MÚSICA

Os avatares da banda Kiss

Reprodução/Instagram/Kiss

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Após 50 anos, Kiss se despede dos palcos e investe em shows virtuais

Em sua última turnê, a banda Kiss anunciou sua aposentadoria dos palcos, mas garantiu que vai continuar fazendo shows com ajuda de IA

Adriana Del Ré

Com 50 anos de carreira, a banda Kiss anunciou um novo capítulo de sua trajetória. O quarteto formado por Paul Stanley, Gene Simmons, Eric Singer e Tommy Thayer não fará mais shows depois que encerrou sua turnê End of the Road, no último dia 2, no Madison Square Garden, em Nova York. Pelo menos, não em carne e osso –é que, com a ajuda da inteligência artificial (IA), o grupo quer prolongar sua permanência nos palcos de forma virtual.

O anúncio da ‘nova era que começa’ foi feito no final do último show e pegou os fãs de surpresa. Naquele momento, como num rito de passagem, os músicos do Kiss foram substituídos por seus avatares, que assumiram o bis com o clássico God Gave Rock And Roll To You.

“A banda nunca vai parar, porque os fãs são donos dela. O mundo é dono da banda. A banda merece viver, porque ela é maior do que nós”, afirma o vocalista Paul Stanley, em um trecho de uma entrevista publicada nas redes sociais do Kiss.

Ainda em suas redes, o Kiss compartilhou imagens da técnica usada para captar expressões de seus rostos, que serão usadas nos avatares. “Kiss foi imortalizado e renascido como avatares para arrasar pra sempre!”, diz a legenda.

Os fãs, de uma maneira geral, não reagiram bem à iniciativa da banda de se perpetuar por meio de IA. “Embaraçoso”, escreveu um seguidor nos comentários de uma postagem no Instagram. “Não vou gastar meu dinheiro com isso”, garantiu outro.

A banda Kiss segue o exemplo do ABBA, que estreou, em 2022, um show holográfico depois que o grupo se reuniu e gravou um novo álbum. A apresentação foi previamente gravada pelo grupo para que seus movimentos fossem mapeados. Aliás, tudo indica que a tendência dos shows holográficos se fortaleça no mercado do entretenimento daqui para frente.

No entanto, assim como em todos os setores, o uso de IA também gera controversas na arte em âmbito mundial. No Brasil, a recriação digital da cantora Elis Regina (1945-1982) no comercial da Volkswagen, fazendo dueto com a filha Maria Rita na canção Como Nossos Pais, esquentou o debate. Para a peça publicitária, foi usada a técnica deep fake, que sobreposiciona voz e expressões faciais –no caso, a atriz Ana Rios emprestou seu rosto para a IA atuar.

Celebridades internacionais também estão reagindo a essa nova onda. A popstar Madonna e a atriz Whoopi Goldberg, por exemplo, deixaram expressamente proibida, em seus testamentos, a criação de hologramas de suas imagens depois que morrerem.

Neste ano, em Hollywood, a classe de atores não encerrava uma longa greve enquanto não fosse retirada uma cláusula proposta pelos estúdios envolvendo IA: eles queriam fazer pagamento único para usar imagens de atores falecidos ilimitadamente. Só depois da negação dessa cláusula por parte dos estúdios é que a greve acabou.

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