‘Ligados pela maconha’: Cypress Hill e Planet Hemp se encontram em SP

Lenda do hip hop, o trio Cypress Hill é um dos headliners do festival Encontro das Tribos, que celebra 20 anos neste sábado (31), em São Paulo. No Pavilhão Anhembi, os norte-americanos vão reencontrar os amigos e fãs do Planet Hemp, com quem mantém relação desde 1995.

Naquela ocasião, Marcelo D2, BNegão e companhia abriram a turnê do Cypress Hill, então estreante no Brasil. Desde aquela época, o trio californiano formado pelos MCs B-Real e Sen Dog e pelo baterista/percussionista Eric Bobo já voltou ao país em outras seis oportunidades. Porém, aqueles primeiros dois shows na finada casa Olympia, em São Paulo, ainda estão na memória do grupo.

“Para mim, meus shows preferidos são sempre os primeiros, quando você conhece um lugar novo. No Brasil, tivemos o Planet Hemp abrindo para nós e foi um grande momento”, recorda Bobo, que cita ainda Carlinhos Brown, Olodum, Airto Moreira e Paulinho da Costa entre os artistas brasileiros que admira.

D2 já evitou comparações entre os grupos

O músico de 54 anos afirma estar ansioso para voltar a ver o Planet Hemp em ação. “Eles foram os primeiros com quem fumei no Brasil. A gente se conheceu e se ligou pela maconha”, revela. “Eles fazem ótimos shows e vai ser bom vê-los de novo. Faz tempo que não os vejo. Na última vez, se não me engano, eles estavam tocando na Argentina e, por acaso, eu estava lá.”

No começo da carreira do Planet Hemp, o grupo carioca era muito comparado com o Cypress Hill. Em entrevista à Folha de S.Paulo, em 1995, Marcelo D2 rechaçava: “A única coisa que temos em comum é que falamos sobre o mesmo assunto [a legalização da maconha]. Se for assim, copiamos também o Peter Tosh e o Bob Marley”.

De fato, a pauta da legalização da maconha, recorrente nas letras, é o grande ponto em comum entre os dois grupos. Outro é a vontade de misturar o hip hop com o rock, que tem tudo a ver com o nome do festival, Encontro das Tribos. “Nós gostamos de juntar diversos gêneros e sons. As pessoas nos conhecem por fazer hip hop, rock e outros sons alternativos, então temos tudo a ver [com o festival].”

Mais uma semelhança é o fato de, quase 30 anos depois, tanto Cypress Hill quanto Planet Hemp ainda estarem em ação, defendendo os benefícios medicinais e recreativos da cannabis em seus respectivos idiomas.

Cypress Hill chega com disco novo

O grupo norte-americano, o primeiro de rap a ter uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, acaba de lançar o álbum Back to Black (2022), que Bobo considera um retorno do trio ao hip hop raiz. Enquanto isso, a banda carioca soltou, no último dia 20, o single Distopia, que estará no primeiro álbum do Planet Hemp em 22 anos. A música traz participação do rapper Criolo, que também está no line-up do Encontro das Tribos.

Assista ao clipe de Distopia, do Planet Hemp

Música tem participação do rapper Criolo

A diferença, agora, é que os californianos do Cypress Hill cantam sobre maconha num país que, Estado após Estado, legaliza o uso medicinal e/ou recreativo da planta. Enquanto isso, o Planet Hemp fala para uma sociedade que ainda prende jovens por posse de pequenas quantidades da droga.

“Nós estávamos preparados para seguir defendendo a descriminalização da cannabis porque é uma questão importante”, afirma Bobo. “O governo deve entender o quanto pode ajudar as pessoas. Claro que terão pessoas usando recreativamente, mas seus benefícios para a saúde são inegáveis. Não tem como a cannabis ser classificada na mesma categoria que drogas como heroína, cocaína, etc. Até o álcool é mais perigoso, mas é legalizado e mata pessoas todos os dias.”

O percussionista do Cypress Hill segue no tópico, confiante: “Cypress e Planet Hemp são dois grupos que vêm tentando difundir a conscientização sobre a cannabis ao longo dos anos. O governo deve perceber as boas qualidades em vez de se concentrar apenas nas ruins. Nós vamos vencer essa luta!”.

A programação completa do Encontro das Tribos

O Cypress Hill se apresenta no Encontro das Tribos às 23h45 deste sábado. O Planet Hemp é a atração anterior do mesmo palco e ataca às 21h35. O festival ainda traz nomes como Sticky Fingers, Soja, Racionais MC’s, BaianaSystem, Matuê, Black Alien, Djonga e mais. Ainda há ingressos à venda.

O festival terá dois palcos posicionados um ao lado do outro, para que o público consiga assistir a todos os shows. Confira os horários abaixo: