Divulgação/Netflix
Com Charlize Theron e Kerry Washington como mentoras de jovens bruxos, superprodução tenta pegar carona no bruxinho
Mais de duas décadas depois do lançamento de Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001), grandes produtoras de cinema ainda tentam criar uma versão própria para as aventuras do jovem bruxo. Adaptações como As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005), Eragon (2006) e Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010) fracassaram, mas nem por isso Hollywood desistiu. Com A Escola do Bem e do Mal, que estreou nesta quarta-feira (19), a Netflix finalmente surfa nessa onda.
Vários elementos da saga criada por J. K. Rowling também aparecem na história baseada nos livros de Soman Chainani, a começar pelo cenário onde a ação se desenrola: uma escola de magia, onde adolescentes vão para aprender a desenvolver e controlar seus poderes. A grande diferença é que, enquanto os alunos de Hogwarts eram divididos em quatro casas, os estudantes da Escola do Bem e do Mal se separam em dois grupos: os heróis e os vilões. Espécies de Grifinória e Sonserina elevadas à enésima potência.
Assim como as casas de Hogwarts, cada grupo é coordenado por uma professora. Dovey (Kerry Washington) é a líder da Escola do Bem, enquanto Lady Lesso (Charlize Theron) é a reitora da Escola do Mal. As duas respondem ao diretor (Laurence Fishburne), um homem tão sábio e misterioso quanto Dumbledore –e com um passado cheio de segredos também.
Ainda há professores de personalidade e visual exóticos, com o gnomo Yuba (Peter Serafinowicz) e o assustador Bilious Manley (Mark Heap), incursões perigosas por uma floresta sombria e cheia de ameaças, criaturas mágicas que não são o que parecem, romances, amizades, traições e alunos dispostos a enfrentar tudo isso para que o bem vença.
O maior diferencial de A Escola do Bem e do Mal é o feminismo –algo curioso, já que o autor do livro é um homem. Se em Harry Potter a única mulher de destaque era Hermione Granger, aqui o protagonismo é dividido entre as amigas Agatha (Sofia Wylie) e Sophie (Sophia Anne Caruso). Inseparáveis desde a infância, elas são transportadas de seu vilarejo para a Escola do Bem e do Mal, onde acabam caindo (literalmente) em grupos opostos.
Agatha, que sempre foi chamada de bruxa, vai para a turma dos mocinhos, enquanto Sophie, que sonhava em ser princesa, é jogada entre os assustadores feiticeiros do mal. A segunda, que julga ser vítima de um grande engano, se desespera para provar que está do lado errado, enquanto a primeira só quer dar um jeito de sair da Escola do Bem e do Mal e voltar para casa.
O roteiro de David Magee e Paul Feig não é exatamente generoso com as personagens, mas Sofia Wylie e Sophia Anne Caruso conseguem fazer milagre com o material que lhes é dado. Sophia, mais acostumada aos palcos de teatro (ela viveu Lydia no musical de Beetlejuice na Broadway, por exemplo), se sai muito bem até nos momentos mais difíceis de Sophie. Já Sofia Wylie prova seu talento mais uma vez, depois de carregar basicamente sozinha a terceira temporada de High School Musical: A Série: O Musical.
Principais chamarizes para o público que superou a adolescência, Charlize Theron e Kerry Washington parecem se divertir muito com suas respectivas personagens, basicamente estereótipos do bem e do mal sem muitas camadas de cinza. E Tedros (Jamie Flatters), o príncipe que faz todas as garotas suspirarem, não tem muita chance de mostrar a que veio –afinal, em tempos de empoderamento feminino, as princesas podem ser as heroínas de suas próprias histórias e não mais as donzelas em perigo esperando para serem salvas.
Com seis livros já publicados, A Escola do Bem e do Mal tem potencial para se tornar uma franquia de muito sucesso entre o público adolescente da Netflix. Resta saber se a magia de Harry Potter vai se repetir neste filme, ou se a maldição de outras adaptações que tentaram pegar carona no sucesso do bruxinho vai prevalecer.
A Escola do Bem e do Mal já está disponível na Netflix. Confira o trailer da produção:
Trailer de A Escola do Bem e do Mal
Laurence Fishburne no filme sobre conto de fadas
Luciano Guaraldo
Editor-chefe da Tangerina. Antes, foi editor do Notícias da TV, onde atuou durante cinco anos. Também passou por Diário de São Paulo e Rede BOM DIA de jornais.
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