Ivete Sangalo no Rock in Rio: ‘Deus não acredita na violência’

Com arranjos roqueiros e riff de Sweet Child O’ Mine tocado por ela na guitarra, Ivete Sangalo veio de voadora para mais um show no Rock in Rio. O hit Alegria fez o público do palco Mundo pular que nem pipoca.

Escolada no quesito grandes shows, a baiana trouxe um palco grandioso, que tinha seu nome em letras garrafais com blocos de LED. A numerosa banda ainda veio com um reforço especialmente sentimental para a cantora: o filho Marcelo, de 12 anos, na percussão.

Ele também tocaria piano para a mãe em versão ainda mais emocionante de Quando a Chuva Passar. “Coisa linda da mamãe”, brincou ela.

Abalou e Sorte Grande seguiu na missão de levantar poeira (e fãs). A última, inclusive, teve um flerte com funk, e Ivete Sangalo, aos 50 anos, mostrou que o gingado segue o mesmo de três décadas atrás, quando surgiu com a Banda Eva e virou ícone da axé music.

“Eu tô feliz pra c***lho!”, gritou Ivete entre Festa e Acelera Aê. Em outro momento, Ivete soltou que “Deus não acredita na violência. Ele acredita no amor”. Recente, Tá Solteira, Mas Não Tá Sozinha trouxe o pagodão baiano ao Rock in Rio. O gênero popular nos subúrbios de Salvador tem ganhado cada vez mais apelo nacional. Enquanto isso, Pabllo Vittar aparecia no telão dançando muito.

“Eu quero dizer a vocês que tenho um orgulho imenso de ser uma cantora brasileira que há 30 anos é abraçada por vocês desta maneira”, derreteu-se Ivete antes de chamar o carnaval.

O bloco carnavalesco trouxe clássicos do axé como Faraó (Margareth Menezes), Prefixo do Amor, Baianidade Nagô (ambas de Bamdamel) e Me Abraça, Me Beija (Banda Eva).

Para não dizer que não teve música nova, Moral, lançada durante o programa Música Boa, do Multishow recentemente, entrou com discrição no repertório. Mas logo foi ofuscada por Beleza Rara, mais um hit da época de Banda Eva. Também lançado em 2021, Mexe a Cabeça destacou os batuques de Marcelo Sangalo. A mãe dançou ao lado do filho e beijou a cabeça dele.

Ivete Sangalo não respirou por um minuto. Acostumada a comandar trios elétricos por horas, ela tratou o show no Rock in Rio como um longo sprint. E o público acompanhou do começo ao fim. Difícil reclamar que esta é a 17ª participação da baiana no festival, somando todas as edições em diferentes países.

“Quando eu coloco meus filhos no palco, eu fortaleço a relação das mães com seus filhos. Existem muitas famílias e todas elas são muito poderosas. Esse país merece continuar sendo livre e reconhecido como o país maravilhoso que nós somos. E continuaremos sendo, porque nada vai nos impedir. É um novo tempo que está chegando”, bradou Ivete, sem citar nomes nem deixar muito tempo para gritos por nenhum político.

Ela já trouxe o carnaval de Salvador de volta com a sequência O Mundo Vai e Arerê, quando foi para os braços do povo, literalmente. O pequeno intervalo antes de Minha Pequena Eva, para ela voltar ao palco, foi o suficiente para o público soltar o grito contra Bolsonaro.

Ivete Sangalo encerrou mais um show bem-sucedido no Rock in Rio invadindo cinco minutos do tempo de Macy Gray no palco Sunset. O festival segue em seu último dia com Rita Ora, Megan Thee Stallion e Dua Lipa no palco Mundo. Além de Gray, Ludmilla encerra o Sunset.