NO PALCO

André Luiz Odin como Eddie em Funny Girl

Divulgação/Caio Gallucci

ANDRÉ LUIZ ODIN

Em Funny Girl, ator sai do coro e se prova com papel indicado ao Tony

Depois de Chicago, A Pequena Sereia e Anastasia, André Luiz Odin tem o papel de sua carreira no musical que 'quebrou' a Broadway no último ano

Luciano Guaraldo

Em 18 anos de carreira, André Luiz Odin acumulou uma série de trabalhos no coro e como substituto dos atores principais. Ele esteve em espetáculos como O Musical Mamonas (2016), Billy Elliot (2019), Chicago (2022), A Pequena Sereia (2022) e Anastasia (2023) –no qual era o cover oficial de Tiago Abravanel. Agora, o ator tem a chance de brilhar por conta própria e com um personagem de destaque: o dançarino Eddie Ryan, melhor amigo de Fanny Brice (Giulia Nadruz/Vânia Canto) no musical Funny Girl.

Considerado um dos grandes clássicos da Broadway, o espetáculo foi encenado pela primeira vez em 1964, com Barbra Streisand no papel principal e Danny Meehan (1933-1978) como Eddie. A performance da artista marcou tanto que ninguém se arriscou a montar Funny Girl novamente, até que no ano passado a atriz Beanie Feldstein topou o desafio. Sua atuação foi tão criticada que ela acabou deixando o elenco e sendo substituída por Lea Michele, a Rachel da série Glee (2009-2015).

Sucesso de público, a montagem não caiu nas graças da crítica e acabou recebendo uma única indicação ao Tony do ano passado: de melhor ator coadjuvante para Jared Grimes, justamente o intérprete de Eddie Ryan. Poderia ser um peso extra para Odin fazer jus ao colega norte-americano, mas ele preferiu não se deixar levar por isso. “Tentei não pensar em nada, não quis ver outros Eddies, para não ter nenhuma referência e poder fazer o meu. Construir o Eddie brasileiro (risos). Eu não tive referência nenhuma, tentei não entrar nesse lugar da importância do personagem, senão ia surtar. Mas deu muito certo. Só depois, com a peça pronta, eu vi um vídeo da Broadway. E é totalmente diferente!”, ressalta o ator à Tangerina.

“Eu sou muito inseguro (risos). Por conta da profissão, a gente tem que se provar o tempo inteiro, é um teste todos os dias, e você tem que mostrar o seu trabalho em um minuto. Isso se reflete na nossa vida, por mais que eu tenha essa trajetória na dança e no teatro, a insegurança não sai de mim. Mas é gostoso ter isso, me traz para um lugar de zerar a energia, até pra estar disponível para o coreógrafo e para diretor. Não chegar dizendo: ‘Ai, já sei fazer’. Quero estar aberto para o outro e até agregar na minha vida”, admite Odin. “Claro que tem um momento em que penso: ‘Eu sou uma fraude’ (risos). Mas, com o processo, com os ensaios, você entende o que o coreógrafo e o diretor querem, e aquilo acaba se tornando mais tranquilo, mais fácil.”

Quando fala em sua trajetória na dança e no teatro, André Luiz Odin não está brincando. “Comecei a fazer sapateado com nove anos, depois jazz. Aos 13 entrei no balé contemporâneo, mas o sapateado acabou ficando lá pra trás. Com 18, vim pra São Paulo e recomecei, mas não com a intensidade do passado. Existe uma insegurança do sapateado, na minha cabeça, de que eu estudei pouco em comparação com outros estilos. Mas tenho que acreditar em mim, os produtores viram alguma coisa em mim!”, diz ele, que exibe seu talento em um número no qual fica sozinho no palco e começa a dançar.

Funny Girl fica em cartaz até amanhã (8) no Teatro Porto (Al. Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, São Paulo). Há mais quatro sessões: sábado (7), às 16h30 e 20h; e domingo (8), às 15h30 e 19h. Os ingressos custam a partir de R$ 25 e estão à venda na plataforma Sympla. A partir do dia 28, o musical terá uma temporada carioca no Teatro Casa Grande (Av. Afrânio de Melo Franco, 290 – Shopping Leblon, Rio de Janeiro).

Agora que teve o gostinho de ter um personagem para chamar de seu, Odin sonha com mais oportunidades de destaque. Mas tem a humildade de saber que, se seu próximo papel for no coro ou como substituto, tudo bem. “Eu sou uma pessoa muito paz e amor, não tenho essa questão de ‘preciso fazer’. As coisas acontecem quando têm que acontecer, cada um tem seu mérito, e todos são incríveis. Existe uma rotatividade para os covers e os swings entrarem pelo menos uma vez pra fazer. Existe um gasto para a gente ensaiar, nada mais justo do que a gente poder fazer pelo menos uma vez. É importante pra viver isso. Nunca torci pra ninguém se machucar (risos)”, brinca, bem-humorado.

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Luciano Guaraldo

Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.

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