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Aline Flor do Casal Nerd

Divulgação/Privacy

QUEBRANDO O TABU

Os geeks também transam: Casal nerd ganha R$ 15 mil com vídeos de sexo

Aline Flor e o marido, André, se autointitulam casal nerd e estão faturando dinheiro com vídeos íntimos em uma espécie de OnlyFans brasileiro

Giulianna Muneratto

Aquela representação clichê de nerds e gamers que ficam presos em casa só jogando videogame, com dificuldades de avançar em relacionamentos amorosos, já ficou para trás. Um casal de João Pessoa, da Paraíba, mostra não só que os geeks também transam, como também que conseguem faturar uma boa grana com isso.

O intitulado “casal nerd” é formado por Aline Flor e seu marido, André. Os dois se conheceram por um aplicativo de relacionamentos há cinco anos e, por meio do TikTok, descobriram a plataforma Privacy, uma espécie de OnlyFans brasileiro. Despretensiosamente, decidiram gravar um vídeo íntimo para ver se essa empreitada dava certo.

“Nós já fazíamos vídeos de forma artesanal mesmo, só para nós mesmos e de maneira consensual, e não ganhávamos nada com isso. A primeira vez que nos gravamos foi do nada, e achamos que ficou bom, então resolvemos colocar no ar para ver no que dava”, explica André, em bate-papo com a Tangerina.

O rótulo de casal nerd, na verdade, foi uma grande e inesperada sacada de marketing, que tem funcionado muito bem. “Escolhemos esse nome porque, na hora de criar o perfil, perguntei a ele o que representava a gente. E chegamos à conclusão que nossa essência é essa, somos nerds. Eu jogo videogame o dia inteiro e ele gosta mais dessa parte de super-heróis”, revela Aline. 

“Mas, de conteúdo mesmo, não implementamos nada nerd na relação. Nosso conteúdo é muito natural, muito verdadeiro. Nós não fazemos amor só para poder filmar, nós filmamos porque estamos fazendo, entende?”, acrescenta a mulher. 

O casal também conta que recebe pedidos inusitados na plataforma, mas por seguir essa filosofia de gravar um conteúdo mais orgânico, não costuma atendê-los. “Eles pedem, às vezes, para implementarmos coisas nerds mesmo. Coisas do tipo ‘faz uma brincadeira com o controle do seu PlayStation’, entre outras. Não posso dizer que nunca faremos, apenas se estivermos inspirados”, explica Aline.

Atualmente, o casal tem mais de 60 publicações na plataforma, mais de 3 mil curtidas e um faturamento de cerca de R$ 15 mil mensalmente. Aline é formada em enfermagem, enquanto André já teve até casa de lotérica, mas foi com a plataforma que eles alcançaram uma verdadeira independência financeira. “Conseguimos comprar um carro e, inclusive, estamos devendo um vídeo para os nossos fãs para mostrar que carro conseguimos!”, diz Aline, empolgada. 

Nomes falsos e privacidade

Por enquanto, o casal nerd adotou nomes fictícios para poder manter ainda uma certa privacidade. Da família de Aline, só a mãe sabe do trabalho na plataforma, enquanto André ainda não contou para ninguém –por isso, inclusive, ele não mostra o rosto à reportagem.

Enquanto a mãe de Aline foi bem receptiva e incentivou a filha a juntar dinheiro para a aposentadoria, André acredita que sua família teria uma visão mais fechada com relação ao assunto. 

“Nós não nos importamos muito porque, no fim das contas, quem está pagando as nossas contas e quem tem que perceber se está legal ou não somos nós. Julgar todo mundo vai, até se não fizermos nada e ficarmos parados”, desabafa o marido.

O casal já chegou a receber propostas para se encontrar com outras pessoas e realizar fetiches ao vivo, mas até o momento, eles não tiveram coragem. Aline ainda revela que, por fazer vídeos com o marido, se sente mais segura com toda a exposição. 

“É aquela história de que homem só respeita homem, né? Sei que não se pode generalizar, mas sinto que respeitam mais, sim. Eu tive um perfil só meu, que não levei tão a sério, mas sinto que com o casal eles preferem ser mais cuidadosos”, relata.

O trabalho afeta o sexo?

Agora que o casal ganha dinheiro com algo que deveria ser um momento de relaxamento e prazer, eles tomam cuidado para que o sexo não vire uma espécie de obrigação. “Se você for pensar que toda vez que for fazer amor é uma oportunidade de gravar, isso com certeza vai atrapalhar a relação”, explica Aline. “Acaba não sendo mais o seu momento íntimo ali de casal, então precisa tomar cuidado.”

“Eu já vi pessoas falando que não gostavam mais de transar por conta das gravações, mas nós conversamos bastante. Temos uma comunicação muito boa, então tudo o que estiver atrapalhando o nosso relacionamento, sabemos contornar com o diálogo e explicar se algo está incomodando ou não.”

Para eles, a tática para dar certo nesse tipo de plataforma é esquecer o que os outros vão pensar. “Não ligue para o que os outros pensam ou falam. Esqueça isso de que há um padrão, que você precisa estar dentro de uma certa estética, porque isso é mito”, afirma André. “Na internet, as pessoas tendem a consumir os mais variados tipos de conteúdo, que nós às vezes desconhecemos.” 

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QUEM FEZ

Giulianna Muneratto

Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.

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