MÚSICA

Integrantes da Francisoc, El Hombre se abraçam enquanto posam para foto

Divulgação/Renata Monteiro

Supernova

Francisco, El Hombre defende política em show: ‘Temas urgentes’

Banda retorna ao Rock in Rio em 2022 depois de pedir a 'cabeça do presidente' na versão de Lisboa do festival; confira a entrevista exclusiva

Lucas Almeida
Lucas Almeida

A banda Francisco, El Hombre deu alguns spoilers daquilo que apresentará no Rock in Rio 2022 durante uma participação na edição portuguesa do festival, em junho. Entre os momentos de celebração, a banda aproveita as performances para trazer manifestações políticas em seus shows. Em Lisboa, o verso “me traga a cabeça do presidente”, da faixa Arranca a Cabeça do Rei, chamou a atenção no Brasil.

“É lamentável quando se confunde liberdade de expressão com algum tipo de pregação involuntária. A gente está vivendo momentos de muitas injustiças no Brasil e no mundo todo”, afirma Sebastianismos, um dos fundadores da Francisco, El Hombre, para a Tangerina.

“É muito difícil não falar sobre isso quando a gente sobe no palco, sendo que são temas tão urgentes e necessários e que não são devidamente enfrentados pelas pessoas que deveriam, os governos e as autoridades. Se a gente não falar sobre isso, quem mais vai?”, questiona o músico.

Discussões sobre manifestações políticas em grandes eventos, como Lollapoalooza e Rock in Rio, ganharam maior destaque neste ano devido às eleições presidenciais no Brasil. A empresária Roberta Medina, responsável pelo Rock in Rio Lisboa, chegou a afirmar que acreditava que política não deveria ser feita em cima do palco à Folha de S.Paulo, após a realização do evento.

“Subir em um palco em frente a 50 mil pessoas vivendo no Brasil que vivemos agora e não falar nada deixa muito claro que você está ‘ok’ com a situação desse jeito, ou seja, você quer deixar as coisas como estão”, defende Sebastianismos. “Dar uma opinião sobre uma injustiça é considerado polêmico, combativo e incendiário. “

Francisco, El Hombre retorna ao Rock in Rio

As manifestações da banda não deveriam ser surpresa. Em 2019, a Francisco, El Hombre se apresentou no palco Sunset da edição brasileira. Os integrantes usaram uniformes da seleção brasileira com a frase “educar e resistir” nas costas e meias vermelhas. A performance contou com protestos a Jair Bolsonaro, além de menções à ex-presidente Dilma Rousseff e Marielle Franco (1979-2018).

“Nos megafestivais, a gente sabe que a depender do contexto, o que a gente fala e toca pode ser amplificado de um jeito ou de outro. Podemos ser interpretados como queríamos, ou não”, explica Sebastianismos. “A gente tem que pensar muitas vezes sobre o que vai falar, porque tudo isso vai ecoar, vide o show do Rock in Rio em 2019, o Rock in Rio Lisboa e o Rock in Rio de daqui a menos de um mês“, adianta ele.

Foto mostra visão do palco da banda Francisco El Hombre

A banda Francisco, El Hombre estreou no palco Rock Your Street!, no Rock in Rio Lisboa 2022

Divulgação/Ana Viotti

A Francisco, El Hombre se apresentará no palco Supernova em 8 de setembro. No dia seguinte, Sebastianismos retorna ao mesmo local em seu projeto solo. “O show será muito parecido com o de Lisboa, mas passamos por várias cidades desde então, a apresentação e a músicas amadureceram e ganharam outro tipo de potência”, explica ele sobre a performance com a banda.

No projeto solo, Sebastianismos lançou o álbum Tóxico (2021), inspirado por influências do pop punk. Cerca de um ano depois dos primeiros passos, ele agradece a oportunidade no festival. “O Tóxico foi feito de uma forma muito sincera e despretensiosa. Tem momentos em que a gente precisa de um espetáculo grandioso. Mas, às vezes, é a mensagem crua que cria mais arrepios”, comenta ele.

Turnê Arranca a Cabeça do Rei

O show no Rock in Rio integra a turnê de divulgação do último single da Francisco, El Hombre, Arranca a Cabeça do Rei. Apesar de só ter sido lançada em agosto, a faixa já estava sendo tocada no show antes, por um motivo estratégico. A banda gravava os vocais da plateia para a inserção em um coro que pode ser ouvido nos primeiros segundos da faixa.

A ideia da composição surgiu para Sebastianismos em 2019, enquanto ele limpava a casa ao som de Xibom Bombom, do grupo As Meninas. A letra até faz um aceno para a o hit de 1999 nos versos “todo mundo olha pra cima/ E o de cima pisa embaixo”. Formado em História, o músico se inspirou na Revolução Francesa para escrever sobre o Brasil atual.

“As decapitações que rolaram foram muito emblemáticas, porque foi registrado o que acontece quando um povo oprimido bota a mão na massa contra o seu opressor. Também é na Revolução Francesa que surge a terminologia de centro-esquerda e centro-direita”, explica ele.

Foi só durante a pandemia que a banda parou para analisar a letra e começou a produção. Agora, os integrantes celebram o sucesso do lançamento com o público. “Nosso show é muito para além disso, mas a gente sempre prezou pelo privilégio do holofote para trazer luz a coisas que, no mundo ideal o próprio governo faria”, defende Sebastianismos.

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Lucas Almeida

Lucas Almeida

Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.

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