Antes de 7º filme, Transformers arrisca com animação que foge do óbvio

Fãs da franquia Transformers não podem reclamar dos próximos meses. O Despertar das Feras, sétimo filme live-action sobre os robôs que viram veículos, chega ao cinema em 8 de junho. Mas, neste fim de semana, o Paramount+ disponibiliza novos episódios de EarthSpark, animação que quebrou todas as expectativas ao explorar o mundo depois da Grande Guerra entre autobots e decepticons.

O conflito entre as duas facções de Transformers já foi mostrado várias vezes ao longo das animações e dos longas da franquia. Assim, os produtores Dale Malinoswki, Ant Ward e Nicole Dubuc decidiram experimentar algo novo –mesmo com a possibilidade de alienar os fãs mais antigos da saga. “Honestamente, era hora de arriscar. Os Transformers já existem há tanto tempo, se ficássemos contando a mesma história sobre a guerra de novo e de novo, acho que não encontraríamos um público”, diz Diedrich Bader, que faz a voz do vilão Mandroid, em conversa exclusiva com a Tangerina.

“Se nós fôssemos gravar exatamente a mesma coisa que fizeram no desenho dos anos 1980, as pessoas odiariam tudo. Porque elas têm as lembranças daquela época guardadas em um lugar especial. Você precisa seguir em frente, e os roteiristas estavam se coçando para pegar essa franquia e fazer uma história mais moderna, sobre uma família, sobre a interação entre humanos e máquinas”, continua o ator.

“Vivemos em um mundo em que seguramos computadores em nossas mãos e interagimos com eles o tempo todo. Minha filha vê o celular dela como uma extensão de si mesma. Essa é a história que precisamos contar”, aponta Bader, cujo personagem acredita que os Transformers são os verdadeiros vilões da história. Ironicamente, ele mesmo começa a se transformar em um robô aos poucos.

“É o melhor personagem que um ator pode fazer, porque não é um vilão que fica enrolando seu bigode ou querendo roubar o ouro de alguém. Ele acredita que está fazendo a coisa certa, que vai salvar o planeta. E se fosse você no lugar dele? Se você acreditasse que é a única pessoa que descobriu a verdade? É uma coisa horrível de suportar, mas deliciosa de interpretar. Eu amo o roteiro da série, foi uma das coisas que me atraiu”, elogia.

EarthSpark também traz mais representatividade para a história. Os humanos protagonistas são da família Malto, que tem ascendência negra e filipina. E, entre os robôs, uma das personagens principais é Elita-1, segunda no comando atrás de Optimus Prime –uma rara autobot mulher no universo de Transformers. “Ela é sabichona, mais engraçada do que o Optimus. Ele é mais sério, ela só quer chutar uns traseiros e se divertir”, explica Cissy Jones, intérprete da personagem na versão em inglês.

“Quase não há Transformers mulheres, e acho que por isso Elita é tão importante para mim. Eu quero que as minhas filhas vejam que há oportunidades para elas. Não são só os homens tomando conta de tudo. E é divertido dar voz não só a uma personagem feminina forte, mas engraçada e influente, que sabe se divertir. Eu amo o meu trabalho esquisito (risos)”, brinca a atriz.

Com a experiência de quem trabalha com animação há muito tempo, Cissy e Diedrich ressaltam a evolução do gênero nos últimos anos. “Obviamente, se compararmos EarthSpark com o desenho dos anos 1980, muito tempo se passou. É algo menos engessado, você não pode fazer um herói como era no passado, nem o vilão. Há mais camadas na atuação”, diz Bader.

“Acho que a dublagem ficou bem mais cinematográfica, especialmente nos últimos 10, 12 anos. O ritmo da narrativa mudou, então as vozes precisaram evoluir junto. Os roteiros certamente melhoraram muito, e os produtores perceberam que, se você tentar apelar para um público antigo, ninguém vai querer ver. Você precisa ter uma história boa. E, com EarthSpark, pessoas de todas as idades podem assistir”, elogia Cissy.

Oito novos episódios de Transformers: EarthSpark já estão disponíveis no catálogo do Paramount+. Em fevereiro, a animação foi renovada para uma segunda temporada, ainda sem previsão de estreia.