Divulgação/Peacock
O anúncio de que uma obra literária ganhará uma adaptação costuma gerar expectativas que, muitas vezes, não são atendidas
Com certeza você já assistiu ou ouviu falar de adaptações fracassadas de livros para o cinema. Sabe aquele filme tão infiel ao material original que te deixa pensando se realmente era uma adaptação ou se o diretor simplesmente pegou os nomes dos personagens e os inseriu em uma história completamente nova?
Isso frustra fãs literários ao redor do mundo há anos, e não dá sinal de que vai acabar tão cedo. Alguns autores não são tão cautelosos quanto Neil Gaiman –que levou anos para deixar que Sandman fosse adaptado– e acabam vendo seus personagens ganhando vida em uma série ou um filme fuleiro que ninguém quer ver. Mas nem tudo está perdido! Uma adaptação fracassada não é o fim de uma saga; tudo pode ser consertado, e é isso que as produtoras e streamings fizeram com os sete livros abaixo.
Um romance envolvendo triângulo amoroso e elementos fantásticos não tinha como não ser um sucesso em 2009, quando foi publicado. A saga virou febre entre os adolescentes ao redor do mundo e tornou-se best-seller. A versão para o cinema, no entanto, deixou a desejar em vários sentidos. Até os fãs dos livros concordam que a adaptação de 2016 foi uma confusão e um desastre total.
A ambientação não é das melhores e o roteiro não ajuda em nada na química entre os atores. É o tipo de filme em que nada acontece na maior parte do tempo e, quando acontece, não faz sentido. Mas nem tudo está perdido. O anúncio da segunda chance de adaptação veio algumas semanas atrás, com uma série produzida pelo Globoplay.
Tem o potencial de funcionar muito bem! Fallen é uma história interessante, com muitas coisas para explorar. Seria legal ver a história nesse formato, porque é possível expandir o universo criado por Lauren Kate, que claramente não foi bem executado anteriormente.
Apesar de todas as críticas, Academia de Vampiros – O Beijo das Sombras (2014) é um filme decente. Você, cinéfilo e fã do livro pode não concordar comigo, mas se você era um adolescente na época em que o filme saiu, com certeza se divertiu tanto quanto eu assistindo!
Sim, o filme protagonizado por Zoey Deutch e Lucy Fry não foi um grande sucesso e muita gente até prefere esquecer que ele existiu, o longa arrecadou apenas US$ 15 milhões (R$ 77 milhões) na bilheteria mundial, aniquilando as chances de futuras sequências. Por isso a segunda adaptação tem tanto potencial.
Vampire Academy chegou ao serviço de streaming norte-americano Peacock na última quinta-feira (15) e já recebeu o selinho de aprovação dos fãs por entregar uma história muito mais fiel ao material original escrito por Richelle Mead. A série conta com roteiros de Julie Plec (The Vampire Diaries) e Marguerite MacIntyre (The Originals), duas veteranas neste gênero vampiresco. Infelizmente, ainda não tem previsão de estreia no Brasil.
É quase um consenso que as adaptações para o cinema de Percy Jackson foram uma vergonha. Colocar Chris Columbus (Harry Potter e a Pedra Filosofal) no comando do filme de estreia foi muita apelação para criar um novo Harry Potter, e o resultado disso foi um filme fraco, que estava longe de ser minimamente fiel à sua obra de origem.
Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010) já começava errado com um elenco que tinha o dobro da idade dos personagens do livro. Isso sem contar aqueles que ficaram de fora ou simplesmente mudaram de personalidade. A continuação, Percy Jackson e o Mar de Monstros (2013), foi claramente uma tentativa de se redimir com os fãs. O longa passou a incluir personagens que estavam faltando no filme de estreia, como Clarisse La Rue (Leven Rambin), e chegaram até a pintar o cabelo de Alexandra Daddario, intérprete de Annabeth Chase, que era descrita como loira na série de livros de Rick Riordan.
Nada disso compensou o final absurdo do filme, em que o vilão Luke Castellan (Jake Abel) desperta Cronos no meio de um parque de diversões abandonado. A luta contra o titã só aconteceu muito mais tarde na série literária e a cena do longa serviu apenas para mostrar o claro desespero do diretor em apressar os acontecimentos do livro.
Depois deste fracasso épico, a franquia de filmes Percy Jackson foi esquecida, mas nem tudo está perdido para os semideuses. O Disney+ agora é o responsável pela nova adaptação da história do filho de Poseidon e conta com o próprio autor da obra no roteiro e na produção, além de um elenco na faixa etária correta dos personagens. As gravações já começaram e a previsão de estreia é para 2024.
