(Foto: Divulgação/Dreamworks)
O impacto foi tão grande que o personagem virou referência para outros criadores
Com O Agente Secreto prestes a estrear no Brasil, vale lembrar que Wagner Moura já dominou o imaginário global ao dar voz à própria Morte em Gato de Botas: O Último Pedido. Essa foi uma atuação que muitos fãs e críticos tratam como o melhor vilão dos últimos anos na animação e no cinema em geral.
No filme da DreamWorks, a Morte surge como um caçador implacável que persegue Gato de Botas (Antonio Banderas) desde o início, forçando o herói a encarar o que sempre evitou: a finitude. O conceito é direto e poderoso — colocar a personificação da Morte diante de um personagem que desperdiçou oito das nove vidas — e Wagner usa a voz grave e controlada para transformar cada aparição num evento.
A construção do vilão é toda de atmosfera. O assobio que anuncia a chegada, os olhos vermelhos que rasgam a escuridão e as lâminas que tilintam no chão criam uma entrada de cena que prende a respiração. Nada ali depende de sustos fáceis: a presença fala mais alto, e o desenho sonoro soma camadas à interpretação de Moura.
Funciona porque a dramaturgia conversa com o tema central do filme. O Gato de Botas, acostumado à invencibilidade, precisa admitir o medo e reaprender a viver. Quando o antagonista é a própria Morte, a jornada do herói ganha urgência emocional rara em produções familiares — e a dublagem de Moura dá peso a cada silêncio e a cada ameaça sussurrada.
Wagner Moura em cena de O Agente Secreto
(Foto: Divulgação/Neon)
A direção também potencializa o efeito. O visual do lobo encapuzado remete ao arquétipo clássico da ceifadora, e a sequência do duelo final abraça referências de anime, com enquadramentos velozes e impacto coreográfico. É o tipo de set-piece que a animação executa com liberdade estética, sem perder densidade.
Outro diferencial está no desfecho: a Morte não perde. O embate termina num impasse, e o vilão decide recuar ao perceber que o Gato já não é a versão quebrada que ele pretendia abater. A ameaça permanece, a lição fica, e o herói cresce — uma solução rara que mantém o antagonista temível mesmo após os créditos.
O impacto foi tão grande que o personagem virou referência para outros criadores. Ryan Coogler citou a Morte de Gato de Botas como influência direta na concepção visual de um vilão recente em Pecadores. Essa é a prova de que o trabalho de voz e a iconografia do personagem atravessaram a bolha da animação e entraram no repertório pop.
No fim, a síntese é simples: Wagner Moura pegou um papel que poderia ser só “o vilão estiloso” e transformou em experiência visceral — da primeira assobiadinha aos diálogos intensos. Com O Agente Secreto chegando aos cinemas e reacendendo a conversa sobre sua fase internacional, vale lembrar que uma das viradas mais importantes dessa trajetória já aconteceu quando ele deu voz à Morte — e redefiniu o que esperamos de um antagonista em animação.
O Gato de Botas 2 está disponível na Netflix. Já o Agente Secreto está em cartaz em algumas salas de cinema no Brasil. O lançamento oficial, no entanto, acontece na próxima quinta-feira (6). Assista abaixo ao trailer do filme nacional:
Victor Cierro
Repórter da Tangerina, Victor Cierro é viciado em quadrinhos e cultura pop e decidiu que seria jornalista aos 9 anos. É cria da casa: antes da Tangerina, estagiou no Notícias da TV, escrevendo sobre filmes e séries.
Ver mais conteúdos de Victor CierroTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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