seja a ideia de uma história protagonizada por dois ex-rivais, a ideia soa ainda mais estapafúrdia.
The Walking Dead: Dead City mostrará Maggie e Negan enfrentando zumbis em Nova York. Com detalhes sobre a trama mantidos sob sigilo, a única certeza sobre o spin-off é de que ele se passa após os eventos da série original. Com tudo o que os personagens viveram ao longos das últimas temporadas, torna-se quase um delírio acreditar que a dupla encontraria um motivo aceitável para abandonar seus filhos e voltar a arriscar suas vidas bem longe de sua comunidade.
Norman Reedus como Daryl em The Walking Dead
Divulgação/AMC
Se imaginar Negan e Maggie deixando suas famílias para lutar em outra cidade já parece pouco crível, o que dizer de Daryl cruzando o Oceano Atlântico para enfrentar zumbis na França? Pois esta é a premissa inicial de The Walking Dead: Daryl Dixon, spin-off centrado no personagem de Norman Reedus.
Inicialmente, a série derivada seria protagonizada por Daryl e Carol, mas Melissa McBride não quis se mudar para a Europa para as gravações da atração e obrigou os roteiristas a alterar a rota. Agora, o galã silencioso irá se aventurar em terras francesas ao lado de novos rostos, como o de Clémency Poésy, a Fleur Delacour da franquia Harry Potter.
A não ser que os dois últimos episódios da série mãe façam novas revelações sobre o estado da sociedade após o apocalipse zumbi, é muito difícil de acreditar que Daryl consiga ir dos Estados Unidos à França sem problemas. Uma justificativa plausível e que não faça grandes alterações no cânone da franquia se torna necessária.
Durante a nona temporada, The Walking Dead sofreu um salto temporal de cinco anos para apresentar um mundo no qual combustíveis e munições são escassos. Com uma década de apocalipse zumbi, fazia sentido que, após a queda da sociedade comum, muitos destes itens haviam se tornado quase impossíveis de se comprar ou produzir.
Para piorar a situação, entre as quatro séries já lançadas da franquia, incluindo Fear the Walking Dead, World Beyond (2020-2021) e a antológica Tales of the Walking Dead, os personagens nunca avistaram um avião em uso. Além de carros e ônibus, o máximo que os protagonistas utilizaram para se locomover foi um helicóptero –aeronave que não sustenta uma viagem tão longa como a dos EUA à França.
Com tantas escolhas duvidosas, os roteiristas de The Walking Dead colocaram em xeque o final de uma franquia adorada pelo público há 12 anos. Mesmo que o interesse em ver estes personagens principais respirando novos ares sustente a audiência, é quase impossível não questionar o sentido de alguns destes spin-offs existirem.
Se as novas histórias de Daryl, Maggie e Negan vão funcionar, os fãs só saberão em 2023. Ambas as atrações, assim como o spin-off focado em Rick (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira), têm previsão de estreia para o ano que vem.
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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