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Preparem os ouvidos para dar play nos lançamentos mais importantes da semana. Tem também Jack Johnson, Chlöe, Jack Harlow e mais
Bom dia para os seguintes grupos de pessoas: 1) os que compraram ingresso pra ver Justin Bieber ou Dua Lipa no Rock in Rio; 2) os que ficaram horas (ou minutos) na fila, só para depois descobrir que todos esgotaram; 3) os que compraram com calma um ingresso para os dias de rock, afinal roqueiros aparentemente são o tipo mais tranquilo de fã de música hoje; 4) e, por fim, um bom dia pra quem não comprou nem pretende comprar e vai ver o RiR pela TV mesmo, com uma cervejinha na mão.
Todos vocês merecem um bom dia. Nesta sextinha do que já é o quarto mês do ano, temos lançamentos de trap, pop, R&B, indie e Brisa Star (que constitui um gênero musical à parte). Esta semana está surpreendentemente movimentada e tenho certeza que você vai achar uma música que soe bem aos seus ouvidos. Vem cá:
Refresque-se, amor
Qualquer bom latino sabe o valor da família —a de sangue, sim, mas a que a gente arruma no caminho também. Em seu segundo álbum, Camila Cabello expõe um pouco dos dois: das suas raízes à companhia dos últimos anos, com quem terminou recentemente. Afinal, juntar as escovas de dente durante a pandemia e dividir medos e alegrias no meio de todo esse caos é, por si só, uma definição muito forte (e nova) de família.
Explorando todas as conotações da palavra, Familia é um disco mais denso que o anterior, bem mais gostoso de ouvir; passeia por influências do lado de cá como a salsa, rumba e mariachis, assim como traz doses de disco e pop. É divertido, mas tem lá suas doses de tristeza, “así es la vida, si”.
Entre o passado e presente de Camila, o álbum vale super a pena, expondo uma artista pop que assume bem suas fraquezas; na verdade, minha única crítica é que alguns feats quebram um pouco o tom confessional —por mim, o disco seria inteiramente dela.
E isso vem de alguém que nunca foi fã da Camila.
Assista ao clipe de Bam Bam
O registro já coleciona mais de 38 milhões de visualizações
Desde o lançamento de Have Mercy, Chlöe tem demandado atenção total. Na dupla com sua irmã Halle, ambas esbarram na sensualidade mas permanecem no território do R&B sugestivo, que mescla o popzão com o conceitual; sozinha, Chlöe é mais pé na porta, apadrinhada por Beyoncé, mas também mirando em Janet Jackson.
Essa postura —meio unapologetic, meio boss bitch e mais alguns termos que não se traduzem perfeitamente no português— aparece nitidamente em Treat Me, segundo single solo da artista. É daquelas faixas que pedem desesperadamente por um clipe (e o recebe em altíssimo nível); seguindo a linha de Bey, Chlöe é uma mulher que, ao entrar na sala, você só pede desculpas. Pra quem aprecia a tal da “pop perfection”, tá aí um prato cheio.
Assista ao clipe de Treat Me
O single veio acompanhado de um clipe elegante
Quando se trata de artistas feito Teto, Matuê e Wiu, custo a acreditar que tudo não seja de propósito —a equipe do 30PRAUM é gente muito boa de marketing, do tipo que transforma tudo que toca em ouro. Mas a história de Vampiro não foi proposital e teve uma série de problemas: vazou antes de estar pronta e foi finalizada às pressas, sem clipe, nem nada. Independente disso, já disparou assim que foi lançada, no final da semana passada.
Gostar de Vampiro —faixa que completa a “trilogia vampira”, ao lado de Quer Voar e Groupies— depende do quanto você curte o trap-quase-pop de Matuê e colegas, claro. Pessoalmente, gosto do flow do Tuêzin e a tranquilidade que ele se vangloria de suas vitórias; a faixa também tem um sample legal de metais (que até me soa familiar, mas eu não soube localizar de onde é) e coros ao fundo. Curto quando o trap tem uns elementos melódicos pra não se basear só na voz efeituda. Ou seja, se é a sua praia, será fortemente a sua praia.
Muito curioso o Father John Misty lançar um álbum sobre uma tal de Chloë —assim mesmo, com trema no E— no mesmo dia que a Chlöe Bailey lança música; estou achando que Josh Tillman anda lendo o BCharts.
De qualquer forma, esse novo disco de Father John Misty não vem totalmente sem surpresas: começa literalmente com uma abertura, meio old Hollywood, na medida em que vamos acompanhando a história da protagonista e demais narrativas. O disco tem lá suas músicas classicamente-Father-John-Misty, mas quando você assusta, cai em mais jazz e vai parar até em uma bossa nova (em espanhol). Tipo uma good trip que é quase uma bad trip.
Chloë and The Next 20th Century é uma experiência longa, repleta de histórias para entender e músicas meio fantasiosas, como se você estivesse mesmo assistindo a um filme. Requer atenção, mas pode ser um bom mergulho —depende do quão contemplativo você está se sentindo hoje.
C’est la vie: a artista Syd, também conhecida como “a voz deliciosa do The Internet“, começou esse álbum quando estava feliz e apaixonada —e acabou o completando depois de ter seu coração partido, o que mudou um pouco o tom do negócio. Em Broken Hearts Club, ela convida artistas como Lucky Daye, Kehlani e Smino pra ajudá-la a contar a história; o resultado é um álbum sincero, vulnerável, um R&B contemporâneo com olhos nos anos 1990. Bom para corações partidos e para os inteiros também.
Assista ao clipe de CYBAH
A parceria abraça a ficção-científica ao misturar ETs com mecatrônica num vídeo só
Borges, Orochi, Chefin, Oruam, Bielzin – Assault (CARRO FORTE):
quase a mesma experiência de ouvir um podcast de true crime.
Jack Johnson – One Step Ahead:
até que ficou um pouco diferente de todas as outras!
Jack Harlow – First Class:
sample de MILHÕES.
Vince Staples – Ramona Park Broke My Heart:
sabor.
FKJ, Santana – Greener:
uiuiuiuiuiui!!
Brisa Star, Gabi Martins – Quem Jura Mente:
Brisa, querida, volta pro Zé Vaqueiro…
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E com a playlist atualizadíssima, me despeço de vocês por hoje. Peço desculpas se ofendi alguém que está com estresse pós-traumático depois de ficar horas tentando comprar um ingresso, inclusive. Você não merece esse sofrimento.
Se estiver no clima, ouça tudo o que vir por aí —achei o dia repleto de lançamentos 4 em 5, o que é sempre uma grata surpresa. E se ouvir algo gostoso por recomendação da coluna, curte, compartilha, se inscreve no canal, assina o Only Fans.
Brincadeira. Não me procure no Only Fans.
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Dora Guerra
Dora Guerra é pesquisadora musical e pensa mais sobre o tema do que deveria. Na Tangerina, publica a coluna Fresquinhas!, sobre lançamentos musicais. Suas posses incluem: a newsletter Semibreve, o podcast Queijo Quente, uma vira-lata caramelo, alguns vinis e uma vitrola estragada.
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