MÚSICA

Nick Cave com os olhos fechados

Divulgação

Na Mubi

Luto, diabo e poema: O que esperar do novo documentário de Nick Cave?

Longa This Much I Know to Be True estreia na Mubi e mostra performances dos álbuns Ghosteen (2019) e Carnage (2021)

Lucas Almeida
Lucas Almeida

Nick Cave estrela o documentário This Much I Know to Be True, disponível a partir desta sexta-feira (8) na Mubi. O longa apresenta performances dos dois últimos álbuns lançados pelo roqueiro ao lado do músico Warren Ellis, Ghosteen (2019) e Carnage (2021).

Gravado no Reino Unido, o filme mostra o processo de luto de Nick Cave com a morte do filho Arthur (2000-2015). O longa foi finalizado antes do filho mais velho do músico, Jethro Lazenby (1991-2022), também morrer, em maio deste ano.

This Much I Know to Be True estreou mundialmente na seleção especial do Festival de Berlim de 2022. A Tangerina já assistiu ao filme e revela os pontos altos da produção.

Nick Cave dá um show

Nick Cave cantando com a banda

Cena do documentário This Much I Know to Be True

A maior parte do filme é composta por performances de canções. Para isso, Nick Cave aparece acompanhado do colega e compositor Warren Ellis, de um quarteto de cordas e de três backing vocals. Tudo foi gravado em uma antiga fábrica abandonada na cidade de Bristol.

A produção mostra um olhar único para a gravação de cada faixa. Em alguns momentos, a câmera corre em um trilho circular ao redor dos músicos; em outras, a ação fica por conta da iluminação.

O filme tem cenas completamente escuras, outras com luzes piscando e até com um clarão que deixa a tela quase inteira branca. A sensação é de estar assistindo a um videoclipe para cada canção.

Momentos de descontração

Veja um trecho do filme This Much I Know to Be True

Marianne Faithfull recita o poema Prayer Before Work

As performances grandiosas são intercaladas com algumas passagens bem descontraídas. Uma das mais engraçadas é com a participação da cantora Marianne Faithfull, ícone dos anos 1960 e grande amiga de Nick Cave. Ela aparece para recitar o poema Prayer Before Work, que a poetisa americana Eleanore Marie Sarton (1912-1995) publicou sob o pseudônimo de May Sarton.

Marianne teve sequelas depois de ser internada com Covid-19, em 2020. Com a ajuda de um cilindro de oxigênio para respirar, ela dá ordens precisas para a produção, para se certificar de que fará a sua participação sem ter que repetir as falas. A atitude tira gargalhadas da equipe.

Outro momento inusitado é quando Nick Cave apresenta a sua coleção de cerâmicas. Ele gastou grande parte da pandemia esculpindo uma série de obras, chamada A Vida do Diabo. Cada peça representa um momento marcante na vida do personagem bíblico, da infância à morte.

Convivendo com o luto

This Much I Know to Be True ainda serve como uma continuação do longa One More Time With Feeling (2016), que documenta a criação do álbum Skeleton Tree (2016), logo após a morte de Arthur Cave (2000-2015).

No novo projeto, Nick mostra como ganhou novos propósitos de vida longe do trabalho como músico. Um dos grandes pilares para isso é o tempo que gasta com um site em que responde perguntas existenciais e desabafos de fãs, o The Red Hand Files. Para a câmera, ele lê alguns relatos emocionantes que envolvem o luto.

Os dois documentários foram dirigidos pelo australiano Andrew Dominik, amigo de longa data de Nick Cave. Dominik realizou o último projeto logo depois de finalizar as gravações um outro longa: Blonde, a cinebiografia de Marilyn Monroe estrelada por Ana de Armas, que estreia em setembro na Netflix.

Nick Cave com os olhos fechados

Veja o trailer do filme This Much I Know to Be True

Longa dirigido por Andrew Dominik estreia nesta sexta-feira (8), na Mubi

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Lucas Almeida

Lucas Almeida

Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.

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