MÚSICA

Al Green posa para capa de I'm Still in Love With You

Reprodução/Arte: Tangerina

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De Bowie a Al Green, 10 discos cinquentões que ainda vale ouvir hoje

Em 1972, David Bowie criava seu alienígena, Al Green aveludava os ouvidos dos fãs com dois álbuns e Neil Young se consolidava como o grande compositor que é

Nicolle Cabral
Nicolle Cabral

O ano de 1972 foi histórico para a música brasileira e mundial. Por aqui, escutamos peças fundamentais que moldaram nosso cancioneiro, enquanto o Hemisfério Norte comprava discos que mudariam o rumo do rock.

De um lado, as canções românticas de Al Green, consagrado como uma das vozes mais aveludadas do soul, com dois álbuns aplaudidos pela crítica e pelo público. Do outro, os intensos debates políticos —propícios para a época— que Neil Young, John Lennon com Yoko Ono e Rolling Stones embalaram no formato de discos de rock. E ainda teve David Bowie, sempre ele, acertando como nunca.

Meio século pode soar como uma eternidade, principalmente para a música pop, ávida por novidades. Mas os sons lançados em 1972 seguem reverberando até hoje. A Tangerina separou parte desses clássicos para refrescar sua memória.

Al Green — Let’s Stay Together e I’m Still in Love With You

No intervalo de um ano, Al Green lançou dois discos dignos de elogios. O primeiro, Let’s Stay Together, surgiu da colaboração frutífera entre o cantor e o veterano produtor Willie Mitchell, cujos arranjos oferecem o clima perfeito para os vocais expressivos de Green. A faixa-título alcançou o primeiro lugar das paradas norte-americanos e se consolidou como um dos cartões de visita do crooner.

A inspiração artística de Green, contudo, não parou por aí. Em outubro do mesmo ano, ele voltou a dominar a arte de interpretar hits e lançou I’m Still in Love with You, que lhe rendeu a alcunha de Guru do Amor. O disco de 1972 conquistou a quarta posição no top 200 da Billboard, com dois singles no top 5: a faixa-título e Look What You Done for Me. O registro também contempla uma versão reluzente de For the Good Times, originalmente escrita por Kris Kristofferson. Love and Happiness, um clássico do r&b, ganhou uma versão na voz mais romântica do soul.

Neil Young — Harvest

Um dos discos mais amados do compositor, Harvest é fundamental para consolidar a popularidade de Neil Young. O country-rock intercalado com as aventuras orquestrais levou o registro a ser o mais vendido de 1972 nos EUA, e a faixa Heart of Gold, primeiro single do disco, a alcançar o topo das paradas da Billboard.

Young é reconhecido como um grande observador e crítico das questões sociais do início dos anos 1970, pelas canções altamente impositivas. The Needle and the Damage Done, por exemplo, explora o consumo desenfreado de heroína daquela década, em decorrência da Guerra do Vietnã.

David Bowie — The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars

À primeira vista, seria difícil prever que um disco tão conceitual poderia se tornar um sucesso. Ainda mais se a história é projetada na figura de um alienígena que chega à Terra para alertar a sociedade. Mas, se tratando de David Bowie, a ideia se torna provável. Foi o que aconteceu com The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars. O quinto disco do músico apresentou a primeira de muitas outras personas que Bowie adotaria nas décadas seguintes.

O camaleão sacudiu o mundo com a própria autenticidade a partir do alter-ego Ziggy Stardust e fugiu do que estava sendo feito na cena do rock daquela época. Os elementos do glam rock e os temas abordados no álbum apontam o alienígena do rock ‘n’ roll como um dos maiores trabalhos de Bowie. Destaque para Five Years, Starman e Lady Stardust.

Curtis Mayfield — Super Fly

Trilha sonora do clássico filme de mesmo nome, o disco foi um tremendo sucesso comercial. A produção de Gordon Parks Jr. apoiou uma verdadeira trindade de hits do artista, como Freddy’s Dead, Pusherman e Super Fly. Com o registro, Mayfield provou ser um letrista astuto e uma referência indispensável para o soul e o funk das gerações posteriores.

O artista já havia desfrutado do sucesso em 1970, com The Impressions, mas foi nos primeiros trabalhos solos que ele pôde potencializar a faceta de cronista das vidas negras americanas.

Black Sabbath — VOL. 4

Considerado um clássico indispensável do metal, o Vol. 4 do Black Sabbath foi criado sob o efeito sintético de drogas, especialmente da cocaína. Na autobiografia do guitarrista Tommy Iommi, o artista aponta a droga como a principal razão da produtividade da banda, ao mesmo tempo que a aponta como responsável pela instabilidade deles.

