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Ruggero Deodato em participação no filme O Albergue - Parte 2

Divulgação/Lionsgate

DE HOLOCAUSTO CANIBAL

Morre Ruggero Deodato, diretor censurado por suspeita de matar atores

Lançado em 1980, Holocausto Canibal foi banido em 50 países por cenas de violência sexual, maus-tratos a animais e muito gore

Luciano Guaraldo

Morreu nesta quinta-feira (29), aos 83 anos, o diretor italiano Ruggero Deodato, famoso por filmes com violência explícita e muito sangue. O cineasta entrou para a história ao lançar Holocausto Canibal (1980), proibido em vários países porque as cenas eram tão assustadoras que ele chegou a ser acusado de gravar os assassinatos dos atores de verdade –ele, obviamente, foi inocentado posteriormente.

A notícia foi confirmada pelo roteirista e diretor Sergio Martino, amigo pessoal de Deodato e com quem gravou o documentário Gli Ultimi di Noi (O Último de Nós), ainda inédito. “Acabei de saber que Ruggero Deodato morreu. Com ele dividi uma temporada maravilhosa de cinema. Basicamente começamos juntos um caminho paralelo que, nesses anos de reavaliação do nosso cinema, nos levou a aprendermos muito ao redor do mundo juntos. Adeus, Ruggero”, escreveu ele no seu perfil no Facebook.

Nascido em Potenza, na Itália, em 7 de maio de 1929, Deodato aprendeu a fazer cinema com diretores como Roberto Rossellini (1906-1977) e Sergio Corbucci (1927-1990). Antes de ser conhecido como o “senhor canibal” por se dedicar a filmes do gênero, ele chegou a dirigir musicais, comédias e suspenses nos anos 1960 e 1970 –sem muita repercussão.

Sua jornada mudou com Os Exterminadores (1976), que foi censurado na Itália por causa de uma cena em que os olhos de um homem eram retirados de sua órbita e esmagados. No ano seguinte, ele rodou O Último Mundo dos Canibais (1977), proibido no Reino Unido por cenas de crueldade animal. Quanto mais controvérsias suas obras causavam, maior o interesse do público, e ele atingiu seu apogeu com o infame Holocausto Canibal.

Filmado na parte colombiana da Floresta Amazônica, o longa contava a história de uma equipe de resgate que entrava na mata para procurar quatro documentaristas que haviam sumido enquanto rodavam um projeto sobre tribos canibais. Eles encontram as fitas rodadas pelos cineastas e se chocam com as imagens –o público da vida real também ficou escandalizado com o que viu, e Deodato chegou a ser preso por obscenidade.

Além das acusações de ter feito um “snuff movie” –gênero em que as cenas de violência e morte são reais para aumentar o choque–, Deodato foi criticado por sequências de violência sexual, gore e maus-tratos animais –seis bichos teriam sido mortos de verdade durante as filmagens. Segundo a Variety, Holocausto Canibal foi banido em 50 países –no Brasil, ele chegou a ser exibido, mas com classificação indicativa para maiores de 18 anos.

Apesar de todas as polêmicas, Ruggero Deodato serviu de inspiração para cineastas bem-sucedidos como Quentin Tarantino, Oliver Stone e Eli Roth –que, inclusive, escalou o diretor para uma ponta em O Albergue – Parte 2 (2007). No longa de terror sanguinolento, ele interpretou um personagem creditado como “o canibal italiano”. Nada mais justo, não é mesmo?

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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