Fabio Rebelo/Paramount+
Vai Dar Nada, filme de Guel Arraes e Jorge Furtado para o Paramount+, coloca contraventores como mocinhos em um Brasil que só quer sobreviver
Ao longo de sua carreira, Guel Arraes conseguiu transformar em heróis personagens pouco idealizados, como o embromador João Grilo (Matheus Nachtergaele), o malandro Leléu (Selton Mello) e o político populista Odorico Paraguaçu (Marco Nanini). Em Vai Dar Nada, primeiro filme original brasileiro do Paramount+, o roteirista leva essa admiração pelo inusitado ao extremo ao escalar um jovem ladrão de motos e uma policial corrupta como protagonistas de uma história bem nacional: a de quem sempre dá aquele jeitinho para pagar as contas no fim do mês.
“A minha ideia para Vai Dar Nada era pegar um assunto espinhoso, que é contravenção, e torná-lo engraçado. A gente faz uma desvilanização do contraventor. É um pouco o tema geral do filme”, explicou Arraes em evento de apresentação do filme à imprensa, do qual a Tangerina participou.
O protagonista da história é Kelson (Cauê Campos), ladrão de carros e motos que trabalha no desmanche de Fernando (Rafael Infante), casado com a policial Suzi (Katiuscia Canoro). A mulher da lei também dá os seus pulos para ajudar nos esquemas do marido, inclusive se “apropriando indevidamente” de veículos apreendidos em operações para fornecer mais peças ao negócio da família.
Sem-noção, Fernando vende para Kelson a moto de um bandido perigoso da comunidade, que não fica nada feliz quando descobre que seu veículo desapareceu do pátio da polícia. Os mocinhos, então, precisam correr contra o tempo para despistarem tanto a polícia quanto o bandido. E tudo isso enquanto a irmã de Kelson, Rebeca (Jéssica Barbosa), começa a se envolver com Fernando em um momento de fraqueza.
Diretor de Vai Dar Nada, Jorge Furtado brincou que “é o melhor filme sobre DPVAT [Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre] já feito no Brasil”. E contou que a sinopse nasceu de uma história real, com a qual os dois se depararam durante uma pesquisa sobre curiosidades do Brasil.
“Encontramos uma história, ao mesmo tempo trágica e cômica, de um rapaz que tinha que vender uma moto e se via em uma confusão de leis sobrepostas. A gente vive sob muitas leis ao mesmo tempo. As leis da Constituição, a lei da polícia, a lei das ruas, a lei do mais forte, a lei da sobrevivência… Manda quem pode, obedece quem precisa. E isso dá muita comédia”, falou Furtado.
Intérprete de uma policial que quebra a lei o tempo todo, mas que impõe respeito até dos bandidos, Katiuscia Canoro defende que Vai Dar Nada é muito mais do que uma história sobre contraventores que se dão bem. “Existe uma preocupação ética com essa contravenção. O que se sobressai é a humanização dessas pessoas, isso é o que fica mais importante. O que o Guel e o Jorge fizeram com essa obra é quebrar a normatização e humanizar o brasileiro da maneira como ele se comporta.”
Vai Dar Nada chega nesta quinta-feira (19) ao catálogo do Paramount+. Confira o trailer:
Vai Dar Nada
Confira o trailer da comédia nacional do Paramount+
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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