Fábio Rocha/TV Globo
À Tangerina, ator fala sobre retorno de Guto, orientação sexual na dramaturgia e o sucesso dos participantes do The Voice fora do reality
A segunda temporada de As Five chega ao fim nesta quarta-feira (1º) com o lançamento dos dois últimos episódios no Globoplay. Mas os fãs não precisam se preocupar: o terceiro ano não só está confirmado, como já foi gravado e aguarda apenas uma previsão de estreia. Uma das mudanças na próxima fase será o retorno de Guto, vivido por Bruno Gadiol, que sumiu depois da primeira leva de capítulos.
Namorado de Benê (Daphne Bozaski) em Malhação – Viva a Diferença (2017), o professor de piano chocou a jovem ao se assumir gay na série –repetindo os passos de seu intérprete, que também abriu o jogo sobre sua orientação sexual. A personagem seguiu em frente e engatou um namoro com Nem (Thalles Cabral), deixando um ar de mistério nas circunstâncias que trarão Guto de volta à história. “Eu não estou na segunda temporada, mas retorno na terceira, que foi gravada na sequência. Acho que isso não é segredo, não vou ter problemas se der esse spoiler (risos)”, brinca Gadiol em conversa com a Tangerina.
Apesar de assumir que ficou muito feliz quando soube que Guto se revelaria gay em As Five, o artista não é do time que defende que personagens LGBTQIA+ devem ser vividos apenas por quem é da comunidade. E valoriza o fato de ter interpretado um homem heterossexual na série Sintonia, da Netflix. “Eu acho que o trabalho do ator é fazer coisas diferentes, buscar qualquer tipo de personagem. Vou interpretar uma árvore? Então vou estudar, não preciso ser uma árvore para viver uma, entende?”, resume o também cantor.
“Eu acho que foi uma grande vitória eu fazer um personagem hétero e isso não ser um problema. Porque era um medo que eu tinha, quando fui me assumir, eu falei: ‘Será que não vou mais fazer o galãzinho?’. Eu não sabia mesmo. E quando eu fiz o Levi [seu personagem em Sintonia], foi tipo: ‘É isso, eu posso fazer e eu vou fazer’. Porque não importa a minha vida pessoal, não importa se sou gay”, minimiza Gadiol.
O artista ressalta que sua opinião é diferente no caso de um personagem trans, que não deveria ser vivido por um ator cisgênero. “Essa pessoa já encontra muita dificuldade em ter papéis, aí é outra história. Mas quando não há motivo para isso… Acho que a escalação precisa acontecer pela qualidade do que a pessoa entrega. Mas nós estamos quebrando muitas barreiras, com vários atores e atrizes se assumindo gays ou lésbicas. Torço para que logo isso seja um assunto do passado. Essa geração que está chegando agora não tem mais tanto essa coisa dos rótulos, pelo menos na minha bolha. Espero que daqui para a frente as pessoas não sofram como eu sofri na escola, ou como tanta gente sofreu.”
Semifinalista da quinta temporada do The Voice Brasil, Bruno Gadiol não foi parar na dramaturgia por causa do sucesso no talent show. Pelo contrário. “Eu comecei os testes para Malhação antes do reality, para você ter uma ideia. Eu já estudava teatro musical em São Paulo, a produtora de elenco foi na escola procurar jovens, e eu mandei o meu material. No meio do processo de audições eu passei no The Voice, mas avisei que queria fazer a novela também. Eles me ligaram para falar que eu tinha sido aprovado dias depois da minha eliminação”, lembra.
Dessa maneira, o artista nem teve tempo para lamentar sua despedida do reality show. “Eu me lembro de ter saído muito leve, achava que era um plano de Deus. Falei: ‘Cara, é isso, não era para eu ganhar esse programa, não’. Saí de lá muito tranquilo, sentindo que a vida ia me trazer algo melhor. E pouco depois surgiu Malhação na minha vida.”
Curiosamente, Gadiol acabou fazendo mais sucesso do que a própria campeã de sua temporada, Mylena –algo frequente no programa das cadeiras giratórias. Para o artista, o problema não é o formato, mas uma falta de planejamento de carreira. “As pessoas que entram lá não têm uma estrutura, não têm gravadora. Foi o meu caso também. Então você participa, tem uma exposição enorme na TV durante um determinado tempo, e depois você sai. Se você não tiver um planejamento, você vai desaparecer da mídia. Isso é natural”, aponta.
“Seria interessante já entrar no The Voice com uma certa estrutura, o que não é fácil. Eu fui para buscar uma para mim, com a ideia de conhecer gente de gravadora, fazer contatos. E, mesmo que você ganhe e receba essa estrutura de gravadora no prêmio, não é fácil. Se você não souber quem é artisticamente, vão te lançar com uma música que não tem nada a ver com quem você é. Não é uma certeza de que sua carreira vai acontecer. Não é porque você ganhou que vai estourar, nem porque perdeu que o sonho acabou.”
No meio de fevereiro, Bruno Gadiol iniciou o lançamento da segunda parte do álbum Jovem, com sete novas faixas que completam as seis divulgadas no fim de 2022. A música de trabalho atual é Te Vi na Festa (E nem Doeu), canção com batidas de funk que relata como é encontrar o ex em uma festa. “Seus amigos começam a te perguntar se você está bem com isso e, quando você para e pensa, percebe que a presença dele não te afeta mais. E já que ele não teve cuidado em te poupar disso, agora você também vai meter o louco (risos)”, explica.
Te Vi na Festa (E nem Doeu)
Confira clipe da nova música de trabalho de Bruno Gadiol
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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