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Montagem com atriz Florence Pugh como Dani à esquerda em Midsommar e a atriz Patricia Pillar como a Flora em A Favorita

Divulgação/A24 e TV Globo

BEIJINHO DOCE

Loira, louca e incendiária: O que liga Flora de A Favorita a Midsommar

Flora (Patricia Pillar) e Dani (Florence Pugh) tornam a novela A Favorita e o filme Midsommar mais próximos do que se imagina

Daniel Farad

O mal não espera a noite, mas Flora (Patricia Pillar) aguardou pacientemente pela chance de se vingar de Donatella (Claudia Raia) na novela A Favorita (2008). A produção da Globo guarda uma série de similaridades com o filme Midsommar (2019), e não só pelas personagens centrais. Loiras, com claros transtornos psicológicos, elas são capazes de colocar fogo –literalmente ou não– na trama.

De um lado, Dani (Florence Pugh) escolheu transformar Christian (Jack Reynor) em cinzas por sua irresponsabilidade afetiva. Do outro, a vilã quer cobrar com juros a “traição” da melhor amiga, capaz de largar a dupla Faísca & Espoleta no auge para se casar com Marcelo (Flavio Tolezani).

Claudia Raia até levou uma cusparada na cara de Ary Fontoura , mas não chegou tão perto assim de se queimar. Quer dizer, quase. Ela até fingiu um incêndio para ser dada como morta e, assim, ficar de olho na personagem de Patricia Pillar.

Um recurso narrativo, no entanto, é responsável por fazer uma ligação mais clara entre o folhetim de João Emanuel Carneiro e Midsommar. Em seus prólogos, as histórias esfregam um spoiler bem na cara do espectador como se nada estivesse acontecendo.

Trata-se do foreshadowing (prenúncio, em tradução livre do inglês). A própria história adianta alguns trechos de forma fragmentada, para que o público não a decifre imediatamente. O objetivo é causar impacto diante de uma revelação posterior. E foi assim com a abertura da novela das nove e com a tapeçaria que abre o longa.

Da novela A Favorita para Midsommar

A Favorita causou frisson graças a um detalhe na abertura que ganhou um novo significado a partir do capítulo 60. A revelação de que Flora era a vilã caiu como uma bomba para os telespectadores, que viram um “spoiler” na vinheta.

A peça resume a história, passando por pontos importantes como o sucesso da dupla sertaneja ou o assassinato de Marcelo. O público foi ao delírio ao perceber que a bala que mata o filho de Gonçalo (Mauro Mendonça) parte justamente do lado dedicado à versão contada pela ex-presidiária.

Sem redes sociais tão presentes, as pessoas se engajaram em discussões com programas de televisão ou de rádio. Não se falava em outro assunto nas filas de supermercado a não ser sobre a reviravolta da produção.

Em Midsommar, a tapeçaria mostrada assim que Dani chega a uma vila no interior da Suécia se vale do mesmo recurso. Os desenhos aludem a vários pontos importantes da narrativa. Eles vão desde a escolha da rainha de Maio até a torta com pelos pubianos e um ritual de fertilidade.

A diferença é que a personagem de Florence Pugh levanta uma questão contrária à de A Favorita. Em vez de uma definição sobre vilã e mocinha, o público se divide em um debate. Afinal, ela estava certa ou errada em ter decidido atear fogo no desfecho do longa-metragem de Ari Aster?

Reveja a abertura de A Favorita (2008):

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Daniel Farad

Repórter. Além do Notícias da TV, também se juntou ao Tangerina para combater a mesmice e o escorbuto. Escreve do Rio de Janeiro, onde se sente eternamente em uma novela do Manoel Carlos. Aqui, porém, a gente fala mexerica. Fale com o Daniel: vilela@tangerina.news

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