Divulgação/Victoria Brito
Em conversa exclusiva com a Tangerina, ator e músico abre o jogo sobre como é colocar suas dores e seus amores nas letras que canta no álbum Jovem
Intérprete de Guto em Malhação: Viva a Diferença (2017) e As Five, Bruno Gadiol conquistou fãs por todo o Brasil com sua faceta de ator. Mas é como cantor que ele expõe a alma em composições extremamente pessoais e que integram seu primeiro álbum –o ex-The Voice promete que o disco será lançado em breve, depois de emplacar hits como Jovem, Te Vi na Festa (e Nem Doeu) e Interessante, single que teve participação de Carol Biazin.
A exposição das dores e dos amores em suas letras não é algo que incomoda Gadiol. Muito pelo contrário. “Cara, sinceramente eu acho muito legal praticar essa vulnerabilidade, mostrar minhas inseguranças… Até porque é um lugar em que as pessoas conseguem se conectar de verdade com o que eu estou falando, sabe?”, provoca o artista em conversa exclusiva com a Tangerina.
Ele, inclusive, não se importa de compartilhar com quem gosta de sua música as motivações por trás de cada letra –seja um ex que partiu seu coração ou algum momento de muita alegria que ele atravessava no momento da composição. “Eu já até recebi algumas críticas por isso, vi um comentário no vídeo em que eu contava qual era a história por trás de Anestesiado que uma pessoa achou ruim: ‘Não tem que falar por que, cada ouvinte tem que criar a sua história’. E sim, você pode colocar aquilo de algum jeito na sua vida, mas eu acho interessante falar como a obra nasceu.”
“Eu sou meio que um livro aberto, gosto de falar da minha vida, dos processos por que passei, não ligo de falar. Tipo: ‘Ah, meu ex fez isso comigo e eu me senti mal’. Não ligo mesmo de tocar nesses assuntos, porque acho que eles geram conexão e fazem as pessoas verem que elas não são as únicas que passam por aqueles problemas, entende? Como compositor, isso ajuda demais.”
É evidente que expor demais pode trazer alguns problemas. Bruno Gadiol já contou, por exemplo, que Interessante foi composta para um ex –“ele não conseguia reconhecer o próprio valor e tinha uma dificuldade muito grande de se enxergar”, aponta. Será que o artista não teme que seus fãs comecem a investigar todos os ficantes que já passaram pela sua vida para associar suas músicas a cada um, como acontece com Taylor Swift?
“Eu dou tão na cara que já deixo evidente quem é, né? Ah, meu ex argentino, meu ex tal coisa… Não é difícil descobrir quem é porque eu já dou dados suficientes (risos). Mas eu acho que é preciso tomar cuidado em certos níveis para não expor a pessoa e aquilo gerar algum hate em cima dela. Acho que nunca foi o caso, porque ninguém fez mal para mim nesse nível, foi só uma relação que não funcionou no fim das contas e gerou uma dor, sabe?”
Ele também não acredita que vá ter problemas caso precise cantar um single escrito para um ex daqui a dez anos, forçando a lembrança de alguém que estaria melhor esquecido. “Não mesmo, porque depois ressignifica! Quando eu canto a música, não penso no ex, sabe? Talvez se um dia eu escrever uma música sobre algo muito complicado que aconteceu comigo e, toda vez que eu cantar, entrar naquele buraco… Mas tudo depende do quão bem resolvido você é com cada situação. Depois que já resolveu, tudo fica mais tranquilo”, minimiza.
“Bem resolvido”, aliás, é uma ótima maneira de descrever Bruno Gadiol. O cantor fala com tanta maturidade que nem parece ter apenas 24 anos –ele completa 25 no próximo dia 6. “Eu fico até me sentindo mal, às vezes, porque sempre me dão mais idade do que eu de fato tenho. Quando eu tinha 18, falavam que eu tinha 25. Eu acho que preciso mudar meus cremes (risos)”, brinca.
“Mas é que eu gosto de me autoconhecer desde muito jovem, principalmente por lidar com a ansiedade e também por conta da minha sexualidade. Desde cedo eu tive que buscar maneiras de encontrar um equilíbrio emocional. E com esse estudo acabei aprendendo a lidar melhor com as coisas da minha vida, tive que aprender a me proteger, como diz a minha música. Acho que passo uma maturidade para as pessoas que conversam comigo.”
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
Ver mais conteúdos de Luciano GuaraldoTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?