William bateu no irmão? 7 revelações do novo livro do príncipe Harry

O príncipe Harry não se segurou na hora de escrever seu livro de memórias, Príncipe Harry – O que Sobra. Lançada na última terça-feira (10), a obra oferece uma visão sincera sobre a vida do duque de Sussex sob os holofotes reais e a imprensa britânica.

Além de discutir a morte de sua mãe, a princesa Diana (1961-1997), e como isso o afetou enquanto crescia, ele também detalha seu relacionamento tenso com vários membros da família real, principalmente com o seu irmão, o príncipe William.

Para a revista People, quando questionado sobre o que ele espera que sua família tire de suas memórias, Harry disse: “Não quero dizer a ninguém o que pensar disso, e isso inclui minha família. Este livro e suas verdades são, em muitos aspectos, uma continuação da minha jornada de saúde mental. É um relato cru da minha vida –o bom, o ruim e tudo que há no meio”.

Confira as principais revelações de O que Sobra abaixo:

Harry se refere ao irmão como seu ‘arqui-inimigo’

Depois que Harry e Meghan deixaram seus cargos como membros seniores da família real em 2020 e se mudaram para os Estados Unidos, o duque de Sussex só se reuniu com sua família novamente um ano depois, no funeral de seu avô, o príncipe Philip (1921-2021). Harry começa o livro contando que, na ocasião, o rei Charles –na época príncipe– e o príncipe William “vieram prontos para uma luta”. 

“Toda vez que eu arriscava uma explicação, iniciava uma nova linha de pensamento, um ou ambos me cortavam”, escreveu ele. “Willy em particular não queria ouvir nada. Depois de me silenciar várias vezes, começamos a nos criticar, dizendo algumas das mesmas coisas que dissemos por meses –anos. Ficou tão feio que papai levantou as mãos. ‘Basta!’”

“Ele ficou entre nós, encarando nossos rostos corados. ‘Por favor, rapazes –não façam meus últimos anos serem miseráveis.'” 

Harry se lembra de William, a quem ele se refere como “meu irmão amado, meu arqui-inimigo”, e de seu pai dizendo que eles “honestamente” não entendiam por que ele havia ido embora.

“Se eles não sabiam por que eu saí, talvez eles simplesmente não me conhecessem. De jeito nenhum. E talvez nunca tenham realmente conhecido… Como posso dizer a eles? Não posso. Levaria muito tempo. Além disso, eles claramente não estão no estado de espírito certo para ouvir. Não agora, pelo menos. Não hoje. E então: Pai? Willy? Mundo? Aqui está.”

Mais no final do livro, a história dá a volta completa e retorna àquela reunião de família após o funeral de Philip. William gritou para Harry dizendo “que se as coisas estivessem tão ruins quanto eu imaginei, então era minha culpa por nunca pedir ajuda. Se estivéssemos sendo atacados por um urso e ele visse, ele esperaria que pedíssemos ajuda?”.

Harry passou pelo túnel onde sua mãe morreu –na mesma velocidade  

Durante uma passagem do livro, Harry relata o momento emocionante em que passou pelo mesmo túnel de Paris onde sua mãe havia morrido em 1997, pedindo propositalmente ao motorista para dirigir na mesma velocidade que ela estava quando o carro dela e do namorado Dodi Al-Fayed (1955-1997), bateu.

“Foi uma péssima ideia”, conta ele no livro. “Eu tive muitas ideias ruins com 23 anos, mas esta foi excepcionalmente mal concebida. Eu disse a mim mesmo que queria um encerramento, mas na verdade não queria. No fundo, eu esperava sentir naquele túnel o que senti quando JLP [Jamie Lowther-Pinkerton, ex-secretário pessoal de William] me deu os arquivos da polícia –descrença. Dúvida. Em vez disso, aquela foi a noite em que todas as dúvidas desapareceram.” 

