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'Foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo', afirma a cantora americana que também fará quatro apresentações em São Paulo
Prestes a embarcar para uma sequência de shows no Brasil, Macy Gray revisita as reflexões que teve após ser alvo de críticas na internet por falas transfóbicas em entrevista na TV britânica em julho. “Digo para as pessoas que, provavelmente, foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo, porque aprendi muito”, afirma ela à Tangerina.
“Em primeiro lugar, sobre como é ser uma mulher transgênero neste mundo. É uma jornada, assim como a vida de todo mundo, saber que as pessoas vão te ostracizar e dizer coisas dolorosas e seguir em frente mesmo assim. O que eu disse definitivamente foi tirado de contexto e eu não queria magoar ninguém”, explica a cantora norte-americana. “Nunca foi a minha intenção. Abraço totalmente a diversidade, o que é único e diferente nas pessoas. Escrevo músicas sobre isso. Já dizia essas coisas muito antes de tudo isso acontecer.”
Voz do hit I Try, de 1999, Macy Gray será atração do palco Sunset no Rock in Rio no domingo (11) e divide o line-up com Ludmilla, Liniker e Luedji Luna. Antes disso, ela ainda fará apresentações duplas no Blue Note, em São Paulo em 9 e 10 de setembro. Os ingressos estão disponíveis pela plataforma Eventim.
Apesar de já ter vindo ao Brasil diversas vezes nas últimas duas décadas, Macy Gray revela que fica apreensiva ao subir no palco do Rock in Rio. “Estou um pouco nervosa, sei que é um dos maiores festivais que existem. Nós vamos só fazer o nosso lance”, define. Os momentos ao vivo são a paixão da artista de 55 anos. “Eu, provavelmente, só faço discos para que possa tocar música no palco”, diz ela.
Intitulado de The Reset, o próximo álbum de Macy já está pronto há um tempo. Ele teve a divulgação adiada por causa da repercussão das falas transfóbicas. Deverá chegar às plataformas em 23 de setembro. “Vai ser um processo fazer o lançamento, para o qual eu estou totalmente preparada”, diz ela. “Está mais difícil do que nunca ter a atenção das pessoas, porque estamos tão saturados com lançamentos, novos programas de TV, notícias, mídias sociais. É um desafio conquistar as pessoas.”
As músicas foram todas gravadas durante o período da pandemia. “Foi só para acabar com o tédio. Não havia mais nada para fazer. Você não podia ir a lugar algum, estava cansada de assistir à TV”, relembra Macy Gray, com bom humor. No momento em que os estúdios voltaram a funcionar, ela agendou com a banda. “O futuro de todos estava no ar. Todos fizeram planos que tinham sido massacrados. Nós estávamos lá, e essa era a parte boa. Podíamos colocar toda essa emoção inteiramente nas músicas.”
O caso de transfobia aconteceu em uma entrevista ao jornalista Piers Morgan. “Só porque você vai mudar as suas partes não te faz uma mulher”, disparou Macy Gray, que chegou a defender J. K. Rowling, autora de Harry Potter. A resposta das pessoas depois das falas fez com que a cantora também repensasse o uso de redes sociais.
“Você entra e vê esses pequenos trechos sobre diferentes pessoas e você nunca vê a história completa. É tão ridículo. Você não tem a chance de focar em nada, porque há tanta coisa vindo até você”, define ela, que nunca deu ouvidos a quem falava sobre danos causados pelo uso das plataformas. “Estamos tão saturados de coisas que não têm nada a ver com a gente. É distrativo.”
Depois do “cancelamento”, Macy Gray conta que escreveu uma música juntamente com Big Freedia, rapper trans de Nova Orleans que apareceu no último álbum de Beyoncé. Intitulada de I Am Who I Am (Eu Sou Quem Eu Sou, em português), a faixa poderá ser lançada ainda em setembro. “É um hino para todos”, define ela.
Lucas Almeida
Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.
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