MÚSICA

Nicki Minak sentada em chão com as pernas esticadas para divulgar canção com sample de Super Freak

Reprodução/Instagram

Super Freaky Girl

O que Nicki Minaj, Jay-Z e Claudinho & Buchecha têm em comum?

Em novo lançamento, cantora americana usa a mesma batida de Super Freak, música lançada por Rick James em 1981

Lucas Almeida
Lucas Almeida

Nicki Minaj divulga, nesta sexta-feira (12), o single Super Freaky Girl, em que exalta o seu poder e sua sensualidade. “Você pode bater, você pode agarrar, você pode descer e beijá-la/ E toda vez que ele me deixa sozinha, sempre me diz que sente falta”, canta ela nos versos da nova faixa. O lançamento marca um ponto em comum da rapper com outros nomes da música, incluindo Jay-Z e até Claudinho & Buchecha.

É que a cantora de Trinidad e Tobago usa trechos da música Super Freak, de Rick James (1948-2004). Logo no começo da faixa, é possível ouvir os vocais do cantor nos versos “aquela garota está bem comigo”. Depois, ela ainda aproveita as batidas icônicas da faixa original, que foram reproduzidas diversas vezes desde o lançamento.

Super Freak foi estava originalmente no quinto álbum de estúdio de Rick James, Street Songs (1981), lançado pela Gordy Records, uma subsidiária da icônica Motown, que concentrava nomes de R&B e soul. O cantor improvisou parte da letra no estúdio, que depois foi editada pelo DJ Alonzo Miller, creditado como cocompositor. As faixas de backing vocals foram gravadas pelo grupo The Temptations. Amigos de Rick, os integrantes faziam parte do time da Motown na época.

Segundo o livro Super Freak: The Life of Rick James (escrito por Peter Benjaminson e publicado em 2017), Rick James não se apaixonou por Super Freak, mas a manteve no álbum como uma tentativa de aumentar o número de fãs brancos sem se comprometer com o público negro, que representava a maior parcela da sua audiência. Ele teria descrito a música como a faixa que “os brancos poderiam dançar”, de acordo com a biografia.

Na letra, ele faça de uma mulher sensual como “super freak” (algo como “super doidinha”, em português). O sucesso foi imediato. A faixa se tornou um dos maiores hits de Rick, e alcançou a 16ª posição da lista de mais vendidas nos Estados Unidos, a Billboard Hot 100, no mesmo ano. Rick James ainda foi indicado ao Grammy por melhor performance vocal de rock masculina.

A composição fez história. Em 2021, ela figurou na lista de 500 melhores músicas de todos os tempos da revista Rolling Stone. Não é à toa que tantos artistas se inspiraram na canção nas últimas quatro décadas. A Tangerina apresenta os principais deles.

The Temptations feat. Rick James – Standing on the Top (1982)

No ano seguinte ao sucesso de Super Freak, Rick James voltou a trabalhar com o The Temptations. Eles aproveitaram alguns vocais da faixa original para o álbum Reunions (1982). No disco, a música foi lançada com quase dez minutos de duração. No lançamento como single, foi preciso dividi-la em duas partes (intituladas como A e B).

MC Hammer – U Can’t Touch This (1990)

Já na década seguinte, Super Freak ficou conhecida por uma nova geração depois do lançamento de MC Hammer, no álbum Please Hammer Don’t Hurt ‘Em (1990). A faixa coordena as batidas da música original com os versos em que Hammer repete “você não pode tocar nisso”. O lançamento se tornou a música mais conhecida do MC e rendeu indicação a três Grammys — ele venceu as categorias de melhor canção de rhythm e blues e melhor performance de rap solo.

O sucesso ainda veio com polêmicas. Rick James processou MC Hammer por usar o sample sem autorização. Eles resolveram a situação com um acordo na Justiça, e o compositor foi creditado na faixa. A vitória por U Can’t Touch This ainda rendeu o único Grammy da carreira de James.

Claudinho & Buchecha – Xereta (1998)

Na mesma década, as batidas de Super Freak fizeram sucesso em terras brasileiras. Claudinho & Buchecha usaram o trecho do refrão na faixa Xereta. A música faz parte do álbum Só Love (2002) e mantém um clima sensual, de declaração amorosa a uma parceira, com os versos “vou fazer você dançar, sua xereta/ Vou fazer você zoar, esse planeta”.

Jay-Z – Kingdom Come (2006)

O uso mais criativo de Super Freak, disparado, foi o de Jay-Z. A faixa fica quase irreconhecível entre outras batidas e os versos cantados pelo rapper. Na letra, ele ainda aproveita para citar U Can’t Touch This: “Tive que tirar o pó da dança do Hammer, não posso tocar isso”.

O sample foi uma ideia do parceiro de Jay-Z e produtor da faixa, Just Blaze. Ele também usou trechos de 100 Guns, lançada pela Boogie Down Productions em 1990.

A criação se tornou inspiração para o álbum de mesmo nome, Kingdom Come (2006). O projeto representou o retorno do rapper, que tinha anunciado sua aposentadoria com o lançamento do The Black Album (2003).

Gucci Mane – Freaky Gurl (2006)

No mesmo ano de Jay-Z, Gucci Mane lançou uma faixa que usava parte da letra de Super Freak. No refrão, o rapper repetia os versos “ela é uma garota muito doidinha, não a traga para a mamãe”. A faixa entrou para o álbum Hard to Kill (2006) e ganhou um remix no Trap-A-Thon (2007), ambos lançados pela gravadora Big Cat.

No entanto, Mane teve mais sucesso com a música ao soltar um novo remix, em 2007, depois que entrou para a Atlantic Records. A versão contou com a participação de Ludacris e Lil Kim nos vocais.

No ano seguinte, a própria Nicki Minaj usou a música de Gucci Mane como sample, em Wanna Minaj?, canção da mixtape Sucka Free (2008), que não está disponível nas plataformas digitais. Na letra, ela cantava “você quer uma garota doidinha? Bem-vindo ao mundo da Nicki”.

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Lucas Almeida

Lucas Almeida

Repórter. Passou pela MTV Brasil e Veja.com. É fã de um pop triste e não deixa de ouvir todos os lançamentos musicais da semana.

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