FILMES E SÉRIES

Os robôs de Transformers: A Centelha da Terra

Divulgação/Paramount+

MAIS DO QUE UM COMERCIAL

Criados para vender brinquedos, Transformers voltam com temas difíceis

Produtores da animação A Centelha da Terra contam como equilibram a narrativa com robôs que vão dominar as lojas

Luciano Guaraldo, de Nova York

A franquia Transformers conta com filmes live-action, animações, HQs e games mas, antes de qualquer coisa, surgiu para vender brinquedos –a marca pertence à gigante Hasbro, afinal. Mas os responsáveis pela nova série Transformers: A Centelha da Terra, que chega neste sábado (12) ao Brasil, não quiseram transformar sua produção em um longo comercial –eles colocaram temas difíceis, como imigração e preconceito, em meio a uma narrativa que não menospreza o público infantil.

“Isso é algo que a Nickelodeon se orgulha de fazer em todas as produções. Não precisamos ‘emburrecer’ para conversar com os telespectadores. Nós os respeitamos, sabemos que são inteligentes e queremos elevar nossa história para estar no mesmo patamar”, conta o produtor Dale Malinowski em conversa exclusiva com a Tangerina. “Podemos ter uma discussão com as crianças sem dar sermão, entende?”, completa Ant Ward.

A trama de A Centelha da Terra se passa depois da Grande Guerra entre autobots e decepticons, o que abre a narrativa para novas possibilidades –já que os embates entre Optimus Prime e Megatron ocuparam boa parte dos produtos da franquia. O vilão da vez é o cientista Mandroid (Diedrich Bader), que deseja impedir que os robôs continuem no planeta e se tornem uma arma perigosa de opressão.

Para desespero do antagonista, no entanto, os robôs não só vieram para ficar como estão se reproduzindo. A série mostra os primeiros Transformers nascidos na Terra, Twitch (Kathreen Kavari) e Thrash (Zeno Robinson), que criam uma conexão especial com os irmãos Robby (Sydney Mikayla) e Mo (Zion Broadnax) e são “adotados” pela família Malto –que esconde uma ligação com os autobots no passado.

“Os Transformers nascidos na Terra, que chamamos de terranos, abrem uma nova facção de cibertronianos. E, por serem a primeira geração, podemos abordar a questão da cultura da imigração. Os robôs originais são como imigrantes, os terranos são a primeira geração, então parte da cultura deles se adaptou à Terra, parte dela vem de Cybertron. É divertido explorar isso”, diz Ward.

“E isso tudo nos rende algumas situações muito curiosas com os terranos, que é a questão do pertencimento, de encontrar o seu lugar. Eles nasceram na Terra, mas são herdeiros de Cybertron. Então, são terráqueos, mas não são humanos; são robôs, mas não cibertronianos. Ficam no meio de tudo isso, o que abre várias perguntas. Como eles nasceram? Qual será seu futuro? O que eles querem e do que têm medo?”, continua Malinoswki.

Brinquedo de Bumbleebee com Mo no ombro

Brinquedo de Bumbleebee com Mo no ombro

Divulgação/Hasbro

Lojinha de Transformers

Evidentemente, toda a complexidade da narrativa faz de Transformers: A Centelha da Terra uma animação mais interessante. Mas, personagens diferentes também significam novos brinquedos a serem vendidos. Questionados pela reportagem sobre a fórmula para aliar sua história com o lado comercial da Hasbro, os produtores minimizam o aspecto capitalista.

“Honestamente, nós focamos na trama. Sabíamos que poderíamos contar com alguns personagens antigos e muito amados da franquia e que teríamos o privilégio de adicionar novos. Assim, pudemos construir histórias que destacassem o que é especial, único e quase inacreditável de cada um deles. Nós nos preocupamos com isso. Se a série ajudar a vender mais brinquedos, então todo mundo fica feliz”, entrega Malinowski.

“Como contador de história, se você perde o foco da narrativa e dos personagens e começa a pensar ‘será que isso vai vender brinquedos?’, vai acabar como uma cobra comendo o próprio rabo. Não é esse o caminho criativo que você tem que seguir”, complementa Ward. “Então, nós estávamos cientes de que é uma produção da Hasbro e trabalhamos em parceria com eles, mas focamos na história que queríamos contar.”

“E a Hasbro tem sido uma parceira fenomenal. Eles nunca pediram ou nos forçaram a fazer nada que não fosse orgânico à história. A experiência tem sido brilhante”, finaliza Dale Malinowski.

Transformers: A Centelha da Terra estreia às 15h30 na Nickelodeon, com a exibição dos dois primeiros episódios. A temporada completa também será disponibilizada neste sábado (12) no Paramount+.

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QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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