MÚSICA

Trecho do clipe de Gasoline do The Weeknd

Reprodução/YouTube

Grammy 2022

Boicotes, machismo e racismo: Relembre as maiores tretas do Grammy

Climão no Grammy? Temos! A história recente da premiação teve momentos constrangedores, artistas que decidiram não participar, como The Weeknd e Drake, e até acusação de segregação

Laysa Leal
Laysa Leal

O Grammy é visto como a grande premiação da música mundial. No entanto, a Academia da Gravação, associação responsável pela festa, volta e meia está envolvida em questões que vão além da música. O boicote de The Weekend e Drake não chega a ser exatamente uma novidade. Outros artistas, como Will Smith, já haviam se recusado a participar da cerimônia, e a Academia já foi alvo de acusações de machismo e racismo.

A Tangerina espreme para você o que houve de mais polêmico na história recente e atribulada do badalado evento, que em 2022 está marcado para 3 de abril.

Boicotes de The Weeknd e Drake

The Weeknd em performance no show do intervalo do Super Bowl, em 2021

Reveja a apresentação de The Weeknd no Super Bowl

Músico se apresentou no disputado intervalo em 2021

Todo mundo sabe que, em 2020, o canadense The Weeknd fez o grande disco do ano, After Hours. Menos a Academia da Gravação. Se a exclusão do álbum em si não fosse escândalo o suficiente, o hit Blinding Lights ainda estava no meio da treta. É difícil cravar os motivos que fizeram o Grammy ignorar o canadense e o grande disco que ele lançou.

O fato é que pegou mal o suficiente a ponto de grandes astros da música pop mundial, como o compatriota Drake, terem deixado de levar o Grammy a sério.

Will Smith e Jazzy Jeff se recusam a comparecer à cerimônia

Indicados à categoria de melhor performance de rap por Parents Just Don’t Understand, em 1989, Will Smith e o DJ Jazzy Jeff se recusaram a comparecer à cerimônia principal quando souberam que a categoria a qual concorriam (e mais tarde venceriam) não seria televisionada.

DJ Jazzy Jeff & The Fresh Prince em trecho de Parents Just Don't Understand

Assista ao clipe de Parents Just Don’t Understand

A faixa de 1989 foi um sucesso e recebeu acenos na série Um Maluco no Pedaço

Já explicamos aqui na Tangerina o porquê de apenas algumas entre dezenas de categorias serem anunciadas no famoso evento televisionado, mas o questionamento dos rappers era mais que pertinente: “Eles transmitiram 16 categorias para a televisão e, pelas vendas de discos, das paradas da Billboard, do ponto de vista do público em geral, não há como dizer que o rap não está entre as principais”, comentou Jeff em entrevista ao Entertainment Tonight, na época.

Sinéad O’Connor recusa o troféu

Como Will Smith e Jazzy Jeff, muitos artistas já se recusaram a comparecer à cerimônia, mas apenas uma entra na lista de polêmicas do Grammy por recusar o troféu. Em 1991, Sinéad O’Connor concorria a quatro categorias do Grammy, entre elas a principal, de álbum do ano.

Horas antes do evento, porém, a cantora comunicou que não compareceria à premiação devido ao seu caráter comercial. Segundo a artista, a cerimônia criava “um grande respeito entre os artistas pelo ganho material”. Além de “honrando-nos e nos exaltando quando o alcançamos, ignorando em grande parte aqueles de nós que não o fizeram”.

Sinead O'Conner em apresentação no The Late Night Show

Em 2018, a artista pop conhecida pela versão de Nothing Compares 2 U, se converteu ao islamismo e mudou de nome

Reprodução/YouTube

Vencedora na categoria melhor performance de música alternativa, O’Connor recusou o prêmio. Sempre política, o álbum dela, I Do Not Want What I Haven’t Go (1990) falava, entre outros temas, sobre o assassinato de jovens negros pela polícia, no Reino Unido.

Presidente da Academia faz comentário machista

Em 2018, Alessia Cara foi a única mulher a receber um prêmio solo na cerimônia do Grammy, na categoria artista revelação. Neil Portnow, presidente da Academia, afirmou na época: “Mulheres que têm criatividade em seus corações e almas, que querem ser musicistas, que querem ser engenheiras, produtoras e querem fazer parte da indústria no nível executivo precisam se dedicar mais.”

A declaração causou revolta na indústria da música e nas redes sociais, motivando, inclusive, uma petição que pedia sua demissão. No ano seguinte, Dua Lipa discursou no palco da premiação: “Quero começar dizendo o quão honrada eu estou pela indicação ao lado de tantas artistas femininas incríveis neste ano, porque… eu acho que este ano nós realmente nos esforçamos, não é?”. Como Alessia, a cantora também recebia o prêmio de artista revelação.

Dua Lipa agradece o prêmio de Melhor Nova Artista no Grammy Awards

Veja Dua Lipa agradecer ao Grammy

Um ano depois, a artista lançou Future Nostalgia, um dos melhores discos de 2020

Segmentação racial no Grammy

Em 2020, Tyler, The Creator aproveitou os holofotes da vitória para lançar luz sobre uma questão há muito debatida por artistas negros: a segmentação racial no Grammy.

“Por um lado, estou muito grato que o que eu fiz possa ser reconhecido em um mundo como este, mas é péssimo que sempre que nós —e eu quero dizer caras que se parecem comigo— fazemos alguma coisa que transcende gêneros, ou coisa assim, sempre nos colocam em alguma categoria urbana ou de rap”, pontuou.

“Eu não gosto dessa palavra ‘urbana’. Pra mim, é só uma forma politicamente correta de dizer a palavra ‘n*gger’ [termo de teor racista comumente usado na língua inglesa]. Então, quando eu ouço isso, eu fico tipo: por que a gente não pode ser indicado à categoria pop? Metade de mim acha que a nomeação a rap é um elogio ambíguo”, completa. Essa foi uma das grandes polêmicas do Grammy.

Tyler, The Creator se apresenta no Grammy 2020

IGOR foi aclamado pela crítica e estreou na primeira posição da Billboard 200 dos EUA

Reprodução/YouTube

A mesma questão já havia sido publicamente levantada por Drake, em 2017. Vencedor nas categorias melhor canção de rap e melhor performance de rap pela faixa Hotline Bling, o artista comentou, em entrevista ao OVO Sound Radio: “Mesmo que Hotline Bling não seja uma música de rap, a única categoria que eles conseguem me encaixar é uma categoria de rap. […] Sinto-me quase alienado, como se estivessem tentando me alienar propositadamente, ou me acalmar me entregando algo e me colocando nessa categoria porque é o único lugar onde eles acham que podem me colocar.”

Jay-Z, Frank Ocean, Nicki Minaj, Kanye West e Childish Gambino são outros nomes que já criticaram a premiação por questões raciais. West, inclusive, chegou a compartilhar um vídeo, em 2020, no qual urinava na estatueta do Grammy.

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Laysa Leal

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Laysa Leal é comunicadora com especialização em audiovisual. Música, cinema e fotografia são suas grandes paixões. Mineira em São Paulo, foi conquistada pelos shows e festivais da capital paulista.

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