MÚSICA

Björk no clipe de Atopos

Reprodução/Instagram

Primavera Sound

Prestes a vir ao Brasil, Björk trocou EUA pela Islândia por violência

Cantora citou caso de tiroteio em escola primária como motivo para manter residência apenas no país nórdico, após décadas em Nova York

Lucas Almeida
Lucas Almeida

Headliner do Primavera Sound São Paulo, marcado para novembro, Björk revelou que um dos grandes motivos para se mudar de vez dos Estados Unidos foi a violência com armas de fogo. Por décadas, a cantora dividia residência entre Nova York e Islândia, até ficar apenas no país nórdico, onde nasceu, durante a pandemia de Covid-19.

“A violência nos EUA está em uma escala que nem consigo imaginar”, disse Björk à Pitchfork. “E ter uma filha que é meio norte-americana na escola, a 40 minutos de Sandy Hook…”, complementou, citando o tiroteio em uma escola primária de Connecticut, em 2012.

“Quando estamos aqui, absorvo toda a Islândia. Se uma pessoa é morta no norte, todos nós sofremos. É uma mentalidade de ilha. Nos Estados Unidos, sendo apenas uma simples insulana, toda a violência foi demais para mim”, explicou.

Assista ao clipe de Atopos, de Björk

Música abriu os trabalhos do álbum Fossora, previsto para 30 de setembro

Depois de cinco anos sem um novo álbum de estúdio, Björk prepara o lançamento de Fossora para 30 de setembro. A primeira faixa de divulgação do projeto foi Atopos, em que a cantora fala sobre um relacionamento, enquanto traz questionamentos sociais em versos como “insistir na justiça absoluta em todos os momentos/ Bloqueia a conexão”.

Para a The Atlantic, a cantora falou que a composição teve inspirações no movimento #MeToo, que levou diversas mulheres de Holllywood a denunciarem casos de assédio na indústria. Em 2017, a própria Björk participou dos protestos e se abriu em uma postagem no Facebook sobre situações que sofreu com um diretor dinamarquês, sem dar nomes.

Muitos especularam que ela estaria falando sobre Lars Von Trier, nas gravações de Dançando no Escuro (2000). Durante a conversa com a revista, a cantora refletiu sobre a eficiência de campanhas como a que integrou. “Se você cancelar todos, isso não é uma solução”, disse. “Especialmente com os homens mais jovens, eles precisam ter a oportunidade de evoluir, crescer e aprender.”

A própria Björk passou por novos dilemas durante a criação do álbum. Um dos grandes parceiros em Fossora, Ican Harem (do duo indonésio Gabber Modus Operandi) foi acusado de violência sexual em agosto, fazendo com que o grupo entrasse em hiato. A cantora decidiu retirar os vocais do músico da faixa-título e deletar as imagens dele do clipe de Atopos.

A islandesa também revelou que não sabia se deixaria o parceiro de Ican, Kasimyn, no disco. No final, ele acabou aparecendo nas duas faixas. “Quero ter coragem de estar na área cinza”, explicou ela à revista.

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Lucas Almeida

Lucas Almeida

Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.

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