Divulgação/Lana Pinho
Em texto exclusivo, rapper paulistana analisa a força de Renaissance e o impacto de Beyoncé em sua própria obra
Sou muito fã da Beyoncé desde Destiny’s Child. Então, venho acompanhando cada fase e como ela mantém sua essência e, simultaneamente, se reinventa, se desafiando a cada projeto. Isso me inspira muito como artista. Não foi diferente com Renaissance, esse projeto lindo e necessário.
Nas 16 faixas, acontece esse mergulho na disco music, mas também trazendo outras sonoridades e a cultura preta de uma forma tão bonita. Tem faixa que vai do disco music, passa pelo afrobeat e bounce, e volta para o trap, então você vai viajando no disco.
Amo quando projetos assim me impactam e fazem com que eu mergulhe com o artista e toda a equipe que construiu o trabalho. Sempre fico ouvindo os discos e prestando atenção a cada detalhe, pirando e pensando “pô, como pensaram nisso, é genial”. Eu amo essa experiência de ouvir disco.
E a Beyoncé é uma artista que sempre me contempla neste lugar, trazendo álbuns e projetos que me fazem mergulhar, viajar, aprender e ficar curiosa para entender o que ela citou ali, quem é aquele artista que eu não conhecia que ela trouxe para fazer o feat. Esse disco está recheado de informação e cultura preta, então eu me sinto muito contemplada e balançada.
Ela, como uma artista preta mundial, é muito essencial na forma como reverencia e evidencia esses ritmos e movimentos negros na música, mas de uma forma muito respeitosa e cuidadosa a todas as pessoas pretas que fazem com que esses movimentos continuem vivos e existindo. Então, é muito admirável como ela vem se entregando visceralmente aos projetos, mantendo esse respeito.
Uma das coisas que mais me impressionou no disco, e que me impressiona em muitos trabalhos da Beyoncé, é a construção do álbum com as transições. Acontecem muitas transições nesse álbum e eu pirei. Você, de repente, está ouvindo uma vibe mais disco e do nada entra um afrobeat, e rapidamente vem uma bateria de miami bass. É alucinante, eu fico pensando, “meu Deus, como que criaram isso e tudo ficou tão bom?”.
Confira o visualizer de Break My Soul
Faixa faz parte do álbum recém-lançado de Beyoncé, Renaissance (2022)
Então, esse passeio feito no álbum me fez realmente dar esse mergulho que ela propôs de nós, mesmo no meio dessa loucura toda, do caos do mundo, nos lembrarmos que temos que celebrar os nossos corpos, nossa existência e nossa alma. Break My Soul traz exatamente isso, de eu não deixar que esse caos todo quebre a minha alma. Lógico que nós nos revoltamos com muitas coisas e temos que continuar lutando e denunciando, mas o quão importante é nos alimentarmos de boas energias e celebração para conseguirmos continuar caminhando e lutando.
Trago muito disso no meu trabalho e em meus projetos. Inclusive, é o que eu trouxe no meu último projeto, o EP Nós. Então, quando vi que ela traria também essa pauta tão importante sobre celebração, enaltecendo a mulher preta que ela é e o movimento negro no geral, eu me identifiquei demais.
As faixas que eu mais pirei, principalmente trazendo esse negócio da transição, foram Cuff It, passando para Energy, e, por último, Break My Soul. O link entre essas três é absurdo, a forma como ela começa e finaliza o disco é incrível também, me fazendo querer voltar e ouvir tudo de novo. Eu realmente amei todo o álbum, sou suspeita para falar, pois a música me leva para uma energia diferente, mas essas são as que eu mais tenho dado replay.
Preciso citar também que Cozy é uma música que gosto demais. Agora, estou muito curiosa e animada para saber o que ela trará nos visuais do disco, espero ver muita gente preta maravilhosa presente nesses visuais, muitas culturas e mulheres pretas se celebrando, assim como Beyoncé vem inspirando a gente a continuar se celebrando. Eu, enquanto artista, também trago isso e quero levar para minha arte sempre.
* Drik Barbosa é rapper, cantora e compositora. Ela lançou o álbum Drik Barbosa (2019) e os EPs Espelho (2019) e Nós (2022), todos pelo selo Laboratório Fantasma. Também fez parte do projeto de rap feminino Rimas & Melodias (2017).
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