Divulgação/Lionsgate
Preso na Itália em 19 de junho, diretor Paul Haggis admitiu que fez sexo com a mulher que o acusa de abuso, mas disse que a relação foi consensual
Preso na Itália em 19 de junho, sob a acusação de que teria abusado sexualmente de uma mulher, o cineasta Paul Haggis (de Crash – No Limite) admitiu que cometeu erros em seu relacionamento com a suposta vítima, mas negou que tenha cometido qualquer violência sexual com ela. “Estou chateado comigo mesmo”, disse.
Haggis foi liberado de sua prisão domiciliar no início do mês, depois de 16 dias sem poder deixar o hotel onde estava hospedado. Ele, no entanto, não pode deixar a Itália até que a investigação seja concluída. Em conversa com o jornal italiano La Repubblica, na sua primeira grande entrevista desde o ocorrido, o diretor e roteirista assumiu que, de fato, fez sexo com a mulher, mas que a relação foi consensual.
“Meu primeiro erro foi permitir que alguém que eu mal conhecia viesse me visitar. Fui tolo. O segundo erro foi na última manhã: depois de um incidente que eu achei desagradável, decidi encerrar aquela situação. Levei a pessoa ao aeroporto horas antes do voo dela. Estou chateado comigo mesmo por esses erros de julgamento, mas não posso compreender que eles resultem em acusações falsas sobre mim”, disse ele.
Não é a primeira vez que Paul Haggis é acusado de abuso sexual. Em 2018, ele foi processado pela assessora Haleigh Breest, que alegou que o diretor a tinha estuprado após a estreia de um filme cinco anos antes. Depois de sua denúncia, outras três mulheres também vieram a público para acusar o roteirista de má conduta sexual. O julgamento desses casos ainda não ocorreu.
Questionado pela publicação italiana sobre as outras acusações, Haggis disse que não podia comentá-las por ainda estarem na Justiça. “Mas aquela mulher nos Estados Unidos não fez uma acusação criminal contra mim. Ela exigiu US$ 9 milhões (R$ 48,4 milhões, na cotação atual) para se manter calada sobre um encontro de uma noite só e consensual que nós tivemos cinco anos antes”, desconversou.
Segundo o Deadline, uma jovem que não é italiana alegou que Paul Haggis teria a forçado a fazer sexo sem consentimento com ele ao longo de dois dias. Depois, ele teria a largado no aeroporto de Brindisi logo pela manhã, “apesar de suas condições psicológicas e físicas precárias”. Funcionários do local perceberam o estado confuso da mulher e a abordaram.
“Depois de receber primeiros socorros no aeroporto, ela foi levada para o departamento de polícia de Brindisi, onde oficiais a acompanharam para um hospital local onde ela foi examinada”, disseram as autoridades para agências de notícias europeias. Depois, a mulher formalizou sua queixa, que culminou no mandado de prisão de Paul Haggis.
No último dia 5, Haggis foi liberado de sua prisão domiciliar porque a juíza Vilma Gilli observou uma “ausência de comportamento violento ou constrangedor” no cineasta. O advogado do diretor, Michele Laforgia, afirmou ainda que não havia sinais de violência ou abuso encontrados na mulher.
Na liberação do cineasta, a juíza também alegou que a decisão de estar com Haggis em seus aposentos foi “espontânea” por parte da mulher. Os promotores do caso ainda estão deliberando se prosseguirão com a investigação.
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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