Divulgação/Heloísa Bortz
Beto Sargentelli abre mão de vida pessoal para viver Tony no espetáculo atualmente em cartaz em São Paulo que virou filme no ano passado
Beto Sargentelli não tem dúvidas de que West Side Story, em cartaz em São Paulo, é o maior espetáculo de sua vida. Mas, como ensinou o Homem-Aranha, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. E, para dar vida a Tony, o ator de 30 anos teve de abrir mão de uma rotina comum a vários colegas de sua idade: sair à noite e beber álcool, por exemplo, nem pensar! “Eu brinco que é um sacerdócio”, entrega.
“Não dá para fazer muita coisa que não seja descansar, comer bem e dormir (risos). A voz precisa estar 100%, as emoções precisam de tempo para se recompor, porque West Side Story é uma tragédia muito densa e as canções são extremamente difíceis”, entrega ele em conversa exclusiva com a Tangerina.
West Side Story, que no Brasil ganhou o nome Amor, Sublime Amor em suas duas adaptações para o cinema, conta uma versão de Romeu e Julieta para a Nova York dos anos 1950. Tony, integrante de uma gangue de jovens brancos, se apaixona por Maria (Giulia Nadruz), irmã do líder do grupo rival, formado por jovens de Porto Rico.
Os duelos são apresentados como grandes números de dança que exigem muito do elenco, mas as músicas cobram ainda mais de seus intérpretes –Beto Sargentelli encara um icônico (e complicadíssimo) si bemol ao cantar Maria, um dos números mais famosos do espetáculo. A nota é tão difícil de alcançar que foi limada dos dois filmes para poupar os intérpretes. “Para mim, é a cereja do bolo”, valoriza o ator.
“Em todos os espetáculos que fiz, tive que abdicar de algumas coisas que poderiam me debilitar. Mas West Side Story exige que você seja um atleta do palco, com alta performance em todos os âmbitos, canto, dança, atuação… Então, eu fico de molho, faço inalação, tenho o acompanhamento de um otorrino especializado. Não bebo, não saio, é uma rotina sacerdotal mesmo!”
Giulia Nadruz e Beto Sargentelli vivem Maria e Tony em West Side Story
Divulgação/Heloísa Bortz
Mas tanto esforço vale a pena? Sargentelli diz que sim, e sem precisar de tempo para pensar. “West Side Story é um divisor de águas pra todos que passam pelo espetáculo. Foi um divisor de águas até para os criadores, mudou a carreira do Arthur Laurents [1917-2011], do Leonard Bernstein [1918-1990] e do Stephen Sondheim [1930-2021]. Eu tinha o sonho de fazer, esse objetivo graças a Deus agora alcançado, com muito afinco. É um marco na minha carreira!”
Giulia Nadruz, que vive Maria, ecoa o sentimento. “É a obra mais incrível do teatro musical que eu conheço: musicalmente, cenicamente, coreograficamente… Por esse motivo, tenho dado o meu melhor para fazer jus a ele. É uma honra e uma grande responsabilidade, e isso tem despertado em mim uma vontade imensa de querer dividir o amor que tenho por essa obra com meus parceiros de elenco e equipe e também com o público que assistir à nossa montagem”, conta ela à reportagem.
Para a plateia, aliás, é impossível ver West Side Story e não pensar no longa que chegou aos cinemas no fim do ano passado e rendeu um Oscar de atriz coadjuvante para Ariana DeBose. Mas não espere assistir a uma versão do trabalho feito por Ansel Elgort e Rachel Zegler nos palcos paulistanos. “Eu brinco que é preciso esquecer tudo o que você viu antes. Gosto de criar do zero, encontrar uma verdade diferente. Se for igual, qualquer um faz. O que eu posso agregar como ator, como criador, que seja genuíno e um ponto fora da curva?”, questiona Beto.
“Claro que eu vi o filme, mas me apeguei mais ao universo shakespeariano, o olhar do Romeu, me contextualizei por outro viés. Busco sempre humanizar e trazer pro mais próximo do que a gente vive no dia a dia. Ter essa responsabilidade de não ser uma cópia barata de alguém é muito legal”, ressalta o artista.
West Side Story fica em cartaz no Theatro São Pedro (R. Barra Funda, 171), em São Paulo, até 7 de agosto. O espetáculo tem sessões terças, quintas, sextas e sábados às 20h, e domingos às 17h. Os ingressos estão à venda na bilheteria digital do teatro!
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
Ver mais conteúdos de Luciano GuaraldoTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
Ainda não tem uma conta?