No dia seguinte, Harry ligou para William para compartilhar sua experiência. Ele revelou que havia feito a mesma viagem. Os dois compartilharam suas opiniões sobre as injustiças daquela noite –por que aqueles paparazzi não estavam na prisão? Harry e William planejavam emitir uma declaração conjunta, talvez realizar uma coletiva de imprensa e pedir que a investigação da morte de Diana fosse reaberta. Mas “fomos dissuadidos por forças maiores”, escreve ele.

Quando a notícia da morte de Diana veio à tona, Harry e outros membros da família real estavam em Balmoral, na Escócia –a mesma residência real onde a rainha Elizabeth 2ª (1926-2022) daria seu último suspiro 25 anos depois.

Harry lembra que seu pai o acordou no meio da noite, vestindo um roupão branco, para compartilhar a notícia que mudaria sua vida para sempre. “Querido menino, mamãe sofreu um acidente de carro”, disse Charles ao filho, que tinha 12 anos na época. 

“Lembro-me de esperar pacientemente que papai confirmasse que mamãe estava bem. E lembro que ele não fez isso”, escreveu. Harry insistiu que ela seria tratada no hospital e se reuniria com sua família em breve.

“Eles tentaram, querido menino. Receio que ela não tenha sobrevivido”, disse o pai. Charles não abraçou Harry e “não era bom em demonstrar emoções em circunstâncias normais”, mas tentou tranquilizar seu filho dizendo que “tudo ficaria bem”.

Harry e William pediram que Charles não se casasse com Camila 

Harry também conta que ele e seu irmão inicialmente resistiram à ideia de o pai se casar com Camilla Parker-Bowles, após o divórcio e a morte de sua mãe em 1997. 

Os temores iniciais de Harry eram de que Camila pudesse ser “cruel comigo, como todas as madrastas malvadas das histórias”. Esses temores foram amenizados por encontros privados com ela. Mas, mesmo assim, ele e William ainda se opunham a Charles andando pelo corredor com “a outra mulher”. 

“Você não precisa se casar novamente, nós imploramos”, escreve ele. “Um casamento causaria polêmica… Nós o apoiamos, dissemos. Apoiamos Camilla. Só, por favor, não se case com ela. Apenas fiquem juntos, pai.”

O casal acabou se casando em 2005; Camilla recebeu o título de duquesa da Cornualha após o casamento e virou rainha consorte desde a morte de Elizabeth, em setembro.

Harry sentiu que perdeu seu irmão para sempre após o casamento

“O irmão com quem eu andei até a abadia de Westminster naquela manhã se foi –para sempre”, escreve o príncipe Harry. “Quem poderia negar? Ele nunca mais seria, antes de tudo, Willy. Nunca mais cavalgaríamos juntos pelo campo de Lesoto com capas esvoaçantes atrás de nós. Nunca mais dividiríamos uma cabana com cheiro de cavalo enquanto aprendíamos a voar. Quem nos separará? A vida, é quem.”

E ele acrescenta: “E eu me lembro de Willy caminhando com ela [Kate Middleton] pelo corredor e, quando eles desapareceram pela porta, na carruagem que os levaria ao palácio de Buckingham, para a parceria eterna que haviam jurado, lembro-me de pensar: ‘Adeus'”.

William e Kate assistiam Suits

Alguns meses após o primeiro encontro de Harry e Meghan, William e Kate notaram uma mudança em Harry e o convidaram para jantar para investigar a causa. Harry se abriu cautelosamente e pediu ao casal para manterem segredo: ele estava namorando uma atriz norte-americana de uma “série chamada Suits [2011-2019]”. 

“Eles ficaram boquiabertos”, conta Harry. “Willy e Kate explicaram que eram um público regular –ou melhor, religioso– de Suits. ‘Ótimo’, pensei, rindo. Tenho me preocupado com a coisa errada. Todo esse tempo pensei que Willy e Kate não receberiam Meg na família, mas agora tinha que me preocupar com a possibilidade de eles a perseguirem pedindo um autógrafo.”

Meghan X Kate

Quem se lembra de toda a polêmica em volta da imprensa britânica alegando que Meghan Markle havia feito Kate Middleton chorar? Harry fala sobre isso em seu livro. E não foi bem assim que as coisas aconteceram. 

