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Joseph Quinn em cena de Stranger Things

(Foto: Divulgação/Netflix)

Netflix

A última temporada de Stranger Things não pode fazer isso de novo

Chegando ao fim, a série tem uma oportunidade rara de mostrar coragem narrativa de verdade

Victor Cierro
Victor Cierro

A última temporada de Stranger Things estreia em menos de um mês, e uma das principais preocupações do público não é uma teoria de portal, criatura ou mudança de elenco. O receio está em algo muito mais previsível: a série da Netflix criou um padrão de apresentar personagens novos extremamente carismáticos apenas para sacrificá-los ao final da temporada. Esse ciclo já virou fórmula, e agora ameaça deixar o encerramento da história repetitivo e emocionalmente raso.

Billy (Dacre Montgomery), Chrissy (Grace Van Dien) e Eddie (Joseph Quinn) não são casos isolados. Cada um trouxe energia própria à narrativa, movimentou arcos importantes e, quando o público finalmente se conectou a eles, a trama simplesmente removeu cada um como um choque calculado. Funciona como impacto imediato, mas à custa de desperdiçar personagens que poderiam ter evoluído e contribuído a longo prazo.

O problema é que, quando esse tipo de recurso se repete, ele deixa de impactar. O espectador começa a identificar quem está “marcado” desde o momento em que surge em cena. Isso reduz a tensão dramática e cria um jogo óbvio: se um personagem é novo e começa a ser querido, provavelmente não chega ao último episódio.

Em uma temporada final, esse desgaste pesa ainda mais. O público quer acompanhar a resolução dos protagonistas, quer ver arcos sendo concluídos com consistência, e não apenas mais um ciclo de comoção rápida. Se Stranger Things repetir a fórmula, o final corre o risco de não emocionar pelo que acontece, mas pelo costumeiro truque narrativo já conhecido.

Maya Hawke em cena de Stranger Things

Robin (Maya Hawke) pode ser a próxima vítima de Stranger Things

(Foto: Divulgação/Netflix)

O final de Stranger Things

A força de Stranger Things sempre esteve nas relações entre os personagens principais e no crescimento deles diante do sobrenatural. Proteger esse núcleo é importante, mas isso não significa que somente personagens descartáveis podem sofrer as consequências. Quando só “novos rostos” morrem, o peso dramático se dilui.

Chegando ao fim, a série tem uma oportunidade rara de mostrar coragem narrativa de verdade. Em vez de criar outra vítima só para mover a trama adiante, pode escolher arriscar, surpreender e mudar o padrão que ela mesma estabeleceu.

A última temporada não precisa ser marcada por quem foi sacrificado, mas por quem evoluiu, quem enfrentou o desconhecido e quem encontrou seu destino de maneira significativa. Romper esse ciclo seria não só mais interessante, mas também mais honesto com o público que acompanha a série desde o início.

O final de Stranger Things será dividido em três partes. Os quatro primeiros episódios chegam em 26 de novembro. Os próximos três capítulos estreiam em 25 de novembro. Já o grande finale será exibido em 31 de dezembro na Netflix. Assista abaixo ao trailer:

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QUEM FEZ
Victor Cierro

Victor Cierro

Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.

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