MÚSICA

Titãs e Sarah Oliveira no documentário Bios. Vidas que Marcaram a Sua

Divulgação

Bios. Vidas que Marcaram a Sua

Documentário do Titãs tem ‘treta’ com Lulu Santos, prisão e despedidas

Lançado pelo Star+, filme tenta não ser chapa branca e mostra dramas e glória da banda que completa 40 anos

Luccas Oliveira
Luccas Oliveira

Banda cuja história se confunde com a do rock brasileiro, o Titãs tem seus 40 anos de estrada resumidos no documentário Bios. Vidas que Marcaram a Sua. O filme de 1h30, produzido pela National Geographic, entrou no catálogo do Star+ nesta sexta-feira (29).

Integrantes remanescentes da banda, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto são acompanhados pela jornalista Sarah Oliveira em locais importantes para a história do grupo. Entre eles, o pátio do Colégio Equipe, em São Paulo, onde o grupo se conheceu, e o SESC Pompeia, palco do primeiro show do Titãs.

Titãs e Sarah Oliveira no documentário do National Geographic

Assista ao trailer do documentário do Titãs

Filme é da série Bios. Vidas que Marcaram a Sua

Um dos trunfos do filme, no entanto, está na participação dos ex-integrantes do grupo. Arnaldo Antunes, Nando Reis, Paulo Miklos, Charles Gavin e André Jung dão depoimentos, assim como Liminha, produtor de discos clássicos, como Cabeça Dinossauro (1986) e Jesus não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987).

“O filme trouxe diversas visões, de ex-integrantes, jornalistas, o mesmo assunto comentado por pessoas e visões diferentes”, reforçou o guitarrista Bellotto. “Às vezes, você acaba revendo sua visão dos assuntos”. Mello fez coro: “Me lembrei de coisas que eu não lembrava mais e é muito interessante ouvir os outros falando sobre o mesmo fato”.

Doc do Titãs tenta não ser chapa branca

Apesar da participação ativa do Titãs, o documentário evita ser chapa branca. Os entrevistados falam abertamente sobre passagens conturbadas do grupo, como as saídas forçadas de Ciro Pessoa e André Jung ou o “chapéu” que deram em Liminha na gravação de Tudo ao Mesmo Tempo Agora (1991).

Outro ponto que talvez não seja de conhecimento das novas gerações é que o hitmaker Lulu Santos, já um músico reconhecido, produziu o segundo disco do Titãs, Televisão (1985). O encontro, no entanto, é contada como um episódio difícil. Lulu, que não participa do filme, ficou incomodado com alguns comentários dos músicos à época e a banda não aprovou a figura centralizadora dele no estúdio.

Afinal, como disse Branco Mello, o Titãs já tinha cabeças pensantes demais. “É uma banda muito diferente de todas que eu conheço, por todos fazerem música, serem compositores. Tínhamos cinco cantores. Não é algo fácil de encontrar na história do rock. É um diferencial”, lembrou.

Faustão deu força em momento difícil

Outro momento complicado para a banda abordado no documentário é as prisões de Arnaldo Antunes e Bellotto por porte de heroína. Arnaldo foi fichado como traficante e precisou ficar na cadeia por um mês. À época, em 1985, eles foram usados como exemplos dos perigos da droga.

A carreira estava decolando, mas sofreu um baque com shows e programas de TV cancelados —menos o de Faustão, que bancou a presença do Titãs e é elogiado até hoje por Nando Reis.

A banda Titãs no clipe de Caos

Assista ao clipe de Caos, inédita do Titãs

Música foi composta por Rita Lee, Roberto de Carvalho e Beto Lee para a banda

“Quando começamos, nosso grande objetivo era conseguir gravar um disco”, conta Britto. “Não tinha muito essa história de gente jovem vivendo de música. Tinha a turma da MPB, só. Para nós, parecia uma coisa muito difícil gravar. Era uma paixão de adolescente que se concretizou. Nossa vida não é um mar de rosas, mas realizamos um sonho”.

Antes um octeto, agora o Titãs se resume a um trio que ganha a ajuda de Beto Lee e Mario Fabre nos shows. A banda se prepara para lançar um disco de inéditas ainda em 2022. As mudanças nas formações, com as saídas de integrantes importantes, e a trágica morte do guitarrista Marcelo Fromer (“nossa maior tragédia”, aponta Bellotto), em 2001, também são capítulos importantes do documentário.

“A cada saída, a gente tem a impressão que talvez tudo acabe, que era a peça que faltava para a coisa ruir. A última saída, do Paulo [Miklos, em 2016], foi muito difícil”, confirma Bellotto. “Mas aí acontece uma coisa que não é racional, pinta um instinto de sobrevivência. A banda é uma entidade coletiva que se sobrepõe às individualidades”.

O episódio do Titãs na série documental Bios. Vidas que Marcaram a Sua está disponível no Star+.

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Luccas Oliveira

Luccas Oliveira

Luccas Oliveira é editor de música na Tangerina e assina a coluna Na Grade, um guia sobre os principais shows e festivais que acontecem pelo país. Ex-jornal O Globo, fuçador do rock ao sertanejo e pai de gatos, trocou o Rio por São Paulo para curtir o fervo da noite paulistana.

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