Ativista que rejeitou Oscar por Marlon Brando morre aos 75 anos

A atriz e ativista Sacheen Littlefeather morreu no domingo (2), aos 75 anos. Ela ficou conhecida por subir no palco da cerimônia do Oscar de 1973 para discursar no lugar de Marlon Brando (1924-2004), que havia ganhado o prêmio de melhor ator por O Poderoso Chefão (1973). 

Sacheen havia sido diagnosticada com um câncer de mama em estágio avançado em 2018 e, nos últimos anos, desenvolveu uma metástase. Segundo comunicado emitido pelo cuidador da ativista obtido pelo The Hollywood Reporter, ela morreu em sua casa na cidade de Novato, no norte da Califórnia, cercada por seus entes queridos.

Ela ficou conhecida após o ator Marlon Brando decidir boicotar a premiação do Oscar de março de 1973 em protesto contra a forma como os nativos americanos eram retratados na tela, bem como em homenagem à ocupação em curso em Wounded Knee, na qual 200 membros do Movimento Indígena Americano enfrentaram milhares de agentes federais na cidade de Dakota do Sul.

O prêmio foi apresentado por Liv Ullmann e Roger Moore (1927-2017) e, no momento que o nome de Brando foi chamado como o vencedor, a transmissão mirou em Sacheen Littlefeather, usando trajes tradicionais dos Apaches. Os apresentadores a introduziram como a pessoa que aceitaria o prêmio pelo ator. 

No entanto, a ativista recusou a estatueta no palco, e revelou que Brando não aceitaria o prêmio. “Com muito pesar não posso aceitar este prêmio tão generoso”, discursou. “E as razões para isso são o tratamento dos índios americanos hoje pela indústria cinematográfica, e na televisão em reprises de filmes, e também com os recentes acontecimentos em Wounded Knee.”

Marlon Brando havia preparado um discurso de oito páginas, mas a ativista foi informada de que teria apenas 60 segundos em cima do palco. Depois, o jornal The New York Times publicou o discurso na íntegra e, mais recentemente, ela chegou a fazer uma leitura da fala para o canal do YouTube do Museu da Academia de Cinema.

Algumas celebridades não aceitaram bem a declaração e a presença de Sacheen no palco, e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood só foi se desculpar com ela 50 anos depois.

“O abuso que você sofreu por causa dessa declaração foi injustificado”, escreveu a ela o então presidente da Academia, David Rubin, em uma carta datada de 18 de junho deste ano. “O fardo emocional com o qual você viveu é irreparável. Por muito tempo a coragem que você mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas e nossa sincera admiração.”

Relembre o discurso de Sacheen Littlefeather no Oscar

Ativista subiu ao palco em 1973 para rejeitar prêmio em nome de Marlon Brando