Divulgação/The CW
Em entrevista exclusiva à Tangerina, Julie Plec conta que evolução da sociedade no mundo real a força a mudar seus conceitos na ficção
Criadora da trilogia de séries The Vampire Diaries (2009-2017), The Originals (2013-2018) e Legacies (2018-2022), a produtora Julie Plec volta a escrever sobre sanguessugas com Vampire Academy, adaptação dos livros de Richelle Mead que estreia neste ano no Globoplay. Mergulhada no universo dos vampiros há mais de 15 anos, ela vê as mudanças sociais como uma referência para o próprio trabalho. “Hoje, Damon Salvatore [Ian Somerhalder] seria tido como um estuprador”, detona.
“A coisa mais interessante sobre a representação dos vampiros nas minhas séries é que a mitologia evolui com a sociedade. Em Vampire Diaries, por exemplo, Damon Salvatore compelia uma garota a ir para casa com ele para uma noite de sexo, e o público falava: ‘Uau, isso é tão sexy’. Agora, as pessoas veriam aquilo como estupro”, compara Julie em conversa exclusiva com a Tangerina.
Para se adaptar aos novos tempos, a produtora tem de repensar os próprios conceitos. “Para a minha geração, os vampiros são criaturas sensuais e predatórias que se aproveitam de mulheres indefesas. Foi com esse tipo de mitologia que eu cresci. Aí, quando fomos fazer Legacies, pensamos: ‘Não podemos mais fazer isso. Estamos na era do #MeToo, do Time’s Up. Um personagem que fizer isso não é herói, é vilão’. E aí nos divertimos criando um vampiro feminista, o MG [Quincy Fouse].”
“Agora, chegamos em Vampire Academy, que é uma série sobre classes sociais, o sistema, as regras desse sistema, quem ele está oprimindo, o que é permitido fazer e o que não é. Então, há uma evolução constante nos temas abordados, que algo é bem divertido de fazer e que diferencia cada série muito bem”, explica Julie Plec à reportagem.
A produtora também se envolve com projetos que não têm a ver com vampiros: ela criou, por exemplo, o remake de The Tomorrow People (2013-2014), sobre jovens com superpoderes, e Containment (2016), que mostrava uma epidemia devastadora que forçava parte de uma cidade a entrar em quarentena –quatro anos antes de o coronavírus se tornar um problema mundial. Mas ela não esconde sua preferência pelos sanguessugas.
“Acho que a razão pela qual eu sou tão atraída pelos vampiros é que eu os vejo como uma coisa muito solitária. E eu gosto de escrever histórias sobre encontrar o seu par, o seu grupo e a sua família. Então tenho ótimas oportunidades de pegar uma criatura que, pela própria definição, está destinada a caminhar sozinha pelo planeta e colocá-la em uma jornada que a força a criar algum tipo de conexão. É um tema para o qual eu sempre volto porque me motiva”, define.
O Globoplay ainda não revelou quando disponibilizará Vampire Academy. Nos Estados Unidos, a série foi exibida pelo streaming Peacock, que encerrou a leva de episódios iniciais em 27 de outubro do ano passado. Apesar de elogiada por parte crítica, a atração ainda não foi renovada para uma segunda temporada. Já Vampire Diaries e The Originals estão completas na HBO Max e no Prime Video, enquanto Legacies pode ser vista apenas na plataforma da Warner Bros. Discovery.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
Ver mais conteúdos de Luciano GuaraldoTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?