NO PALCO

Tiago Barbosa como Philippe e Luís 14 em fotos de Iron - O Homem da Máscara de Ferro

Divulgação/Renan Vitorino

TIAGO BARBOSA

Após Wicked, ator encara máscara angustiante e papel duplo em musical

Tiago Barbosa levou uma vida bem leve como o Fiyero de Wicked, mas agora encara obstáculos até para sua voz em Iron - O Homem da Máscara de Ferro

Luciano Guaraldo

No fenômeno Wicked, que encerrou sua temporada em julho, Tiago Barbosa deu vida a Fiyero, um príncipe sem muitas preocupações e que prefere dançar em vez de focar nos percalços do caminho. Agora, o ator de 38 anos não pode mais fugir dos problemas com coreografias: no musical Iron – O Homem da Máscara de Ferro, ele precisa se dividir entre o rei Luís 14 e seu irmão bastardo, Phillipe, além de cantar com uma máscara que o sufoca.

“É uma experiência muito louca, né? Porque essa máscara não foi feita, não foi adaptada para que ninguém cantasse com ela. Ela não foi feita para que houvesse uma pessoa cantando com a máscara”, admite Barbosa em conversa com a Tangerina. “Então, o que eu estou fazendo é ajustar essa máscara com todo um trabalho fonoaudiólogo, de foniatria, para poder intensificar a questão da articulação, do músculo da língua. Tem todo um trabalho junto com a fonoaudióloga para que eu não me lesione cantando com a máscara.”

“É lógico que tivemos todo um carinho em abrir um espaço para que eu possa me ouvir, ouvir um pouco do retorno de voz, para entender o que está acontecendo ali, porque é tudo muito diferente. Eu nunca cantei com algo que pudesse me imobilizar, né? É um grande desafio”, continua o ator. “Eu normalmente comento que é como um jogador de futebol tentar fazer o seu desempenho com uma bola de ferro no pé, né? Então tem todo um trabalho de adaptação em cima, para que possa ser emitido o som, articular e passar a comunicação da melhor forma possível.”

Como o nome indica, Iron – O Homem da Máscara de Ferro conta uma história muito popular na França, que chegou à literatura pelas mãos de Alexandre Dumas (1802-1870) no livro Os Três Mosqueteiros e ganhou força no cinema após uma adaptação hollywoodiana de 1998 que trazia Leonardo DiCaprio (no embalo do sucesso de Titanic) na pele do rei soberbo e de seu irmão rejeitado.

Além da máscara, Tiago Barbosa encara outros obstáculos a cada sessão de Iron. Na primeira aparição de Phillipe, o personagem está em uma masmorra e é levado até o público dentro de uma caixa sinistra. Ele é erguido de sua “prisão” enquanto canta seu primeiro número, em um dos momentos mais emocionantes do espetáculo.

“Acho que as pessoas, quando veem aquilo ali, não sei se elas entendem o grau de dificuldade que é estar com uma algema. Porque é uma algema de verdade, né? Aquilo ali é ferro, com uma máscara, e dentro de uma caixa, né? Estamos tentando fazer tudo de uma maneira muito meticulosa, sabe? E eu sou muito técnico. Eu quero chegar cedo [no teatro]. Eu quero passar as cenas, eu quero entrar na caixa. Tento tomar muito cuidado para ver se não tem nada que possa machucar os meus pés, porque eu já tive um acidente lá dentro.”

E os problemas não param por aí! “A minha visão também é muito parcial com a máscara. E, na caixa, só tem espaço para eu ficar em pé ou sentado, não dá para fazer nada mais do que isso. Então, a primeira parte da música eu tento fazer de joelhos, com uma boa postura, para que eu possa respirar o máximo possível, né?”, confidencia Barbosa.

Mas tudo isso, assegura ele, vale a pena quando é recompensado com a possibilidade de apresentar sua arte para o público. “Uma vez, ouvi de um diretor espanhol chamado Victor Conde: ‘Tiago, não tenha medo de se sujar’. A primeira parte da música é cantada de maneira suja, eu tenho que semitonar, porque sai da nota para um choro. Ela tem que ser como um grito de desespero! O Victor me disse: ‘Você não pensa na nota, você pensa em pedir socorro’. E é isso que a gente quer. Eu canto com uma respiração ofegante, tento me hidratar com soro direto no nariz mesmo, para deixar a fossa nasal umidificada. É um exercício completamente diferente também para a voz, para não machucar o meu aparelho.”

Iron – O Homem da Máscara de Ferro fica em cartaz no 033 Rooftop (em cima do Teatro Santander, ao lado do Shopping JK Iguatemi) até este domingo (8). As sessões ocorrem às sextas, 20h30; e aos sábados e domingos, 16h30 e 20h30. Os ingressos estão à venda pela plataforma Sympla e na bilheteria, e custam entre R$ 20 e R$ 250.

Com o fim da temporada, Tiago Barbosa não terá muito tempo de descanso: no próximo dia 31, ele estreia a peça The Boys in the Band – Os Garotos da Banda, espetáculo encenado pela última vez em 1970 e que marcou época entre a comunidade LGBTQIA+. Um de seus colegas de elenco será Caio Paduan, com quem já contracena em Iron.

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QUEM FEZ

Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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