Os Instrumentos Mortais, série de livros escrita por Cassandra Clare, ganhou sua primeira adaptação em 2013 com o filme Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos. O longa era protagonizado por Lily Collins (Emily em Paris) e Jamie Campbell Bower (o Vecna de Stranger Things).
Por mais que não tenha sido um fracasso absoluto entre os fãs, os filmes acabaram não indo para a frente, e uma continuação sequer chegou a ser considerada. Então, em 2016, o canal norte-americano Freeform lançou a série Shadowhunters (2016-2019). A segunda adaptação da obra foi bem-sucedida e chegou a ser uma das séries mais assistidas da Netflix.
Mas isso não foi o suficiente. A série não é completamente odiada, porque muitos gostam, principalmente aqueles que não tiveram tanto contato com os livros. Eles inclusive fizeram muito barulho quando a Netflix anunciou o cancelamento. Quem não gostou muito da série foram os fãs da obra original –e a própria autora.
Não é segredo que o filme de 2013 é a adaptação favorita de Cassandra Clare, e que Jamie Campbell Bower era o Jace perfeito. A autora nunca escondeu seu desagrado com a série, principalmente na escalação de Dominic Sherwood (Hierarquia) como Jace Herondale. Os fãs também não ficaram contentes, mas encontraram pequenas coisas que os fizeram felizes.
Um dos únicos pontos positivos apontados foi a escolha dos atores Matthew Daddario (Alec Lightwood), Harry Shum Jr. (Magnus Bane) e Emeraude Toubia (Isabelle Lightwood) que interpretaram seus personagens com maestria e fidelidade. Agora resta saber se algum streaming tem coragem de tentar uma terceira vez.
Com potencial para se tornar uma nova franquia grandiosa como O Senhor dos Anéis e Harry Potter, Eragon foi um fracasso épico e mandou por água abaixo qualquer plano para outros filmes. A história criada por Christopher Paolini mostrava um garoto que descobria um ovo de dragão e era levado para uma aventura fantástica e perigosa.
A primeira tentativa de adaptação surgiu em 2006 e contou com a direção de Stefen Fangmeier (Mar em Fúria). O longa só conseguiu uma nota de 16% de aprovação no site Rotten Tomatoes e foi duramente criticado pelos seus personagens sem profundidade e pelo CGI de caráter duvidoso.
Agora, Eragon finalmente terá sua chance de redenção! Foi anunciado recentemente que o Disney+ está planejando uma série live-action inspirada na obra e que terá o próprio Christopher Paolini no roteiro. De acordo com a Variety, o plano é adaptar toda a franquia Ciclo da Herança, que começa com Eragon e segue com os livros Eldest, Brisingr e Herança.
O filme Duna (2021), com Timothée Chalamet e Zendaya, mal tinha chegado aos cinemas e já era um sucesso entre o público por conta de seu elenco repleto de estrelas. Mas muitos espectadores nem imaginam que ele foi a segunda tentativa de adaptação do romance de Frank Herbert, publicado em 1965.
Em 1984, David Lynch foi o responsável pela primeira adaptação de Duna. O cineasta conhecido por seus filmes surrealistas tinha tudo para criar um sucesso, mas não foi bem isso que aconteceu. O longa foi um fracasso de crítica e de bilheteria. A crítica especializada massacrou a obra, chamando-a de uma verdadeira bagunça e acusando-a de não ter nenhum respeito pela obra original.
Felizmente, Denis Villeneuve conseguiu contornar a situação e praticamente apagar da memória das pessoas essa primeira tentativa de adaptação. Certamente ninguém sentirá falta!
A Bússola de Ouro é o primeiro livro da aclamada trilogia de fantasia de Philip Pullman, que ganhou um filme em 2007 estrelado por Dakota Blue Richards, Nicole Kidman, Daniel Craig e Eva Green. Apesar de o longa adotar a escala épica que o livro pede, ele fracassou em algo básico: conteúdo.
A versão cinematográfica peca por tentar apagar o contexto crítico da obra de Pullman em prol de um filme “para família”, com belos recursos visuais. Os últimos capítulos do livro, os mais reveladores e pesados, são ignorados completamente. Resultado? Uma produção fraca, completamente esquecível e que jamais alcançaria o público-alvo.
Mas, em 2019, surgiu a série His Dark Materials. A produção, fruto de uma parceria entre a britânica BBC One e a norte-americana HBO, finalmente fez jus ao livro e entregou uma história sombria, justamente a atmosfera apresentada em sua obra de origem.
Beatriz Duranzi
Estudante de jornalismo na Anhembi Morumbi, Beatriz é estagiária na Tangerina. Apaixonada pelo mundo do entretenimento, ela é especialista em cuidar da vida alheia nas redes sociais.
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