Tendo isso em vista, o tema central do disco de 1972 não fugiu da realidade dos integrantes: Snowblind e Wheels of Confusion são dois exemplos que capturam o momento existencial do grupo. Além das letras, o disco possui riffs clássicos do heavy metal, como Supernaut e Under the Sun.

Aretha Franklin — Young, Gifted and Black

O título do disco de Aretha já era familiar para o público norte-americano. Em 1969, Nina Simone e Weldon Irvine escreveram a faixa To Be Young, Gifted and Black em homenagem a Lorraine Hansberry, dramaturga e amiga pessoal dos artistas, que morreu de câncer.

No ano seguinte, Donny Hathaway gravou a composição para seu disco de estreia, e a recepção foi um tremendo sucesso. Mas foi na voz de Franklin que a faixa foi adotada como um hino para o movimento dos direitos civis nos EUA.

Com isso, o disco alcançou a segunda posição na parada da Billboard, além de ser considerado pela crítica especializada como um dos grandes momentos da carreira da artista. O registro veio depois do fenomenal disco ao vivo Live at Fillmore West, que garantiu o apelo do público roqueiro à grande compositora.

Eagles — Eagles

A estreia do grupo foi um sucesso instantâneo. A tríade de hits Take It Easy, Witchy Woman e Peaceful Easy Feeling chega até a ser algo invejável para as bandas de rock hoje. Principalmente por todas as faixas estarem em um único disco. Gravado no London’s Olympic Studios com o produtor Glyn Johns, o disco chegou à 22ª posição das paradas da Billboard. O feito garantiu o disco de platina. Conforme o grupo buscava a fórmula certa para o próprio country-rock, outros sucessos também brilharam em 1972.

John Lennon & Yoko Ono — Some Time in New York City

Dividido entre gravações em estúdio e ao vivo, o disco investiga temas políticos como sexismo e colonialismo. Para o estúdio, o casal contou com o toque de midas do produtor Phil Spector. Nas gravações ao vivo, foram feitas captações num show em Londres, no Lyceum Ballroom, em 1969. O evento contou com a presença de Eric Clapton, George Harrison e Keith Moon, entre outros.

Nas composições, Lennon manteve a figura de ativista político. Em Sunday Bloody Sunday e The Luck of the Irish, por exemplo, o duo de artistas faz referência à Irlanda do Norte. A primeira retrata o massacre da passeata católica contra o governo, que, anos depois, ficou conhecida pela faixa de mesmo nome da banda U2.

Steely Dan — Can’t Buy a Thrill

O disco de 1972 é a estreia de Steely Dan. No registro, o artista traz canções que vão além da época em que foram criadas. Reeling in the Years, por exemplo, continua sendo uma das músicas mais amadas do cantor, enquanto Can’t Buy a Thrill ganhou disco de platina. Escrito por Donald Fagen e Walter Becker, integrantes da banda, o registro foi um sucesso comercial — chegando à 17ª posição na Billboard.

As canções filosóficas embaladas pelo ritmo de soft rock e folk rock fizeram o grupo entrar na lista dos 500 melhores discos de todos os tempos, da revista Rolling Stone, em 2003.

Exile On Main St. — The Rolling Stones

Em 1960, o mundo era dos Stones. Ao lado dos Beatles, os integrantes da banda se tornaram ícones do rock’n’roll e influenciaram toda uma geração de artistas posteriores. No auge da fama, após lançarem o disco Beggar´s Banquet, porém, o grupo se via em meio a um péssimo momento, por conta dos escândalos envolvendo drogas e, o mais recente e trágico acontecimento: a morte de Brian Jones.

Com isso, no início da década de 1970, os Stones resolveram se exilar no sul da França para gravar um novo disco. Com a rotina agitada, perceberam que haviam produzido mais canções que o necessário: o suficiente para um disco triplo.

Ao voltarem para os Estados Unidos, se reuniram no Olympic Studios e transformaram o material em um registro duplo, com 18 músicas. Inicialmente, o disco não agradou muito aos fãs ou a crítica. O registro foi revisitado com mais atenção e hoje é ovacionado como um dos grandes sucessos dos Stones. Para Keith Richards, por exemplo, esse é o disco definitivo do grupo.

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Antes de ser repórter da Tangerina, Nicolle Cabral passou por Rolling Stone, Revista Noize e Monkeybuzz. Nas horas vagas, banca a masterchef para os amigos, testa maquiagens e cantarola hits do TikTok.

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