Black Pantera abre Rock in Rio com discurso antirracista e som pesado

A banda mineira Black Pantera abriu o primeiro dia de Rock in Rio nesta sexta-feira (2). Com seu histórico de luta antirracista, o trio reafirmou que festival é, sim, lugar para fazer política. “Somos uma banda preta e antirracista, do underground, desde 2014. Poucas pessoas sabem o que é ser um preto do metal neste palco foda. Esse governo não nos representa”, disse o baixista Chaene da Gama.

A manifestação rendeu o primeiro coro contra o presidente Jair Bolsonaro desta edição do Rock in Rio. Depois, o Black Pantera emendou a sugestiva canção Taca o Foda-se. Fogo nos Racistas veio logo na sequência do setlist pesado do trio de trash metal.

Entre uma rodinha e outra —o guitarrista Charles Gama chegou a tocar carregado pelo público—, o Black Pantera convocou a turma do Devotos, banda veterana do underground de Recife.

Elza Soares (1937-2022), “madrinha e dona da porra toda”, foi homenageada pelos dois grupos no palco. Uma foto da cantora aparecia no telão enquanto as bandas cantavam uma versão de A Carne. “A carne mais barata do mercado segue sendo a carne preta”, bradaram.

No fim, pedindo mais “bandas pretas, indígenas, femininas e feministas no palco”, Black Pantera e Devotos saíram ovacionados pelo público ainda discreto que já encarava a Cidade do Rock.

O Rock in Rio segue nesta sexta-feira com Iron Maiden, Dream Theater, Gojira e Sepultura com Orquestra Sinfônica Brasileira no palco Mundo. No Sunset, o festival terá Bullet For My Valentine, Living Colour feat Steve Vai e Metal Allegiance.