De acordo com o livro, o confronto entre as futuras cunhadas começou quando Meghan alegou que Kate estaria com “cérebro de grávida” por ter se esquecido de algo importante. A então duquesa de Cambridge, na época grávida de seu terceiro filho, teria ficado ofendida e chamado a atenção da atriz sobre “não ser assim que fazemos na família real”. No entanto, o confronto que realmente levou alguém às lágrimas foi relacionado aos vestidos do casamento de Meghan e Harry. 

Enquanto Meghan estava lidando com as consequências de seu pai trabalhar com tabloides e as notícias de que ele tinha sofrido um ataque cardíaco que o faria perder o casamento, Kate enviou uma mensagem sobre um problema com os vestidos das damas de honra. “O vestido de Charlotte é muito grande, muito longo, muito folgado”, disse Kate a Meghan. “Ela chorou quando experimentou em casa.”

A duquesa de Sussex respondeu dizendo que o alfaiate estava pronto para fazer as alterações, mas Kate insistiu que todos os vestidos precisavam ser refeitos, escreveu Harry. Mais tarde naquele dia, ele encontrou Meghan soluçando no chão e disse a ela que não achava que Kate pretendia “fazer mal”. “Na verdade, na manhã seguinte, Kate apareceu com flores e um cartão dizendo que ela sentia muito”, acrescenta Harry. “Um simples mal-entendido, eu disse a mim mesmo.”

No entanto, um tabloide afirmou que foi Meghan quem fez Kate chorar por causa dos vestidos. A futura rainha mais tarde reconheceu em particular que sabia que ela é quem tinha levado Meghan às lágrimas. Harry também condena uma história que afirmava que ele teve um ataque e proclamou “O que Meghan quer, Meghan consegue!” depois que Meghan exigiu usar uma das tiaras de Diana.

William atacou Harry fisicamente por causa de Meghan

William convocou uma reunião com Harry depois que a carta de Meghan para seu pai vazou para a imprensa. “Meg é difícil”, disse William ao irmão, logo de cara. “Ela é rude. Ela é abrasiva. Ela alienou metade da equipe.”

Harry diz que “esperava mais do meu irmão mais velho” e que ficou “chocado ao ver que isso realmente o irritou. Ele queria que eu concordasse que Meg estava errada e então concordasse em fazer algo a respeito”.

Ele acrescenta: “Ele estava no modo herdeiro completo e não conseguia entender por que eu não estava cumprindo o papel de reserva”. Harry se lembra de seu irmão ficando cada vez mais zangado, ao ponto de Harry “sentir um pouco de medo”. William estava xingando-o, afirma, antes que ele “viesse até mim”.

“Ele me agarrou pela gola da camisa, rasgou-a e me jogou no chão. Caí na tigela dos cachorros, que rachou sob minhas costas, os pedaços me cortando. Fiquei ali por um momento, atordoado, então levantei-me e lhe pedi para sair.”

William disse ao irmão para lhe bater, mas Harry reiterou seu desejo de que seu irmão fosse embora. William saiu da cozinha e voltou dois minutos depois para se desculpar, disse ele.

“Você não precisa contar a Meg sobre isso”, William disse a ele. “Que você me atacou?” Harry respondeu. “Eu não ataquei você, Harold”, disse o herdeiro.

Harry prometeu não contar a Meghan, embora tenha ligado para seu terapeuta. Dias depois, quando Meghan voltou de uma viagem, ela perguntou sobre os arranhões e hematomas nas costas dele, e o príncipe decidiu contar. “Ela não ficou tão surpresa nem um pouco brava”, escreve Harry. “Ela estava terrivelmente triste.” 

Harry reiterou durante todas as entrevistas que concedeu na divulgação do livro que não tem a intenção de atacar nenhum membro da família real com essas memórias. “Eu amo meu pai, eu amo meu irmão e eu amo minha família”, disse o duque de Sussex em sua entrevista à rede britânica ITV. O intuito do livro sempre foi compartilhar sua visão de uma história que já foi bastante deturpada e contada de maneira errada pela imprensa britânica.