Reprodução/Instagram
Em entrevista à Tangerina, Marcelo D2 confessou que sentiu medo nos últimos anos, mas que vê com mais otimismo o país após a mudança de governo
Quando se discute o assunto governo com Marcelo D2, o rapper faz questão de deixar bem clara a sua posição política. Para ele, os últimos quatro anos, com Jair Bolsonaro no poder, foram um resgate das piores coisas que viveu em sua infância, em meio à Ditadura Militar (1964-1985). “Eu achei que o que a gente passou nesses quatro anos tinha ficado para trás, que a gente nunca mais ia viver isso”, confessou em entrevista exclusiva à Tangerina.
Para D2, que sempre usou a música como artifício para escancarar a podridão e chamar a atenção para pautas sociais, a cultura sofreu um desgaste gigante no momento em que a extrema direita tomou conta do Brasil.
“Talvez a gente só vai entender mesmo lá na frente, sabe? Daqui a 10 anos. Isso foi uma falha no país”, declarou o músico. “A gente está falando de cultura, mas não foi só a cultura que sofreu –teve também a saúde e a educação pública no Brasil, que viraram um caco. Não tem mais nada. Vai ter que começar tudo do zero.”
O rapper confessou que ficou assustado com tudo o que presenciou. “Até a economia foi para a casa do car*lho”, admitiu. “Foi assustador para mim, no auge dos meus 50 anos, olhar e falar: ‘Cacete, o que que está acontecendo?’.”
Em sua próxima turnê, Marcelo D2 pretende resgatar o samba de raiz e a ancestralidade, pois acredita que esse é o melhor momento para isso. “Eu estou mudando completamente o meu show, estou começando a fazer um samba novo, que resgata a raiz, que resgata a ancestralidade, porque ancestral é contemporâneo. Não tem momento melhor na minha vida do que esse. Eu quero participar disso enquanto artista, na minha humilde participação nesse mundo. Eu quero estar na reconstrução desse país”, afirmou.
Apesar da esperança, D2 é cauteloso e sabe que será um árduo caminho para evoluir. “Quero participar disso otimista para caralho, mas um otimista cauteloso e ativo. Vai ser uma guerra, porque eles ainda estão aí. Eles não voltaram para o armário, eles ainda estão aí botando peruca no Parlamento e falando zombando de pessoas trans, de mulheres. Eles estão aí levantando livro do nazismo no Senado. Então, eu espero que a gente tenha aprendido muito com isso e acho que o futuro está nessas três palavras: eu estou super otimista, mas cauteloso e ativo para caramba. Essa é a hora de mostrar o Brasil que a gente quer”, concluiu.
Giulianna Muneratto
Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero. Adora um filme clichê, música pop e sonhava em ser cantora de cruzeiro, mas não tem talento pra isso.
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