Foto: Divulgação / Arte: Tangerina
O filme dirigido por Lázaro Ramos, que estreia nesta quinta é mais um bom exemplo de como as distopias podem ser assustadoramente parecidas com o mundo atual
Uma pandemia que já vitimou mais de seis milhões de pessoas no mundo, seguida de uma guerra em pleno território europeu, refugiados tratados como lixo em diversas partes do globo, racismo institucional, governos que flertam com o rompimento da democracia, economia em colapso, crescimento da miséria, da fome… O noticiário nos últimos tempos tem sido preenchido por acontecimentos que parecem ter saído direto de distopias da ficção.
Em mais um exemplo de “arte que imita a vida”, o filme brasileiro Medida Provisória, que estreia nos cinemas nesta quinta (14), é o novo integrante de uma lista de produções sobre distopias com histórias assustadoramente parecidas com o que estamos vivendo na realidade hoje mesmo.
Estreia do ator Lázaro Ramos como diretor, o longa baseado na peça Namíbia, Não, de Aldri Anunciação, é ambientado em um Brasil de um futuro bem próximo, em que o governo aprova uma lei que obriga pessoas negras a voltarem para a África, com a desculpa de ser um tipo de “reparação” pela escravidão.
Como nas boas distopias, que refletem verdades inconvenientes de nossa sociedade, o filme –que tem em seu elenco Taís Araújo, Seu Jorge, Alfred Enoch, o próprio Aldri Anunciação, Emicida, entre outros– incomodou muita gente no governo Bolsonaro e seus apoiadores que, como o esperado, classificaram Medida Provisória como “mimizento”. Nas palavras de Mario Frias e Sérgio Camargo, ex-secretário especial da Cultura e ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, respectivamente.
Distopias estão aí para incomodar mesmo. E elas podem ser mais realistas do que imaginamos. Quer ver? Então se liga aqui nessa lista:
Pandemia mortal causa paranoia generalizada na população
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Por conta de uma pandemia devastadora, pessoas vivem isoladas em suas casas e com medo de qualquer contato com outros seres humanos.
Sinopse: Uma desconhecida e mortal doença atingiu os Estados Unidos, fazendo milhões de vítimas. Nesse ambiente hostil, Paul (Joel Edgerton) vive com sua mulher e o filho isolados em uma casa no meio do mato. Até que um invasor aparece. Paul domina o homem, que afirma ser apenas um pai de família desesperado. Ele acaba convencendo Paul a libertá-lo e dar refúgio a ele, sua mulher e filha. Mas, aos poucos, o clima de paranoia vai aumentando e Paul está disposto a fazer qualquer coisa para proteger sua família.
Onde ver: HBO Max / Apple TV e Google Play (para alugar)
Estado extremamente burocrático e repressor desumanizam o cidadão
Não, o filme não se passa no Brasil. O nome faz alusão à música Aquarela do Brasil, que o protagonista escuta quando sonha acordado com um mundo livre da opressão. Mas bem que a sociedade atolada na burocracia e repressão de um governo despótico não está muito longe de nossa realidade hoje.
Sinopse: Sam Lowry (Jonathan Pryce) é um simples burocrata que trabalha em uma sociedade controlada pela mão de ferro do Estado. Até que ele se apaixona por uma misteriosa rebelde e acaba, mesmo que sem querer, sendo perseguido como terrorista.
Onde ver: Belas Artes À La Carte
Aquecimento global faz aumentar ainda mais o abismo social
O aquecimento global traz mudanças radicais ao clima da Terra, separando ainda mais a população em um mínima elite de privilegiados e uma grande maioria de miseráveis. De que ano estamos falando?
Sinopse: Por conta de uma mudança climática radical que congelou boa parte do planeta, em 2031, as pessoas são forçadas a viver dentro de um trem em constante movimento por anos. Cansados e com fome, os passageiros das classes baixas, situadas na parte de trás do trem, se revoltam e rumam para os primeiros vagões para reivindicar seus direitos ao grupo da elite.
Onde ver: Globoplay, Looke, NetMovies, Now e Pluto TV
Tragédia sanitária ajuda a aumentar ainda mais a crise de refugiados
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Em um mundo assolado pela miséria e caos depois que os seres humanos perderam a capacidade de procriar, governos autoritários tratam imigrantes como animais.
Sinopse: Por um motivo ainda desconhecido, em 2009, as mulheres perdem a capacidade de engravidar. Em 2027, em meio à comoção pela morte do argentino Diego, mais conhecido como Bebê Diego (o ser humano mais jovem da Terra), o jornalista Theodore Faron (Clive Owen) é procurado por sua ex-mulher, a ativista Julian (Julianne Moore), que pede ajuda a ele para transportar uma jovem grávida para um local seguro, onde cientistas possam ajudá-la e desenvolver uma cura para o mal que pode extinguir a humanidade.
Onde ver: Apple TV, Claro Vídeo e Google Play (para alugar)
Avanços genéticos levantam questões éticas sobre a cura de doenças
Clones servem apenas para ser doadores de órgãos para seus originais.
Sinopse: Amigos desde a infância, Ruth (Keira Knightley), Tommy (Andrew Garfield) e Kathy (Carey Mulligan) cresceram juntos em um internato com quase nenhum contato com o mundo exterior. Lá, eles seguem uma disciplina rígida de alimentação e manutenção da saúde. Com o passar dos anos, o clima de romance entre Ruth e Tommy se intensifica, para a decepção de Kathy, que também é apaixonada por ele. Até que a dinâmica dos três é interrompida quando Ruth e Tommy são designados para doar alguns de seus órgãos.
Onde ver: Star+
Desigualdade social força a maioria pobre a encarar a escassez de alimentos
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O título original deste filme de 1973 é Soylent Green, mas, curiosamente, foi rebatizado no Brasil de No Mundo de 2020. Um daqueles casos de previsão do futuro estilo Os Simpsons.
Sinopse: Em uma Nova York superlotada com 40 milhões de habitantes, a maioria das pessoas vive abaixo da linha da pobreza. Com a água e comida escassas, apenas uma pequena elite pode se dar o luxo de tomar banho e se alimentar com comida de verdade. O resto da população tem de se contentar em sobreviver à base de uma ração chamada Soylent. É nessa realidade que o detetive Robert Thorn (Charlton Heston) investiga um misterioso caso de assassinato de um mulher da alta sociedade.
Onde ver: Apple TV (para alugar)
Quando os reality shows substituem a dura realidade
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Num futuro muito próximo (ou seria o presente?), as pessoas estão muito mais preocupadas com um reality show do que com suas próprias vidas.
Sinopse: Sem saber que nasceu e cresceu dentro de um reality show televisionado para o mundo todo, Truman Burbank (Jim Carrey) passa a desconfiar que algo muito estranho está acontecendo à sua volta.
Onde ver: Amazon Prime Video, HBO Max, Globoplay e Telecine Play / Apple TV, Google Play, Claro Vídeo e Microsoft Store (para alugar)
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Rafael Argemon
Rafael Argemon é criador do perfil O Cara da Locadora no Instagram e também assina uma coluna com o mesmo nome na Tangerina, onde indica as pérolas escondidas nas plataformas de streaming. Cinéfilo e maratonador de séries profissional, passou por Estadão, R7, UOL, Time Out e Huffpost. Apaixonado por pugs, sagu e jogos do Mario.
Ver mais conteúdos de Rafael ArgemonTangerina é um lugar aberto para troca de ideias. Por isso, pra gente é super importante que os comentários sejam respeitosos. Comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, com palavrões, que incitam a violência, discurso de ódio ou contenham links vão ser deletados.
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