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Gilberto Gil

Reprodução/Canal Brasil

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‘Conversador’, Gilberto Gil discute racismo e morte com grandes astros

Ícone da música brasileira retorna com a terceira temporada de Amigos, Sons e Palavras; primeiros episódios vão ao ar nesta segunda (23)

André Zuliani

Um dos ícones da MPB (música popular brasileira), Gilberto Gil se considera um “conversador”. Aos 80 anos, o cantor baiano coleciona prêmios e devoção dos fãs após décadas de carreira, mas ainda tem fôlego para expandir seu conhecimento em outras mídias. Em Amigos, Sons e Palavras, programa que comanda no Canal Brasil e cuja terceira temporada estreia nesta segunda-feira (23), ele discute racismo e morte com grandes astros da classe artística do Brasil.

A nova leva de episódios da atração chega durante a celebração dos 25 anos da estreia do Canal Brasil. Embora Gil esteja à frente do programa desde o início, o diretor-geral André Saddy disse enxergar a terceira temporada como a que mais tem a cara do ídolo da MPB.

“É um privilégio olhar para a nossa grade e ver um programa com Gilberto Gil. Ele não é como qualquer outro, ele é único. E esta temporada é a que mais tem a cara dele. Ele estimula pensamentos, reflexões e trata dos assuntos com um nível de profundidade e calma que não estamos acostumados a ver, seja na TV ou na internet”, celebrou Saddy em bate-papo com jornalistas do qual a Tangerina participou.

Para Gil, apesar de a atração ter seu nome e seu rosto como carro-chefe, são os convidados e as discussões que representam os verdadeiros “craques” do time. Em uma época na qual o mundo foi engolido por novas tecnologias que permitem encontros ao vivo instantaneamente, incentivar conversas é um papel fundamental para uma sociedade que abraça o conceito de família em todas as suas áreas.

“Um dos aspectos das redes sociais é essa coisa de estabelecer relações familiares, uma coisa típica da noção de comunidade mundial de hoje em dia. Essa ideia de que somos uma grande família planetária, de todos os lugares. Esse desejo de expansão para o mundo todo. Eu tenho uma família grande, e isso tem que vir para as conversas. Isso transborda para as famílias dos entrevistados”, disse o autor do hit Aquele Abraço.

Na nova temporada, Gilberto Gil discute temas atuais e de interesse público com astros de várias comunidades artísticas do Brasil. A estreia do novo ano contará com bate-papos com a atriz Fernanda Montenegro e a cantora Liniker, enquanto os episódios seguintes apresentarão conversas com celebridades como Gregorio Duvivier, Marcelo Adnet e Gloria Pires.

Aos jornalistas, Gil disse considerar fundamental trazer histórias de superação em Amigos, Sons e Palavras para tornar o programa atrativo para os espectadores. O cantor explicou que é uma maneira de criar uma conexão ainda maior com o assunto em pauta, de modo que quem está assistindo à conversa consiga relacioná-la com quaisquer questionamentos.

“Quando colocamos essa dimensão da conversação como dado interessante para quem vai nos ver, as pessoas de uma certa forma ficam ligadas. Elas são atraídas por personalidades, vivências pessoais que nós temos. Pelas dificuldades que temos em viver, essa ideia de condição familial, um drama ou uma alegria comuns. As dificuldades que são comuns a todos que estão ali naquela meia hora de conversa. São ingredientes básicos e que tornam um programa como esse muito atraente. Essa coisa da revelação das nossas dificuldades, no mais íntimo possível, que só um programa como esse permite.”

A importância de se ter uma atração como Amigos, Sons e Palavras, na visão de Gil, é fazer dessas conversas uma forma de resistência. Após a classe artística ter sofrido com seguidas represálias durante o governo de Jair Bolsonaro, o cantor considera essencial insistir que programas como o dele continuem estimulando o pensamento e a reflexão sobre os mais variados temas.

“De uma determinada forma, há uma insistência em fazer essas conversas e garantir espaço para que as pessoas se manifestem através de seus vários papéis, revelando as dificuldades que tivemos nos últimos anos para nos relacionar com o mundo da cultura, que foi desprezado pelo último governo”, pontuou Gilberto Gil.

“Tudo isso é muito interessante e importante, e deve ser visto como um espaço de resistência. E continuará garantindo nossa conversa aberta e a defesa de que fazemos tudo no nosso modo de estar no mundo. Essa coisa obscurantista que nos assolou nos últimos tempos e que acabamos de superar no Brasil. Esse programa é, sim, uma forma de resistência.”

Os episódios da terceira temporada de Amigos, Sons e Palavras vão ar às segundas, às 20h45 (horário de Brasília), com reprises às terças, às 13h30, e aos domingos, às 10h15, no Canal Brasil.

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QUEM FEZ

André Zuliani

Repórter de séries e filmes. Viciado em cultura pop, acompanha o mundo do entretenimento desde 2013. Tem pós-graduação em Jornalismo Digital pela ESPM e foi redator do Omelete.

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