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Banda iniciou turnê de reunião em Wisconsin e abordou temas como aborto e política de imigração
Um longo hiato e uma pandemia depois, o Rage Against the Machine está de volta. Uma das mais importantes bandas de rock de protesto do mundo fez seu primeiro show desde 2011 na noite deste sábado (9), no Alpine Valley Music Theater, em Wisconsin. A arena recebeu mais de 30 mil pessoas.
A turnê de reunião do Rage Against the Machine foi anunciada em 2019. A ideia original era começar no ano seguinte, logo depois da eleição presidencial dos Estados Unidos, em uma pequena casa de shows em El Paso, no Texas, próxima à fronteira dos Estados Unidos com o México. Porém, a pandemia de Covid-19 forçou diversas mudanças de planos.
Em Wisconsin, a banda formada por Zack de La Rocha, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk tocou por cerca de uma hora e meia. O setlist teve 16 músicas e foi encerrado com o hit Killing in the Name —veja a lista de músicas no fim da matéria. Uma surpresa foi a releitura de The Ghost of Tom Joad, de Bruce Springsteen, que o RATM não tocava desde julho de 2000.
Segundo o jornal Milwaukee Journal Sentinel, que cobriu o show, a apresentação não teve discursos entre as músicas. De vez em quando, o Rage Against the Machine deixava o palco para o público prestar atenção nas projeções no telão. Entre as cenas pesadas, estavam uma viatura policial pegando fogo em El Paso, um policial da fronteira posando com um pastor alemão agitado e um rapaz vendado destruindo uma piñata em formato de policial.
Tópicos recentes da política norte-americana e mundial também foram abordados no show. Numa reação à polêmica decisão sobre aborto nos Estados Unidos, por exemplo, o grupo projetou uma declaração no telão e Zack de La Rocha soltou gemidos e murmurou pedidos de liberdade.
“Forçar gestações no único país rico do mundo que não tem licença parental paga garantida a nível nacional. Forçar gestações num país onde parteiras negras correm duas ou três vezes mais riscos de morte que brancas. Forçar gestações num país onde a violência armada é a maior causa de morte entre crianças e adolescentes. E, para concluir: Abortem a Suprema Corte”, dizia a mensagem.
Logo após a decisão da Justiça norte-americana, que ficou conhecida como Roe x Wade, o Rage Against the Machine anunciou que doaria US$ 475 mil da bilheteria de três shows em Alpine e Chicago para ONGs que defendem o direito reprodutivo nos estados de Wisconsin e Illinois.
A turnê de reunião da banda segue pelo menos até abril de 2023 e vai passar por 12 países. Há rumores sobre possíveis shows no Brasil.
Luccas Oliveira
Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.
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