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Nesta onda de reboots, remakes e sequências, é pertinente dizer que Top Gun: Maverick dá aula de como ressuscitar uma franquia
Nesta onda de reboots, remakes e sequências de filmes clássicos que surgem anos após os originais, é pertinente dizer que Top Gun: Maverick dá aula de como ressuscitar uma franquia. Com a continuação produzida quase quatro décadas depois da estreia do primeiro longa, havia quem questionasse a escolha de Tom Cruise em revisitar o universo e o personagem que o alçaram ao posto de um dos grandes astros de ação do cinema mundial. Pois bem, ele provou que todos que foram contra estavam errados.
Para trazer Pete “Maverick” Mitchell de volta, Cruise fez nova parceria com o cineasta Joseph Kosinski, que o dirigiu no esquecível Oblivion (2013). Juntos, os dois construíram uma trama que dá sequência à história do protagonista sem deixar de homenagear os eventos do passado. O resultado, para a alegria dos fãs do original, é um dos melhores filmes da carreira do ator.
Na continuação, Maverick retorna 30 anos depois de se destacar na academia de pilotos da Marinha intitulada Top Gun. Agora piloto de testes de elite, o protagonista carrega consigo todas as consequências das atitudes rebeldes que tomou ao longo da carreira. Apesar de ser um dos mais habilidosos da história, ele permanece com o posto de capitão sem nunca ter sequer uma promoção cogitada.
Ao se negar a obedecer ordens do almirante Cain (Ed Harris) e destruir um jato bilionário do governo durante o teste, Maverick é removido de seu posto e obrigado a retornar a Top Gun. Salvo pela influência de seu ex-rival e agora amigo Iceman (Val Kilmer), ele agora é o encarregado de ensinar uma nova geração de excelente pilotos a sobreviver a uma missão aparentemente impossível –com o perdão do trocadilho.
Apesar de achar que é o único capaz de cumprir o objetivo, ele é forçado pelo almirante Beau “Cyclone” Simpson (Jon Hamm), seu nêmesis na sequência, a permanecer apenas como instrutor. Agora, Maverick precisa superar o seu ego inflado e mostrar para seus novos estudantes que qualidade e coragem não são o bastante para sobreviver no ar.
Miles Teller como Rooster
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Para aumentar ainda mais a tensão para o protagonista, um dos integrantes do esquadrão é ninguém menos do que Bradley Bradshaw, também conhecido como Rooster (Miles Teller, ótimo no papel), que (não) por acaso é filho do saudoso amigo e parceiro de Maverick, Goose (interpretado no original por Anthony Edwards), morto em um trágico acidente pelo qual o personagem de Cruise ainda se sente responsável.
A principal qualidade de Top Gun: Maverick é homenagear o original sem a necessidade da repetição. Mesmo que algumas escolhas do roteiro escrito a seis mãos por Ehren Kruger, Eric Warren Singer e Christopher McQuarrie reciclem alguns arcos do primeiro longa –Rooster tem em Handman (Glen Powell) um rival como Iceman para chamar de seu–, a sequência jamais se esquece de olhar para frente. O passado influencia o futuro, mas nunca é o principal motor da história.
Estas homenagens, para o deleite dos fãs de Top Gun: Ases Indomáveis (1986), são feitas de maneiras sutis e pouco genéricas. Até mesmo a infame cena dos pilotos jogando na praia sem camisa sob as luzes do pôr-do-sol é recriada, mas não de forma gratuita. Maverick sabe abraçar a cafonice e os absurdos de seu universo sem cair nas armadilhas que tanto atrapalharam outros reboots.
Até mesmo Jennifer Connelly, que na continuação surge como Penny, novo par romântico de Maverick, serve aqui como parte importante da jornada de amadurecimento do protagonista. Mesmo que à vista de alguns ela seja apenas uma muleta, a personagem reflete como o piloto passa a enxergar o seu crescimento e a necessidade de deixar a imaturidade para trás.
Como obra, Top Gun: Maverick é um aceno aos filmes de ação dos anos 1980 e como alguém do calibre de Tom Cruise ainda pode empolgar audiências ao redor do globo. Se no universo do longa os pilotos estão prestes a serem substituídos por drones inteligentes, na vida real há muito os atores já estão dividindo as telas com figuras digitais e fundos de tela verde. Aqui, o necessário para causar alvoroço nas salas de cinema é apenas um homem e a sua paixão por velocidade e por entregar sequências de tirar o fôlego.
Top Gun: Maverick
Assista ao trailer legendado
André Zuliani
Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.
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