The Witcher muda história e apaga Henry Cavill da série na Netflix

A quarta temporada de The Witcher estreou na Netflix encarando uma questão que vinha assombrando a série desde 2022: como substituir Henry Cavill no papel de Geralt de Rívia sem quebrar a continuidade da história. Em vez de tratar a troca com explicações dentro da trama ou referências diretas à mudança de ator, a produção tomou uma decisão radical. A série simplesmente reescreveu seu próprio passado, apresentando Liam Hemsworth como se ele sempre tivesse sido o protagonista desde o início.

A estratégia fica clara logo nas primeiras cenas da nova temporada. O famoso medalhão do Lobo aparece envelhecido e rachado, até se transformar em uma versão renovada. Em seguida, o público é levado a uma cena já conhecida: o combate de Geralt com a kikimora, que marcou a estreia da série. Mas desta vez, quem realiza o movimento, postura e golpes é Hemsworth. Não há memória, trauma, magia ou explicação. A história é recontada como se Cavill nunca estivesse lá.

Essa reconstrução do passado segue em um ritmo calculado. A narrativa traz um contador de histórias, Stribog, revisitando momentos cruciais das temporadas anteriores. A primeira vez que Geralt encontra Ciri, cenas românticas com Yennefer e até o duelo decisivo contra Vilgefortz foram refilmados com Hemsworth, apagando visualmente Cavill da trajetória do personagem. A mensagem é direta: nesta versão, Geralt sempre teve o rosto de Liam.

A escolha evita piadas internas, explicações mirabolantes ou recursos que chamariam atenção demais para a troca de protagonistas. Ao mesmo tempo, a série não tenta “fazer de conta” que o público não percebe a mudança. O processo acontece diante dos olhos do espectador, suavizado por uma ideia apresentada por Stribog: histórias podem ser contadas de inúmeras formas, sem certo ou errado.

Liam Hemsworth e Henry Cavill em The Witcher

(Fotos: Divulgação/Netflix)

A grande mudança de The Witcher

Com isso, The Witcher busca reduzir o estranhamento inicial da substituição. As cenas selecionadas para o “replay” cumprem papéis específicos: apresentar Hemsworth no mesmo ponto de partida visual de Cavill, mostrar dinâmica com outros personagens e posicioná-lo como protagonista em um momento de grande intensidade emocional. Depois disso, a trama segue em frente sem retomar o tema.

O desafio era enorme. A saída de Henry Cavill foi marcada por forte reação dos fãs, e a ideia de que Liam Hemsworth chegaria em desvantagem parecia inevitável. Mas a série aposta no tempo e na familiaridade visual como aliados. Após esse processo de transição, a temporada flui com naturalidade, permitindo que o novo ator construa sua versão do personagem. Mais suave em certos gestos, mas ainda fiel ao perfil do bruxo.

The Witcher, portanto, não apenas trocou de protagonista: decidiu reescrever sua própria memória para consolidar Liam Hemsworth como o Geralt definitivo daqui para frente. A estratégia é ousada, controversa e calculada. E, ao menos nesta estreia, cumpre seu papel principal: fazer o público olhar para o novo rosto sem continuar preso ao antigo. Assista abaixo ao trailer da Netflix: