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Atração da final do BBB22, rapper carioca conta que tem ouvido Sinatra, Beatles e B.B. King para compor novos hits e revela paixão por HQs: 'A forma como eu escrevo é cinema, gibi e rap'
Durante um mês e meio, Xamã foi dono da música mais ouvida do Brasil. O refrão “então viaja de avião, mó princesa, mó pressão, só vapo, vapo do malvadão” foi reproduzido mais de 192 milhões de vezes no YouTube e 151 milhões no Spotify. A tag “Malvadão”, que dá nome ao hit, coleciona 2,3 bilhões de visualizações no TikTok —plataforma na qual a canção viralizou pela primeira vez em dezembro de 2021. O rapper carioca de Sepetiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, cursou faculdade de Direito, foi vendedor de amendoim no trem, trabalhou como camelô, mas encontrou o próprio caminho na música.
“Eu sempre achei que seria grande, desde a primeira batalha [de rap] que eu ganhei e descobri que era bom. Mas não dava pra saber que nenhuma música que eu planejasse seria desse tamanho”, reflete o artista, em entrevista exclusiva à Tangerina.
Assista ao clipe de Malvadão 3
Música levou o rapper Xamã a um novo status popular
Com Malvadão 3, produção de Neo Beats e Gustah, Xamã conquistou o 1º lugar no Spotify Brasil e Portugal, além de alcançar a 38º posição do ranking mundial. No iTunes Brasil, Shazam e Deezer, também liderou o pódio. No YouTube, o hit conquistou o 4º lugar no Brasil e a primeira posição do Portugal. Até a publicação desta matéria, o clipe do rapper ocupava a 14ª posição nos principais vídeos da plataforma.
Com a repercussão do grande hit, Xamã, agora, desfruta de uma chuva de convites para campanhas publicitárias e estampa os line-ups dos principais festivais do Brasil, entre eles o Rock in Rio e o novíssimo Turá, marcado para o Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
O rapper também acaba de voltar de uma turnê internacional. Na África, cantou em Luanda e Benguela, cidades angolanas. “Foi como se eu fosse de lá. Eles interagem muito com as músicas brasileiras, com a TV brasileira”. A experiência de tocar no Estádio Nacional Nelson Mandela, em Uganda, também foi um momento marcante para o artista. “Foi surpreendente”, relembra. O giro intercontinental também teve paradas pela Europa.
Nesta terça (26), Xamã surge como uma das principais atrações da final do BBB 22, ao lado de Léo Santana, Matheus & Kauan, Jão e Paulo Ricardo, além das cantores que participaram desta edição, Naiara Azevedo, Linn da Quebrada e Maria.
Embora o nome do rapper e o reality show da TV Globo estejam associados desde o antigo affair de Xamã com a ex-participante Thaís Braz, se tem uma coisa que o Xamã não cogita, pelo menos agora, é participar do programa —exceto para cantar. “Não iria, porque eu gosto muito de música. Eu lá [no BBB] ia dar problema, ia ser cancelado, ia fugir, pular o muro e ir embora… [risos]”.
Um confinamento de três meses, portanto, não parece nada atrativo para o cantor, especialmente com a nova rotina após o estouro da canção. “Aumentamos a lojinha”, brinca o artista, que teve como uma das primeiras profissões a de vendedor. “Quando você fica maior, as coisas crescem também. Tenho mais pessoas trabalhando comigo agora”.
Com o novo status, surgem novos desafios. Nos palcos, o artista também pretende crescer. “Estou começando a tocar com banda. Uma coisa mais Planet Hemp, DJ e banda, sabe?”, detalha.
Toda essa mudança, é claro, deve refletir nos próximos sucessos do carioca —que faz segredo em relação aos lançamentos que vem por aí. Exceto pela parceria com Vulgo FK, paulistano dono dos hits Oi, Como Cê Tá? e Pandora, virais no TikTok. “Estou tentando criar coisas novas. Acho que fiquei muito preso às minhas referências antigas. Agora, estou tentando fazer uma metamorfose com outras coisas, batidas novas”, explica.
Na conta, entram ritmos diferentes do rap, gênero no qual atua há quase 10 anos —Xamã participou dos coletivos 1kilo e Cartel MCs. Em 2020, ele se consolidou com a carreira solo e coleciona três discos de estúdio. O mais recente, Zodíaco, dialoga com a astrologia.
Um novo disco está a caminho. “Já ouço bastante rap no trabalho. Você vai me ouvir, é rap. Vou em uma festa, é rap. Então, estou tentando trazer coisas de fora para casa”. Nomes como Frank Sinatra, os Beatles, B.B. King são alguns dos soletrados pelo artista. “Ouvindo coisa antiga para pegar sample”, revela.
Quando o assunto é compor novos hits, aliás, o histórico “marvete” também ajuda. Segundo o artista, a paixão por gibis, desde pequeno, é uma referência ao compor novos cenários nas criações que são, pra ele, sempre “muito relax”.
“Se eu escrevo uma música e a pessoa canta aquele verso, ela vai imaginar [uma imagem] na hora. Então, ela cria o próprio roteiro dela”. Para ele, o ato de compor se assemelha ao das HQs. “Só é um formato diferente de leitura”, explica. “Sou criança dos anos 1990. Nasci em 1989. Então, eu era muito viciado nos quadrinhos da Marvel, da DC. Aquele formato, a explosão de cores, profundidade. Você vê a imagem e sabe o que está acontecendo”, cita o “geek” Xamã. “A forma como eu escrevo é cinema, gibi e rap”, pontua.
Hoje, com 32 anos, Xamã, nome artístico de Geizon Fernandes, celebra os caminhos abertos pelo hit viral e a guinada do funk e do rap na música popular brasileira. “São as músicas da máxima dessa sigla”. Para ele, os gêneros palpitantes são capazes de interagir com o jovem das ruas “de qualquer lugar”, assim como Malvadão.
Nicolle Cabral
Antes de ser repórter da Tangerina, Nicolle Cabral passou por Rolling Stone, Revista Noize e Monkeybuzz. Nas horas vagas, banca a masterchef para os amigos, testa maquiagens e cantarola hits do TikTok.
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